Panorama
 
 
 

PROTESTO CONTRA AVANÇO DA SOJA MARCA 1º DE MAIO EM SANTARÉM, NO PARÁ

 

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2006

01.05.2006 - Santarém (PA) - Protestos contra o desmatamento, o avanço da soja e a violência na disputa pela terra marcaram o Dia do Trabalhador em Santarém, no Pará. Comunidades locais, movimentos sociais e ONGs fizeram um ato público na Praça São Sebastião, no centro da cidade, que reuniu cerca de 600 pessoas ligadas às organizações que compõem a Frente de Defesa da Amazônia (FDA). O ato foi eclético: incluiu grupos de danças indígenas, poesias, música regional sobre agricultura familiar, discursos de entidades estudantis, protestos contra e a favor do governo. Mas o tema central girou em torno do avanço da soja sobre a floresta Amazônica que, em Santarém, ganha contornos dramáticos. O vídeo “Soja: em nome do progre$$o”, produzido pelo Greenpeace, foi exibido no final do evento em Santarém e também em manifestações realizadas em cinco municípios vizinhos.

O bispo auxiliar da diocese de Santarém, Dom Severino França, fez um discurso onde expressou preocupação da Igreja com a exploração do trabalhador. “Não queremos passar fome para exportar. Queremos mesa farta primeiro, para depois exportar. Queremos o fim do status quo da miséria, da fome, da exploração’”, disse ele.
Nos últimos anos, a produção de soja no bioma Amazônia vem impulsionando o desmatamento ilegal, grilagem de terras e violência contra as comunidades locais. A floresta está sendo destruída para dar lugar à monocultura de soja, usada para alimentar animais na Europa e atender a demanda internacional por carne e proteína barata. Roças de comunidades tradicionais estão sendo substituídas por latifúndios altamente mecanizados e que empregam pouquíssimos trabalhadores. O uso de mão de obra escrava tem sido identificado pelo governo, principalmente na fase de desmatamento para a abertura de campos de plantio.

“No Dia do Trabalho é bom lembrar que a monocultura de soja representa um modelo de agronegócio que emprega pouca mão de obra, usa grande quantidade de agrotóxicos, expulsa o pequeno produtor de suas terras, destrói a floresta e gera riqueza apenas para poucos”, disse Tatiana Carvalho, campaigner do Greenpeace na Amazônia. “Um bom exemplo disso é a Cargill e seu porto graneleiro em Santarém. A empresa anunciou que iria gerar emprego e renda, mas empregou pouquíssimas pessoas locais e está estimulando a vinda de sojeiros que provocam grande desmatamento na região”, observou ela.

As atividades da multinacional norte-americana Cargill em Santarém estão provocando grande impacto ambiental e social nesta região da Amazônia. A empresa ignorou a legislação brasileira ao instalar ilegalmente seu porto graneleiro às margens do rio Tapajós, sem a realização de Estudos de Impacto Ambiental (EIA). Além disso, a Cargill comercializa com fazendas envolvidas em grilagem de terras, desmatamento ilegal e outros desrespeitos à lei.

O tema do ato público de hoje, “Na Amazônia, a impunidade mata e desmata”, é uma resposta à campanha que vem sendo feita em Santarém contra a presença do Greenpeace na Amazônia. A campanha, que inclui farta distribuição de adesivos para carros com a mensagem “Fora Greenpeace. A Amazônia é dos brasileiros”, camisetas, outdoors e pesados ataques via mídia local, teve início depois da prisão de grileiro que desmatou mais de 1,6 mil hectares em terras públicas na região.

De acordo com o jornal O Liberal (28/04), “o protesto é liderado por fazendeiros e madeireiros da região insatisfeiros com as medidas tomadas pelo governo federal, de criar várias unidades de conservação, reservas ambientais e áreas extrativistas para pequenos agricultores, protegendo a floresta amazônica da grilagem de terras e da extração ilegal de madeira. Esses fazendeiros culpam o Greenpeace e organizações não-governamentais estrangeiras pelas decisões tomadas pelo governo, que estaria cedendo a supostas pressões de grupos internacionais interessados”.

“Nenhuma nenhuma tentativa de intimidação nos fará recuar de nossa luta em defesa da Amazônia e de seu povo”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. “Nós não queremos internacionalizar a Amazônia, conforme vem sendo divulgado em Santarém. Nós queremos nacionalizar a Amazônia através da maior presença de Estado na região e do fortalecimento das instituições como Ibama, Incra e Polícia Federal”.

A manifestação de hoje acontece dois dias depois que mais de 60 ativistas do Greenpeace paralisaram o desembarque de um carregamento de soja amazônica da Cargill no porto de Amsterdam, na Holanda. Alguns ativistas se acorrentaram na esteira e na bomba de sucção usada pela Cargill para desembarcar a soja dos navios, enquanto outros pintaram “Crime Florestal” nos silos da multinacional.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Foto: Greenpeace

 
 
 
 
 
 

 

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