15/02/2006
– O relatório do Programa Amazônia,
que está sendo discutido por representantes
do governo e da sociedade civil, indica que
o objetivo do plano é contribuir para
o desenvolvimento da Amazônia, com ações
que promovam a proteção e o
uso sustentável dos recursos naturais
e valorizem a diversidade biológica
e cultural.
Para tanto, governo federal
tem dois projetos em andamento que deverão
ser ampliados junto com o programa: a fiscalização
de áreas públicas, para evitar
queimadas e desmatamentos, e o incentivo a
famílias para trocarem de atividade
como, por exemplo, substituir a agricultura
pelo manejo florestal – forma de extrair produtos
da floresta (madeira) sem destruí-la.
O diretor do programa de Florestas do Ministério
do Meio Ambiente, Tasso Azevedo, ressalta
que a agricultura não será uma
atividade descartada, mas o manejo florestal
"vai ser muito importante na matriz de
produção familiar".
O engenheiro florestal da
organização não-governamental
(ONG) Instituto de Floresta Tropical, Maximiliano
Roncoletta, explica que os agricultores serão
incentivados a participar de reuniões
e conhecer a aplicação da técnica
para então decidir se querem trocar
de atividade. "Se a pessoa não
apresenta interesse, a gente não descarta,
pois muitas vezes ela está esperando
seu vizinho se dar bem pra que possa aplicar
uma técnica", disse. A ONG é
uma das parceiras do ministério para
as atividades de manejo florestal que, desde
1995, são apoiadas pelo Programa Piloto
para as Florestas Tropicais Brasileiras (PPG-7).
Para incentivar as famílias,
os ministérios do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Agrário lançaram na última
segunda-feira (13) um edital para projetos
de formação de agentes técnicos
em manejo florestal e assistência técnica
(ferramenta que oferece treinamento, sobretudo,
àquele que faz o manejo em pequena
escala, que é o caso das comunidades).
Os projetos aprovados podem ser financiados
pelo Programa de Apoio a Agricultura Familiar
(Pronaf). "É a primeira ação
em grande escala para fazer a gestão
da floresta", diz Azevedo.
O engenheiro afirma que
convencer as famílias a utilizar a
floresta de forma sustentável não
é o problema. Mas o "fazer",
acrescenta, depende muito da perseverança,
apoio e principalmente da assistência
técnica.
Segundo o diretor, a resistência
se dá "por uma visão de
muitos anos de que floresta era um empecilho
para a agricultura, que era preciso limpar
para poder produzir. Isso tem que ser recuperado.
A pessoa está acostumada a criar boi
e, de repente, tem que criar árvore.
É um trabalho de longo prazo".
Ele destaca que não conhece "nenhuma
comunidade que não estava disposta
a trabalhar com floresta. Mas ela precisa
acreditar e ver que isso pode ser um meio
de vida".
No Pará, a instrução
sobre o manejo começou com a abordagem
de três engenheiros florestais, seis
técnicos e seis operadores. Em quase
dez anos, 2.500 pessoas foram treinadas. Maximiliano
conta que, em 1997, foram treinadas apenas
15 pessoas e de lá pra cá, cresce
a procura a cada ano. Hoje "42% do nosso
público são estudantes de nível
médio", diz. O engenheiro explica
que a demanda se deve ao fato de que "quem
está lá dentro da floresta decidindo
o que fazer é o técnico e não
o engenheiro, que está no escritório".
Segundo ele, não há um estudo
que mostra a quantia de áreas que foram
preservadas do desmatamento ou recuperadas
por meio do manejo.