A importância das
Reservas de Desenvolvimento Sustentável
a conservação da biodiversidade
e melhora de qualidade de vida para as populações
locais e a sua contribuição
para o desenvolvimento sustentável
da Amazônia
Curitiba, 17 de março
de 2006 — Cerca de 100 pessoas de várias
partes do planeta conhecerão um pouco
mais sobre a Reserva de Desenvolvimento Sustentável
(RDS) Cujubim. A apresentação
será feita no dia 27, segunda-feira,
no evento paralelo “Contribuição
das RDS para o desenvolvimento sustentável
da Amazônia” que acontece na 8ª
Conferência das Partes da Convenção
sobre Diversidade Biológica (COP-8)
- que começou dia 20, em Curitiba.
No evento será apresentado
um panorama geral da criação
de unidades de conservação de
uso sustentável (que permitem a presença
de pessoas em seu interior) ao longo dos últimos
anos no estado do Amazonas. Ao todo, doze
RDS já foram decretadas no país,
sendo que todas estão localizadas na
região amazônica.
A primeira experiência
de RDS se deu no Estado do Amazonas, em 1996,
quando o governo estadual transformou uma
Estação Ecológica na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá, criado pelo renomado biólogo
paraense José Márcio Ayres,
falecido em 2003.
As Reservas de Unidades
de Conservação são decretadas
pelo Governo e segundo as diretrizes estabelecidas
pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) as RDSs foram criadas para aliar a
conservação da natureza e sua
biodiversidade à melhoria da qualidade
de vida da população que vive
em seu interior é o principal objetivo
desse modelo de unidade de conservação.
Lançamentos – Durante
o evento paralelo, será lançado
o folder sobre o projeto Rede de Conservação
do Amazonas, que tem como objetivo principal
mudar o atual cenário da conservação
do Estado do Amazonas, ampliando e aumentando
a inclusão social e a proteção
efetiva dos ecossistemas e da biodiversidade.
Serão apresentados,
também, um pequeno livro, sobre a RDS
Cujubim e o site (www.cujubim.org.br). A idéia
desses dois produtos é divulgar a importância
biológica da reserva, localizada na
área de endemismo Inambari. “Centro
de Endemismo” é uma área com
um número elevado de espécies
que só ocorrem neste local e em nenhuma
outra região.
O site e o livreto ressaltam
também as ações desenvolvidas
junto com as comunidades a fim de garantir
a implantação da RDS Cujubim.
Entre as principais atividades está
a criação de infra-estrutura,
o estabelecimento de um programa de monitoramento,
o desenvolvimento de alternativas econômicas
sustentáveis, a capacitação
e organização da população
local e a elaboração do plano
de gestão da área.
O livreto possui 32 páginas
e apresenta, entre outros dados, o que é
uma RDS, as principais características
da RDS Cujubim (quem são os moradores,
as principais atividades econômicas
dessas pessoas, por exemplo), as ações
realizadas na área e o plano de trabalho
que deverá ser realizado nos próximos
anos. Além dessas informações,
o site oferece um banco de imagens sobre fauna,
flora e moradores da Reserva, bem como o acesso
a arquivos e relatórios relacionados
aos trabalhos desenvolvidos no local.
O site oferece também
o blog da 1° Expedição Biológica
na RDS Cujubim, onde disponibiliza o diário
de campo com as principais novidades enviadas
pela equipe de pesquisadores. Os relatos descritos
neste blog são repassados por Raquel
Carvalho, coordenadora da expedição,
e pela equipe por meio de um telefone móvel
via satélite. (http//:expedicaocujubim.conservation.org.br)
Sobre a RDS Cujubim – A
RDS Cujubim localiza-se na bacia do rio Jutaí,
afluente da margem direita do rio Solimões,
entre a Terra Indígena do Vale do Javari,
ao sudoeste, e a Terra Indígena do
Biá, ao norte; e integra o Corredor
de Biodiversidade Central da Amazônia.
A expedição
científica que começou no início
do mês já constatou que a área
apresenta diversas espécies raras e
algumas ainda não registradas pela
ciência. Entre as principais novidades,
está a possível descoberta de
uma nova espécie de choquinha, ave
pequena do sub-bosque da floresta que pertence
ao gênero Myrmotherula. Outro motivo
de comemoração para os cientistas
foi a redescoberta de um casal de Bufo dapsilis,
uma espécie de sapo que não
era encontrada há mais de 60 anos,
quando foi descrita. Apenas um único
exemplar macho desse sapo era conhecido pelos
cientistas.
A viagem de campo já
permitiu também que duas comunidades
da RDS Cujubim recebessem treinamentos sobre
a extração do óleo da
copaíba e orientações
sobre organização comunitária.
Essas ações são estimuladas
entre a população local, a fim
de aumentar a renda das famílias e,
ao mesmo tempo, evitar ações
predatórias como a exploração
madeireira sem planejamento. Ao todo, 56 famílias
habitam a Reserva, o que corresponde a cerca
de 290 moradores. Eles têm como principal
atividade à agricultura de subsistência,
a pesca e o extrativismo.
A Expedição
Biológica a RDS Cujubim encerra no
dia 05 de abril e está sendo realizada
pela parceria entre o Governo do Amazonas,
através da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(SDS), a organização não
governamental Conservação Internacional
(CI-Brasil), a Embaixada Britânica,
o Museu Paraense Emílio Goeldi, a Universidade
Federal do Pará.