01.07.2006
- Quatro delegados da Expedição
Juruena-Apuí - Francisco Livino, representante
da Direc-Ibama, Marcos Pinheiro, coordenador
da Expedição Juruena-Apuí,
do WWF-Brasil, Cláudio C. Maretti,
coordenador do Programa de Áreas Protegidas
e Apoio ao Arpa, e Lúcio da Silva,
cinegrafista - saíram antes da expedição
para vir participar da reunião com
o Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável de Apuí.
Não se pode dizer
que a cidade de Apuí, como expressa
pela voz do seu Conselho Municipal de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
tenha demonstrado apoio efusivo ao Parque
Nacional Juruena. Ao contrário, mostraram
preocupação principalmente com
o destino das pessoas da comunidade da Barra
de São Miguel e demais moradores ribeirinhos.
Segundo eles, foi combinado consultar e discutir
um destino para essa comunidade e outras,
antes de avançar com a criação
do parque nacional. Também levantaram
o fato da criação de um assentamento
agro-extrativista criado pelo Incra na região.
Entretanto, além
de haver explicações e alternativas
aos problemas colocados, essa postura não
representou oposição à
política ambiental. A comunidade da
Barra de São Miguel, sua área
de ocupação mais imediata, mas
provavelmente não sua área de
extrativismo, ficou fora do Parque Nacional
Juruena. Essa comunidade, que foi importante
pólo produtor e comercializador de
borracha, hoje vive praticamente à
base do garimpo no rio Teles Pires. A sede
da comunidade fica ao lado da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (estadual) do Bararati,
parte do Mosaico de UCs do Apuí.
O presidente da Câmara
Municipal, representante de associação
de madeireiros, representante de ribeirinhos
e outros fizeram questão de ressaltar
que se sentem, pretendem continuar e querem
ser reconhecidos como uma cidade modelo em
termos de conservação ambiental
e desenvolvimento sustentado.
Entretanto, colocaram duas
limitações a esse seu interesse.
Dizem que estão sendo invadidos por
‘fazendeiros’, tanto do Mato Grosso, como
do Pará. Pediram mais atenção
para o combate à grilagem, proteção
às comunidades das ameaças dos
grileiros, dar segurança para as atividades
tradicionais dos ribeirinhos. Duas reivindicações
de reservas extrativistas foram colocadas.
Antonio Rozeno da Silva, representante dos
ribeirinhos, com vínculo especial com
as comunidades de Prainha, Padre Cícero,
Salvaterra, Peão Tuba, Natal e Areal,
todas no rio Aripuanã (a juzante da
RDS estadual Aripuanã), reclama a atenção
para a reivindicação da Reserva
Extrativista do Rio Aripuanã, que já
tem processo na Disam-Ibama, constando inclusive
como passível de apoio do Arpa. Diz
que haverá reunião com as comunidades
e o Ibama em julho para esse fim. Mas,com
anos de espera, já começa a
descrer. Isso, sobretudo, porque já
há gente saindo da área. Creio
que um estudo sociológico pode determinar
quem é parte das comunidades interessadas,
mesmo que tenham sido obrigado a abandonar
a área pelos grileiros recentemente.
Ele também denuncia que os grileiros
têm entrado na área alegando
apoio do Ibama para sua ação.
Outra área reclamada
é a da comunidade do Sucunduri. Rosa
Cotrim manifestou expectativa de que o Ibama
(Disam) iniciará estudos e trabalhos
brevemente, ainda em julho, para avaliar a
possibilidade e interesse para criação
da Reserva Extrativista do Rio Sucunduri,
que já tem processo na Disam-Ibama,
constando inclusive como passível de
apoio do Arpa, também a juzante do
Mosaico de UCs de Apuí.
Mas não é
só isso que Apuí reclama. Os
representantes da cidade reclamam mais atenção
e agilidade para permitir a exploração
florestal regular e sustentada. Querem também
mais presença dos órgãos
ambientais e apoio para recuperação
florestal e educação ambiental.
A Expedição
Juruena-Apuí reafirmou, em nome das
instituições parceiras, o interesse
de apoiar a implantação do Parque
Nacional Juruena o mais rapidamente possível
e, assim como já começou a acontecer
com o Mosaico de UCs de Apuí, buscar
uma gestão baseada em conhecimento
científico e participação.
Também reafirmou o interesse de que
o plano de manejo do Parque Nacional Juruena
não seja apenas voltado para dentro,
mas também se preocupe em promover
atividades sustentáveis no seu entorno.
Declaramos também a possibilidade de
apoio às reivindicações,
se trabalharmos em parceria, inclusive quanto
às demandas das comunidades locais
para criação das reservas extrativistas.
Por Cláudio Maretti