30/03/2006 - Um grupo de
trabalho (GT) vai se dedicar, a partir de
agora, a estudar ações que possam
garantir a preservação do Pampa,
bioma que se estende por 63% do território
do Rio Grande do Sul. O GT foi criado nesta
quinta-feira (30) pela ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, em solenidade realizada no estande
do ministério na 8ª Conferência
das Partes da Convenção sobre
Diversidade Biológica (COP8), que ocorre
na região metropolitana de Curitiba.
O pastoreio, atividade comum no estado gaúcho,
por muito tempo protegeu o bioma. Porém,
o avanço da degradação
ambiental, causado pela expansão da
agricultura, pela substituição
da vegetação nativa por gramíneas
exóticas e pela intensa exploração
florestal, fez com que o Pampa se transformasse
num bioma ameaçado. "O Pantanal
nos hidrata. A Caatinga nos esquenta. O Cerrado
e a Mata Atlântica nos vestem. A Amazônia
nos guarda e o Pampa nos exibe. Ele exibe
as belezas e riquezas do Brasil. E agora temos
uma agenda vigorosa para protegê-lo",
disse Marina Silva.
Caracterizados por grandes áreas cobertas
por campos, entremeadas por capões
de mata, matas ciliares e banhados, os ecossistemas
do Pampa são compartilhados entre Uruguai,
Argentina e Brasil, abrangendo uma área
total de 700 mil Km2. Estima-se que somente
1% da porção brasileira está
protegida na forma de unidades de conservação
(UCs). A exemplo de ações adotadas
para outros biomas no Brasil, um conjunto
de medidas está sendo desenvolvidas
para contemplar as necessidades da região.
Apesar de apresentar vegetação
pouco exuberante e de estrutura mais simples,
se comparados às florestas e às
savanas, os campos têm importante contribuição
na preservação da biodiversidade,
principalmente por atenuar o efeito estufa
e auxiliar no controle da erosão. Na
parte brasileira do bioma, existem cerca de
3 mil espécies de plantas vasculares,
sendo que aproximadamente 400 são gramíneas,
pelo menos 385 espécies de aves e 90
de mamíferos terrestres.
Além de criar o GT, o ministério
também deverá divulgar, até
agosto, o mapeamento dos remanescentes do
Pampa. Ainda está sendo feita uma revisão
das áreas prioritárias para
a conservação, uso sustentável
e repartição de benefícios
da biodiversidade na região.A gerência-executiva
do Ibama no estado está analisando
as demandas locais. O Brasil também
está envolvido, ao lado da Argentina
e do Uruguai, na elaboração
de um programa comum para atender as necessidades
do Pampa. Para isso, os três países
vão contar com o apoio do PNUMA.
Em seu discurso, Marina destacou a importância
de o governo promover a integração
dos biomas. Segundo ela, essa foi uma de suas
prioridades ao assumir a pasta do Meio Ambiente.
"Precisávamos horizontalizar as
ações, fazendo com que atingissem
todos os biomas", explicou. As medidas
adotadas para o Pampa fazem parte dessa política.
A solenidade ainda contou com o lançamento
do livro Lutzenberger e a Paisagem, do fotógrafo
Paulo Backes, com a apresentação
de Gilberto Monteiro, na gaita, e Paulo da
Rosa, no violão, e com uma roda de
chimarrão promovida pelo Movimento
Tradicionalista do Paraná.
O GT será formado por um representante
de cada um dos ministérios do Meio
Ambiente, do Desenvolvimento Agrário,
do Turismo e da Cultura. O Ibama também
terá uma vaga. A secretaria estadual
do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, a Federação
das Indústrias do Rio Grande do Sul
(FIERGS), a Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), a Federação
dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande
do Sul - (Fetag), a Federação
da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL),
da Empresa Brasileira de Agropecuária
(Embrapa), a Associação Riograndense
de Empreendimentos de Assistência Técnica
e Extensão Rural (Emater-RS), a Federação
das Associações de Municípios
do Rio Grande do Sul (FAMURS), as comunidades
de pescadores artesanais do Pampa, a Comissão
Nacional de Articulação das
Comunidades Negras Rurais Quilombolas, o Movimento
Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande
do Sul também indicarão seus
representantes. A Associação
Permanente de Defesa do Meio Ambiente (Apedema),
uma organização-não-governamental,
ainda deverá indicar dois representantes
para compor o GT.