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NAVIO DO GREENPEACE CHEGA A SANTARÉM (PA) EM MEIO À CAMPANHA A PRESENÇA DA ONG NA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2006

10.05.2006 - Santarém (PA) - Organização inaugura exposição fotográfica que retrata as belezas, ameaças e seu trabalho na região amazônica

O navio MY Arctic Sunrise, do Greenpeace, chega amanhã a Santarém, depois de percorrer toda a costa brasileira e visitar a capital paraense, Belém, em campanha pela proteção da Amazônia. A chegada do barco é uma resposta pacífica ao agressivo movimento coordenado por produtores rurais, principalmente sojicultores, da região de Santarém contra a atuação e a presença do Greenpeace na Amazônia.

“A luta contra a destruição da floresta e do meio ambiente provocada pela expansão da cultura da soja não é apenas nossa, mas dos movimentos sociais do oeste do Pará. Estamos aqui para apoiar a luta deles”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. “Nenhuma tentativa de intimidação nos fará recuar da luta em defesa da Amazônia e dos povos da floresta”.

Segundo Adário, a maciça série de ataques baseados em premissas falsas – como, por exemplo, a idéia de que a defesa do meio ambiente se opõe ao progresso – criou ótima oportunidade para um debate aprofundado sobre as opções de desenvolvimento adequadas ao oeste do Pará e à Amazônia. “Não pretendemos ter a receita para o desenvolvimento, mas contribuir para o debate das alternativas e da vocação da região”, observou.

O movimento contra o Greenpeace, que inclui a distribuição de milhares de adesivos para carros com a mensagem “Fora Greenpeace. A Amazônia é dos brasileiros”, além de camisetas, outdoors e pesados ataques via mídia local, teve início depois da prisão de grileiro que desmatou mais de 1,6 mil hectare em terras públicas na região. O ataque à organização ambientalista se intensificou com o lançamento do relatório “Comendo a Amazônia”, no início de abril, que revela como a floresta está sendo destruída para dar lugar à monocultura de soja, usada para alimentar animais na Europa e atender à demanda internacional por carne e proteína barata.

Nos últimos anos, a produção de soja no bioma Amazônia vem impulsionando o desmatamento ilegal, grilagem de terras e violência contra as comunidades locais. Áreas de comunidades tradicionais estão sendo substituídas por latifúndios altamente mecanizados e que empregam pouquíssimos trabalhadores. O uso de mão-de-obra escrava tem sido identificado pelo governo, principalmente na fase de desmatamento para a instalação de fazendas.

A presença da multinacional norte-americana Cargill em Santarém atraiu plantadores de soja de outras partes do país e intensificou a disputa pela terra e pelos recursos da região. O desmatamento anual nos municípios de Belterra e Santarém pulou de 15 mil para 28 mil hectares entre 2002 e 2004 com a chegada da soja (1). A Cargill comercializa a maioria da soja produzida na região, além de financiar a produção via crédito aos produtores para a compra de sementes, fertilizantes e agrotóxicos.

“São empresas como a Cargill que lucram com a destruição dos recursos naturais da região”, disse Adário. “A destruição provocada pela soja na Amazônia beneficia poucos fazendeiros – muitos deles de fora da região – e grandes empresas multinacionais. A grande maioria da população amazônica está mantida à margem do chamado ‘desenvolvimento’ e do esperado progresso”.

“O Greenpeace defende um modelo de desenvolvimento responsável para a região do oeste paraense, que garanta a proteção do meio ambiente e da população, o desenvolvimento responsável que assegure qualidade de vida, segurança e justiça social, a regulamentação de áreas públicas, e a criação de áreas protegidas e de uso sustentável pelas comunidades locais. “O futuro da Amazônia está na floresta e no uso responsável de seus produtos e serviços, e não na soja, que gera desmatamento e injustiça social e deve ser banida do bioma Amazônia”, concluiu Adário.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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