11/07/2006
- O Brasil tem condições de
aumentar de forma exponencial a produção
de cana-de-açúcar e etanol.
A área plantada com cana atualmente
é de 2 milhões de hectares,
mas existe o potencial de incorporação
de outros 22 milhões de hectares que
são ocupados hoje com outras culturas.
A ampliação da área plantada
com cana, segundo o ex-ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues,
será viabilizada sem invadir a Amazônia.
Rodrigues está na
Alemanha como representante oficial do governo
brasileiro para participar do Encontro Econômico
Brasil-Alemanha, em Berlim, e do Seminário
do Agronegócio Brasileiro, em Frankfurt.
Rodrigues explicou que
a plantação de cana está
avançando principalmente sobre áreas
de pastagem já existentes na região
Centro-Sul do Brasil e até mesmo sobre
plantações de laranjas. Ele
afastou qualquer possibilidade de a expansão
das lavouras de cana brasileira se dar na
região da floresta amazônica.
Segundo o representante do governo brasileiro,
existem razões econômicas e técnicas
que inviabilizam a produção
de cana na Amazônia. “Primeiro, porque
é muito distante dos centros de consumo
e de exportação; segundo, porque
a cana não passa de um bambu cheio
de açúcar e como chove todos
os dias naquela região, a cana não
consegue concentrar sacarose. Ou seja, não
existe nenhuma chance de haver desmatamento
na Amazônia para produzir cana”, explicou.
Em exposição
a empresários e industriais brasileiros
e alemães em Berlim, Rodrigues sugeriu
aos países da União Européia
que passem a produzir etanol em vez de açúcar
a partir da beterraba, evitando a difícil
competição com o açúcar
de cana produzido pelo Brasil. Dessa forma,
segundo ele, os europeus poderão manter
e até aumentar sua produção
de etanol.
Para evitar complicações
futuras, uma vez que o etanol produzido na
Europa poderia ter dificuldades de concorrer
com o etanol do Brasil, Roberto Rodrigues
apontou uma saída: “Proponho que seja
criado um mecanismo de proteção,
como o que existe para o açúcar
de beterraba europeu, mas dentro de uma solução
negociada”.
Rodrigues disse ainda que
do ponto de vista social, os biocombustíveis
representam um grande avanço e uma
grande possibilidade que se abre aos países
tropicais, já que esses são
os que tem melhores condições
para produzir etanol. Por isso, ele sugeriu
que a Alemanha se engaje em um projeto semelhante
ao que está sendo feito pela Grã-Bretanha
em parceria com o Brasil que prevê a
produção de etanol na África
com tecnologia brasileira e investimentos
britânicos.
O representante do governo
brasileiro observou que os biocombustíveis
são uma opção óbvia,
e se surpreende que haja quem se oponha ao
projeto. Segundo ele, desde o começo,
a indústria do petróleo foi
contra o programa brasileiro de estímulo
à produção e consumo
de álcool (criado há três
décadas) por considerá-lo uma
ameaça, mas atualmente isso mudou.
“Hoje os biocombustíveis
são percebidos não mais como
uma ameaça, mas como uma possibilidade
de prorrogação do império
do petróleo”, disse Rodrigues. O ex-ministro
destacou ainda a importância do H-Bio,
nova tecnologia de produção
de biodiesel desenvolvida pela Petrobrás,
que está sendo considerada uma revolução
em matéria de energia. Essa tecnologia
consiste em misturar óleo vegetal bruto
ao óleo cru, com várias vantagens
sobre o processo tradicional, entre elas a
de evitar a formação de glicerina.