31/05/2006 - Brasília
- A burocracia e a falta de uma legislação
específica que garanta segurança
para investimentos a longo prazo são
os principais empecilhos para o Brasil aumentar
sua produção de energia eólica,
que faz uso dos ventos, e de outros tipos
de energia renovável, como a solar.
A avaliação
é do professor e pesquisador Stefan
Krauter, especializado em energias renováveis.
Segundo ele, embora o Brasil tenha potencial
para produzir 350 milhões de megawatts-hora
por ano, o que corresponde a três vezes
o consumo residencial brasileiro, atualmente
gera apenas 30 megawatts.
Para o professor, do ponto
de vista técnico, a questão
da energia eólica está bem elaborada
no país, além de os preços
de energias renováveis terem caído
nos últimos anos. Ele cita a Alemanha
como contraponto ao Brasil – naquele país,
são gerados 18 mil megawatts de energia
eólica em condições menos
favoráveis que as brasileiras, como
ventos mais fracos, por exemplo.
"Faltam percepção
e promoção das energias renováveis.
O Brasil só aproveita 1% do seu potencial
de produção de energia eólica
e tem um potencial muito maior que a Alemanha,
por exemplo", disse. "Pode produzir
energia eólica, solar, biomassa ou
hidrelétrica. O problema é a
legislação. Na Alemanha, o governo
decidiu que será independente da importação
de combustível e que vai gerar energia
renovável", acrescentou.
Ele explica que, em um primeiro
momento, o investimento para gerar energia
renovável é maior que o gasto
para obtenção de energia convencional.
A longo prazo, no entanto, é mais barato
investir em energia renovável. "Só
falta uma legislação adequada
que permita investimentos em uma perspectiva
de longo prazo, porque energias renováveis
são uma tecnologia de longo prazo,
que exige altos investimentos no início.
Mas depois você tem um fornecimento
de energia sustentável, que não
agride o meio ambiente, e ainda sem a necessidade
de comprar combustível".
Além de preservar
o meio ambiente, Krauter destaca que ações
para impulsionar o setor também gerariam
empregos, já que é uma indústria
que precisa de muita mão de obra. Se
a opção brasileira fosse a energia
nuclear, ele citou como pontos negativos os
altos custos de manutenção,
a dificuldade em construir depósitos
para lixo nuclear, a segurança, o perigo
de acidente e até o terrorismo.
O professor recebeu hoje
(30), em Brasília, o prêmio Verde
das América, durante o VI Encontro
Verde das Américas - Conferência
das Américas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável. A premiação
foi concedida a personalidades e instituições
que ao longo dos anos têm contribuído
para o desenvolvimento e a preservação
ambiental do planeta.