03.05.2006
- São Paulo (SP) - Mais de 23 mil pessoas
visitam navio do Greenpeace em campanha pela
Amazônia. Durante expedição
pelo litoral brasileiro, cinco prefeituras
aderiram ao programa Cidade Amiga da Amazônia,
comprometendo-se com o consumo responsável
de madeira
O navio Arctic Sunrise,
do Greenpeace, completou este final de semana,
em Fortaleza, expedição de um
mês pela costa acumulando recordes de
público e vitórias concretas
contra a exploração criminosa
de madeira amazônica. Mais de 23 mil
pessoas em cinco cidades visitaram as instalações
do barco e uma exposição de
72 fotos sobre as belezas e desafios da Amazônia,
além do trabalho do Greenpeace na região.
A viagem começou em Porto Alegre no
dia 31 de março.
Durante a expedição,
os municípios de Porto Alegre (RS),
Salvador (BA), Recife e Olinda (PE) e Fortaleza
(CE) assinaram termo de compromisso com o
programa Cidade Amiga da Amazônia. O
principal objetivo do programa é incentivar
prefeituras brasileiras a adotarem leis locais
que evitem o consumo de madeira de origem
ilegal nas compras e licitações
públicas. As prefeituras consomem grandes
volumes de madeira em obras públicas,
como escolas e postos de saúde, e podem
tornar-se exemplos de consumo responsável.
Estima-se que entre 60% e 80% de toda madeira
produzida na Amazônia seja ilegal.
A expedição
pela costa brasileira, que é parte
da campanha global do Greenpeace pela proteção
das florestas, trouxe a realidade de regiões
remotas da Floresta Amazônica aos grandes
centros urbanos do litoral. “Apresentamos
à população que vive
nestas cidades soluções concretas
para os problemas amazônicos, como o
consumo responsável de produtos florestais
através do programa Cidade Amiga da
Amazônia e a criação de
uma rede de áreas protegidas para deter
o desmatamento”, afirma Rebeca Lerer, coordenadora
da expedição. “O enorme apoio
demonstrado pelas pessoas, prefeituras e entidades
locais à campanha nos deixou satisfeitos
e otimistas. Acreditamos que apenas a ação
urgente de todos os níveis de governo
e da sociedade como um todo pode reverter
a atual tendência de destruição
da floresta”.
Nos últimos anos,
o desmatamento na Amazônia tem sido
impulsionado pela expansão descontrolada
da fronteira agropecuária capitaneada
pela soja, além da exploração
ilegal e predatória de madeira. Apesar
de suas boas iniciativas na área florestal,
o governo Lula acumula o maior índice
de desmatamento da história do País:
desde o dia de sua posse, a Amazônia
perdeu mais de 70 mil quilômetros quadrados
de florestas.
O Greenpeace acredita que
a solução para a Amazônia
passa pelo estabelecimento de uma “barreira
verde” formada por áreas protegidas
e de uso sustentável nas regiões
de floresta que sofrem maior pressão
da exploração madeireira e expansão
agropecuária. A criação
e implementação de unidades
de conservação protege a biodiversidade
e o direito das comunidades tradicionais,
impede a grilagem de terras e serve como contenção
ao corte raso das árvores. Durante
a expedição, ativistas e voluntários
coletaram milhares de assinaturas pedindo
o estabelecimento de uma “barreira verde”
na Amazônia contra o desmatamento.
Devido ao sucesso do trabalho
nas cidades do litoral, o navio Arctic Sunrise
está à caminho de Belém,
no Pará, onde será aberto à
visitação pública no
próximo sábado (06/05), das
11h às 17h, na Companhia Docas do Pará.
“A população paraense terá
mais uma oportunidade de conhecer melhor nosso
trabalho e discutir nossas propostas para
a região amazônica”, disse Paulo
Adário, coordenador da campanha da
Amazônia do Greenpeace.