31/05/2006 - Brasília
– O presidente da Fundação Nacional
do Índio (Funai), Mércio Pereira
Gomes, questionou hoje (31) dados do Relatório
de Violência Contra os Povos Indígenas
apresentado pelo Conselho Indigenista Missionário
(Cimi). Para Gomes, o Cimi computa mais índices
de violência do que o real. "O
Cimi obtém dados na imprensa do interior
do Brasil de morte de índios por conta
de vários motivos, entre eles, brigas
com brancos, disputas entre eles, acidente
automobilístico e suicídios;
até briga de marido e mulher é
contabilizado", disse.
O relatório aponta
um aumento da violência, principalmente
no estado do Mato Grosso do Sul, em terras
localizadas próximas a centros urbanos.
Os índices de abuso sexual e suicídio
são os maiores do estado. O vice-presidente
do Cimi, Saulo Feitosa, explicou que "o
suicídio está mais limitado
ao Mato Grosso do Sul, na população
Guarani-Kaiowá. Eles são geralmente
adolescentes e jovens que, por falta de perspectiva
de vida, acabam se suicidando".
Segundo o presidente da
Funai, a violência constatada pelo Cimi,
no estado do Mato Grosso do Sul faz parte,
na verdade, de "conflitos de recuperação
territorial". Isso, segundo ele, porque
a Funai trabalha em um processo de ampliação
de terras perdidas pelos índios Guarani
desde a década de 30. "Na recuperação,
os fazendeiros que lá estão
se acham legítimos, então a
Funai tem de chegar e dizer que não
são legítimos, porque os índios
têm uma legitimidade anterior. Por isso
há conflitos. Hoje os Guarani têm
26 terras e outras seis em processo de demarcação",
afirmou.
De acordo com Mércio
Pereira Gomes, todas as terras da região
são pequenas. Ao todo, são 150
mil hectares para 35 mil índios, que
acabam sendo alvo de uma grande disputa interna
por espaço. É uma luta em que
o estado está ao lado do índio.
"Recuperar terra é difícil
no mundo inteiro, em alguns países
nem se fala mais nesse assunto, mas o Brasil
tem se esforçado", disse.