05/05/2006 - Brasília
– Cerca de 5,9 milhões de hectares
de caatinga formam o Corredor Ecológico
da Caatinga, que interliga oito unidades de
conservação do país.
Criado por portaria publicada ontem (4) no
Diário Oficial da União pelo
Ministério do Meio Ambiente, o corredor
engloba 40 municípios de cinco estados
da região Nordeste: Pernambuco, Bahia,
Sergipe, Piauí e Alagoas.
Dessa forma, abrange não
apenas as unidades de conservação,
mas também as áreas compreendidas
entre elas, de forma contínua, com
exceção de áreas urbanas
previstas na lei. A previsão é
que todas as terras que fazem parte do corredor
sejam alvo de ações do governo
para conservar a diversidade biológica
dos ecossistemas e promover o desenvolvimento
sustentável, entre outras iniciativas.
"É possível
garantir uma melhor conservação
dessas áreas, porque elas vão
constituir esse corredor e, com políticas
de estímulo ao replantio de áreas
degradadas e ao uso sustentável dessas
áreas, você garante a presença
da caatinga na produção agrícola,
na produção agropecuária",
explica o coordenador do Grupo de Trabalho
Caatinga do ministério, Leonel Pereira.
Segundo ele, com a criação
do corredor será possível melhorar
a qualidade de vida das comunidades tradicionais
que vivem em áreas que não são
unidades de conservação. De
acordo com o coordenador, uma das ações
será o estímulo ao manejo sustentável.
Pereira explica que grande
parte da madeira retirada da vegetação
da caatinga é usada como lenha, fonte
de renda para a população. "Promovendo
o manejo sustentável da lenha, você
torna essa atividade, além de rentável,
sustentável, de maneira a não
prejudicar o meio ambiente."
De acordo com o coordenador,
a interligação das oito unidades
de conservação também
garantirá o chamado fluxo genético,
o que diminui o risco de extinção
de espécies.
"Esse corredor vai
interligar essas unidades, permitindo que
haja conectividade entre elas, um fluxo genético",
comenta. "Quando uma unidade fica isolada,
os animais, por exemplo, começam a
ter problemas de consangüinidade, não
podem fazer as grandes migrações
para se reproduzir e isso pode levar à
extinção da espécie."
A portaria que cria o corredor
foi assinada pela ministra Marina Silva em
28 de abril, durante as comemorações
da Semana da Caatinga. O Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) será responsável pela
administração da área.
O Ibama também deverá acompanhar
o trabalho desenvolvido pelos conselhos das
oito unidades de conservação.
O Corredor Ecológico
da Caatinga é o segundo do Brasil.
O primeiro foi o Corredor Capivara-Confusões,
criado em março do ano, localizado
entre as serras da Capivara e das Confusões,
no Piauí. De acordo com Leonel Pereira,
o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama
estão desenvolvendo estudos para a
criação de pelos menos mais
seis corredores ecológicos no país.
Segundo Pereira, a idéia
é criar no país "um grande
mosaico de áreas protegidas",
interligadas por áreas onde haverá
o estímulo a atividades de baixo impacto
no meio ambiente.