05/02/2006
- Caracas (Venezuela) – "A ausência
do Estado na maioria dos municípios
do Pará é um fato", avalia
Frei José Fernandes, da Comissão
Pastoral da Terra do estado. "Então
por que asfaltar se não temos infra-estrutura
básica, estrutura de saneamento ou
demarcação de terras? O que
tememos é o impacto da iniciativa privada,
na ausência do Estado".
Frei José refere-se
ao projeto do governo federal de asfaltar
estradas na região sul do Pará.
Segundo ele, sem a presença firme do
Estado na área, isso pode ser apenas
um incentivo à produção
de soja na nova fronteira agrícola
do país. "Precisamos de políticas
gerais para a Amazônia, de desenvolvimento
autônomo, e não só de
ações pontuais".
Um sinal de que a área
pode virar uma zona de desmatamento, segundo
ele, é que aumentou muito a grilagem
na região. "Os grandes agricultores
estão apenas esperando que haja estrutura
para escoamento da produção
e vão começar a desmatar e produzir
na área", diz o frei, que faz
parte da pastoral, uma das 60 entidades que
fazem parte das coalizões Fórum
de Carajás e Fórum de Santarém.
O aumento do registro ilegal
de terras, segundo Frei José, foi constatado
pela Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Grilagem, realizada pela Assembléia
Legislativa do Pará. "Os deputados
identificaram 22 milhões de hectares
de terra grilados no Pará". Frei
Sérgio participou do 6º Fórum
Social Mundial, em Caracas, onde apresentou
uma atividade sobre a situação
da região sul do Pará.