16/02/2006
- O governo do Acre pretende organizar uma
agenda para chamar a atenção
do governo peruano ao problema de exploração
ilegal de madeira em Envira (AC), região
de fronteira entre Brasil e Peru. A informação
é do secretário estadual de
Povos Indígenas do Acre, Francisco
Pinhanta.
"A exploração
de madeira é muito forte do lado do
Peru. Muitas áreas de concessão
madeireira fazem fronteira com o Brasil. Estamos
trabalhando numa agenda para suspender, junto
com o governo regional do lado do Peru, essas
concessões", disse.
Em entrevista à Rádio
Nacional da Amazônia, ele afirmou que
o problema na região é antigo.
Pinhanta contou que, no lado brasileiro, existem
áreas de proteção demarcadas
no Brasil, que incluem terras indígenas,
reservas extrativistas e parques nacionais.
No lado peruano, segundo ele, não existem
essas definições e nem uma política
que garanta a proteção.
O secretário explicou
que o fato de o Peru não ter essas
áreas definidas faz com a exploração
de madeira lá seja muito forte. "No
lado do Peru, essas áreas estão
sendo ocupadas por madeireiros e essas atividades
estão pressionando os índios
que estão lá", observou.
"Muitas áreas de concessão
madeireira fazem fronteira com o Brasil. Então,
corre o risco sim de ter sérios problemas
no lado do brasileiro", acrescentou.
Segundo ele, o governo do
Acre está reunindo órgãos
brasileiros para fazer uma ação
conjunta no sentido de tratar a questão
da maneira que ela está sendo denunciada
pela Frente de Contato da Fundação
Nacional do Índio (Funai) na região.
"Se for necessário verificar in
loco, a gente vai", completou.
A Frente de Proteção
da Funai em Envira detectou a exploração,
por madeireiras, de mogno em uma reserva para
índios isolados no lado peruano. A
extração ilegal foi identificada
quando pranchas de madeira desceram para o
território brasileiro pelas cabeceiras
do rio Envira.
A região da bacia
do rio é habitada por várias
etnias de índios isolados, sobretudo
os Masko-Piro, do lado peruano, e os Pano,
no Brasil, que são inimigos culturais.
Devido à extração ilegal
de mogno, os indígenas do lado peruano
estão sendo forçados a deixar
suas terras e passar para o lado brasileiro.
O governo brasileiro teme que a situação
gere conflitos entre os indígenas das
duas etnias.
Colaborou Bianca Paiva