10/02/2006
– Indígenas do Peru, Equador e Bolívia
acusam a Petrobras de poluir o meio ambiente
e desestruturar seu modo de vida, por meio
da extração, refino e transporte
de petróleo próximo a seus territórios.
"Todos os povos que vivem em áreas
onde há exploração de
petroleiras dão o mesmo depoimento,
nunca positivo", disse à Agência
Brasil Antenor Karitiano, líder indígena
de Rondônia. "Eles falam sobre
o estrago do rio, sobre a poluição
das matas e das plantações".
Antenor é presidente
do Centro de Cultura Indígena, uma
organização da sociedade civil
que trabalha com a valorização
cultural das 38 etnias que vivem em Rondônia.
Em dezembro do ano passado, ele participou
do Encontro de Articulação Pan
Amazônica, que reuniu em Quito (Equador)
cerca de 30 indígenas daquele país,
além de representantes da Venezuela,
Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil.
O evento foi promovido por três organizações
não-governamentais (Oilwatch, Action
Aid e Rede Brasileira de Justiça Ambiental),
que tinha como objetivo reunir indígenas
que sofrem as agressões socioambientais
da indústria petrolífera.
No relatório final
do encontro, a Petrobras é citada com
uma das empresas que mais ameaçam os
indígenas do Equador, do Peru e da
Bolívia. A contaminação
do solo e da água são as queixas
mais freqüentes apontadas no documento.
Uma das organizadoras da reunião foi
a técnica da Federação
de Órgãos para Assistência
Social e Educacional (Fase), Julianna Malerba.
A entidade sedia o escritório da Rede
Brasileira de Justiça Ambiental, criada
em 2001, atualmente com cerca de 80 entidades
participantes.
Julianna contou que o grupo
visitou comunidades de agricultores e do povo
Quéchua, no interior do Equador, onde
atuam as empresas Repsol (espanhola) e a Petro
Ecuador (equatoriana). "O povo que nós
visitamos não tomava mais banho no
rio, por causa de derramamento de óleo.
Eles tinham que comprar água para a
comunidade", conta Karitiano.