Curitiba
(30/03/2006) A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, anunciou nesta quinta-feira
(30/03) a formação de Grupo
de Trabalho para formular uma proposta para
o equacionamento ambiental da região,
com preservação do ecossistema
e adaptação das atividades econômicas
ao manejo sustentável dos recursos
naturais pampeanos, cujos campos possuem grande
valor paisagístico e imenso potencial
turístico, qualidades ainda pouco exploradas
pelos sulistas. Marina Silva faz o anúncio
no estande do Ministério na 8ª
Reunião das Partes da Convenção
sobre Biodiversidade Biológica (COP
8), que termina amanhã. A COP 8 está
sendo realizada desde o dia 13, em Pinhas,
na Grande Curitiba.
O bioma - Maior extensão
de pastagens naturais do planeta, com 700
mil quilômetros quadrados de planície
“a perder de vista” (2,07% do território
brasileiro), o Bioma Pampa é um dos
ecossistemas mais ricos e peculiares do Globo.
No Brasil, só existe na metade sul
do estado do Rio Grande do Sul (RS), onde
ocupa 63% do território, de leste a
oeste, parte do noroeste e se estende à
Argentina e ao Uruguai.
Paisagem aparentemente monótona
e uniforme, composta por vegetação
de baixo porte, pontilhada aqui e ali por
renques de pequenas árvores ao longo
dos cursos d’água, o Pampa possui grande
potencial socioeconômico e enorme importância
ambiental. Entre as coxilhas (pequenas elevações
suaves de planície) nascem importantes
bacias hidrográficas. Inúmeros
rios, como Ibicuí, Santa Maria e Ibirapuitã,
além de riachos e arroios, dependem
desta vegetação e de seu equilíbrio
natural para o abastecimento hídrico.
O reconhecimento pelo Governo
Federal das especificidades do Pampa, e da
urgência de equacionar questões
ambientais, sociais e econômicas da
região, fez com que, em maio de 2004,
o Ministério do Meio Ambiente decidisse
que o Pampa (ou “terra plana”, na língua
dos índios Kaingang) passasse a ser
tratado como bioma único e específico,
a exemplo da Amazônia, Mata Atlântica,
Pantanal, Cerrado e Caatinga.
Composto por extensos campos
da Campanha Gaúcha e dos Campos do
Planalto, o Pampa deixou de integrar bioma
mais amplo, os chamados Campos Sulinos, que
incluíam ainda os Campos de Cima da
Serra, que agora se encontram incorporados
ao Bioma Mata Atlântica.
A elevação
do Pampa à categoria de bioma individual
tem motivações que ultrapassam
a singularidade de suas características.
Ela decorre, sobretudo, da constatação
de que, diante de problemas específicos,
são necessárias providências
específicas.
A região do Pampa
se caracteriza historicamente por importantes
atividades produtivas. Dentre elas destacam-se
a pecuária de corte, a ovinocultura
de lã e corte, o cultivo de arroz.
Outras se agregaram recentemente, como a vitivinicultura,
a expansão descontrolada das plantações
de soja e, por último, o incentivo
à monocultura de pinus e eucaliptos
para produção de papel.
Em virtude da fragilidade
natural do Pampa, em certos casos, aquelas
atividades têm desencadeado impactos
ambientais, alguns de grande monta, principalmente
quando extrapolam a capacidade natural de
renovação dos recursos naturais.
Soma-se negativamente a este fato a contaminação
do ambiente com espécies exóticas,
como o capim-Annoni, trazido da África
em meados da década de 60, em um período
em que o Brasil carecia de legislações
que inibissem a entrada de espécies
invasoras.