13/02/2006
- Estudos realizados pela organização
não-governamental (ONG) Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
mostram que mais da metade da madeira extraída
da Amazônia não é aproveitada
pela indústria.
O levantamento, feito em
mais de 600 empresas do estado, mostra que
no ano passado 42% da madeira foi processada,
sendo que os 58% restantes são resíduos
na maioria das vezes desperdiçados.
Isso significa que, dos 24,5 milhões
de metros cúbicos de madeira retirados
da floresta, 14,1 milhões viraram resíduos.
Segundo o pesquisador do
Imazon, Dênis Pereira, do total de resíduos,
45% foi queimado sem utilização,
24% se transformou em carvão, 6% ficou
estocado nas empresas, 5% foi para empresas
que fazem tijolos e 5% usou-se na geração
de energia elétrica. Os 15% restantes,
acrescentou Pereira, foram desperdiçados
sem que nenhum uso fosse feito deles.
Na semana passada, em entrevista
à Rádio Nacional da Amazônia,
o diretor de florestas do Ministério
do Meio Ambiente, Tasso Azevedo, confirmou
que, na Amazônia, o aproveitamento das
árvores em madeira é baixo,
alcançando cerca de 40% a 45%.
No entanto, ele não
classifica como desperdício a madeira
transformada em carvão e a geração
de energia elétrica por meio desse
produto. Segundo ele, as indústrias
poderiam aumentar o uso da madeira para até
60% e utilizar os resíduos como benefícios,
por exemplo, na produção de
energia, chapas e carvão.
O pesquisador do Imazon
explicou que, na Amazônia, existe um
desperdício natural, mas também
existe o desperdício por meio de equipamentos
ultrapassados quanto à tecnologia que
usam para o corte. "Há desperdício
a mais nas ferragens, nas madeiras que vêm
rachadas ou ocas do campo. Então, o
rendimento depende do equipamento e da forma
como a madeira é manuseada no pátio",
disse Pereira.
De acordo com Azevedo, estão
em andamento programas para chegar a um nível
de aproveitamento maior nessa área.
"Um deles é o Programa Nacional
de Qualidade, que trabalha especificamente
com o tema da eficiência no processamento
de madeira", contou. "Há
também o Laboratório de Produtos
Florestais do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
[Ibama], que visa à melhoria do processo
de fabricação e transferência
de tecnologia para as indústrias",
acrescentou.
Azevedo disse ainda que
a produção de energia com resíduos
de biomassa é uma área em crescimento
na Amazônia que pode substituir o uso
de óleo diesel. Segundo ele, uma forma
que possibilita o uso de recurso renovável
com matéria – prima da própria
região.