(16/05/2006)
- A Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC),
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária-Embrapa, vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, está estudando o uso
de microorganismos para diminuir a poluição
provocada pelos dejetos acumulados nas propriedades
que produzem suínos. A iniciativa faz
parte de uma rede internacional de pesquisa,
que integra pesquisadores do Brasil, Estados
Unidos, Europa e Japão. “No final do
estudo, queremos desenvolver um sistema que
retire nitrogênio dos resíduos,
diminuindo o impacto ambiental provocado no
solo pelas sucessivas disposições
de dejetos”, explicou o pesquisador Airton
kunz.
Há algum tempo que
os pesquisadores alertam que não basta
apenas armazenar os dejetos em esterqueiras
e depois aplicá-los no solo como um
adubo orgânico. Em regiões com
grande produção de suínos,
há muito mais resíduos do que
solo disponível para recebê-los.
Isso faz com que seja colocado dejeto em excesso
na terra, situação que interfere
negativamente nas características químicas,
físicas e biológicas do solo.
No caso do excesso de nitrogênio, o
principal perigo é a sua transformação
em nitrato, que acaba nas fontes de água
e faz com que elas fiquem impróprias
para o consumo humano e animal.
Os microorganismos que removem
o nitrogênio dos dejetos animais estão
presentes no meio ambiente e foram descobertos
por pesquisadores holandeses em 1996. As experiências
sobre o assunto mostraram também que
os microorganismos somente se alimentam de
nitrogênio em condições
muito restritas. “Nosso desafio é reproduzir
essas condições em laboratório,
compreendê-las inteiramente e replicá-las
de uma maneira aplicável aos sistemas
de produção de suínos”,
disse Aírton Kunz. Além dos
dejetos de suínos, o uso de microorganismo
na remoção de nitrogênio
dos resíduos da produção
poderá servir a produções
de bovinos e aves.
Nos laboratórios
da Embrapa Suínos e Aves estão
sendo testadas neste momento as condições
ideais para a reprodução dos
microorganismos. Os resultados obtidos nos
laboratórios espalhados pelo mundo
que participam do projeto são trocados
entre os pesquisadores e ajudam a tornar mais
rápido e eficiente o processo de compreensão
de como os microorganismo podem ajudar a diminuir
o impacto ambiental dos dejetos suínos.
De acordo com o pesquisador Airton Kunz, não
dá para se fazer uma previsão
exata de quando será possível
colocar à disposição
dos suinocultores equipamentos que utilizem
os microorganismos. “Mas de antemão
é possível dizer que essa alternativa
auxiliará principalmente as propriedades
ou regiões que concentram grande número
de animais”, completou o pesquisador.