17/02/2006
- Um levantamento feito pela Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab) aponta
que as reservas indígenas funcionam
como barreira para o desmatamento na Amazônia,
impedindo a destruição de cerca
de 3,5 milhões de hectares da floresta.
Para chegar a esse número, a entidade
analisou dados de 1988 a 2004 sobre o deflorestamento
da região, obtidos com o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estudo, denominado Diagnóstico
sobre Terras Indígenas Ameaçadas
na Amazônia, criou um modelo que permite
visualizar qual seria o desmatamento esperado
dentro dos territórios indígenas
caso mantivessem o mesmo padrão de
desenvolvimento das regiões não
ocupadas pelos índios. A diferença
entre o cenário com e sem terras indígenas
gera o saldo positivo dos 3,5 milhões
de hectares de floresta protegida. A Coiab
aponta como fatores que mais contribuem para
o desmatamento, por exemplo, a presença
de estradas (asfaltadas ou não), o
acesso fluvial e a densidade populacional.
A entidade pretende levar
o estudo ao conhecimento do governo como forma
de alertá-lo sobre a necessidade de
preservação da floresta e também
para mostrar o papel estratégico dos
indígenas nesse sentido. "Se queremos
ter a Amazônia como um patrimônio
brasileiro, temos que investir nas terras
indígenas", afirma o coordenador
geral da Coiab, o indígena Jecinaldo
Cabral. De acordo com ele, a coordenação
solicitou uma audiência com a ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva.
Eles pretendem, ainda, mobilizar
o setor privado que atua na região
para a conservação da Amazônia.
"Queremos atingir esse setor, que é
tímido na relação com
os povos indígenas", observa Jecinaldo.