“No Dia do Trabalho é bom lembrar
que a monocultura de soja representa um modelo
de agronegócio que emprega pouca mão
de obra, usa grande quantidade de agrotóxicos,
expulsa o pequeno produtor de suas terras,
destrói a floresta e gera riqueza apenas
para poucos”, disse Tatiana Carvalho, campaigner
do Greenpeace na Amazônia. “Um bom exemplo
disso é a Cargill e seu porto graneleiro
em Santarém. A empresa anunciou que
iria gerar emprego e renda, mas empregou pouquíssimas
pessoas locais e está estimulando a
vinda de sojeiros que provocam grande desmatamento
na região”, observou ela.
As atividades da multinacional norte-americana
Cargill em Santarém estão provocando
grande impacto ambiental e social nesta região
da Amazônia. A empresa ignorou a legislação
brasileira ao instalar ilegalmente seu porto
graneleiro às margens do rio Tapajós,
sem a realização de Estudos
de Impacto Ambiental (EIA). Além disso,
a Cargill comercializa com fazendas envolvidas
em grilagem de terras, desmatamento ilegal
e outros desrespeitos à lei.
O tema do ato público de hoje, “Na
Amazônia, a impunidade mata e desmata”,
é uma resposta à campanha que
vem sendo feita em Santarém contra
a presença do Greenpeace na Amazônia.
A campanha, que inclui farta distribuição
de adesivos para carros com a mensagem “Fora
Greenpeace. A Amazônia é dos
brasileiros”, camisetas, outdoors e pesados
ataques via mídia local, teve início
depois da prisão de grileiro que desmatou
mais de 1,6 mil hectares em terras públicas
na região.
De acordo com o jornal O Liberal (28/04),
“o protesto é liderado por fazendeiros
e madeireiros da região insatisfeiros
com as medidas tomadas pelo governo federal,
de criar várias unidades de conservação,
reservas ambientais e áreas extrativistas
para pequenos agricultores, protegendo a floresta
amazônica da grilagem de terras e da
extração ilegal de madeira.
Esses fazendeiros culpam o Greenpeace e organizações
não-governamentais estrangeiras pelas
decisões tomadas pelo governo, que
estaria cedendo a supostas pressões
de grupos internacionais interessados”.
“Nenhuma nenhuma tentativa de intimidação
nos fará recuar de nossa luta em defesa
da Amazônia e de seu povo”, disse Paulo
Adário, coordenador da campanha da
Amazônia, do Greenpeace. “Nós
não queremos internacionalizar a Amazônia,
conforme vem sendo divulgado em Santarém.
Nós queremos nacionalizar a Amazônia
através da maior presença de
Estado na região e do fortalecimento
das instituições como Ibama,
Incra e Polícia Federal”.
A manifestação de hoje acontece
dois dias depois que mais de 60 ativistas
do Greenpeace paralisaram o desembarque de
um carregamento de soja amazônica da
Cargill no porto de Amsterdam, na Holanda.
Alguns ativistas se acorrentaram na esteira
e na bomba de sucção usada pela
Cargill para desembarcar a soja dos navios,
enquanto outros pintaram “Crime Florestal”
nos silos da multinacional.