13/07/2006
- O Brasil tem um aliado de peso em sua campanha
na Alemanha para atrair novos consumidores
e mercados para o uso de biocombustíveis.
A Ford anunciou, em seminário sobre
o agronegócio brasileiro na Alemanha,
que o carro “verde” está no centro
da estratégia da empresa.
Norbert Krueger, gestor
de sustentabilidade e cidadania corporativa
da Ford na Alemanha, lembrou que o pioneiro
Henry Ford popularizou os primeiros automóveis
no mundo com um modelo simples e que coubesse
no orçamento da maioria. Agora, a Ford
decidiu que o modelo é o “verde”, ou
seja, o carro que não polui, usa energia
sustentável do ponto de vista social
e do meio ambiente.
Por isso, a montadora está
investindo na popularização
dos veículos movidos a biocombustíveis,
especialmente os carros movidos a etanol.
Na questão da bioenergia e sua importância
para o mundo, a Ford tem uma visão
parecida com a do Brasil, segundo Krueger.
“Os interesses realmente são coincidentes”,
disse ele.
A Suécia é
o país da Europa que está dando
maior espaço ao etanol. O governo sueco
lançou, em 2001, um programa em conjunto
com empresários e consumidores para
deixar o país “livre de petróleo
até 2030”, segundo o executivo da Ford.
Atualmente, a Suécia já tem
22 mil veículos com motores flex-fuel
e 360 postos que vendem etanol. Já
estão em andamento projetos importantes
com apoio dos governos na Noruega, Grã-Bretanha,
Espanha e França.
De acordo com o representante
da Ford, o sucesso da estratégia para
popularizar o uso do etanol na Europa ainda
depende de algumas questões importantes,
como o preço. “Esse combustível
tem que ter preços acessíveis”,
disse Krueger.
Outra questão decisiva
para o sucesso dos biocombustíveis,
segundo o executivo da Ford, é que
esse produtos precisam ser produzidos de forma
responsável do ponto de vista do meio
ambiente e do social.
“O etanol tem que ser limpo
ecologicamente e socialmente. Isso é
chave no mercado da Alemanha”, disse, observando
que a mídia alemã tem criado
uma imagem às vezes negativa das plantações
de cana de açúcar do Brasil.
De acordo com a mídia
alemã, muitas vezes as plantações
de cana de açúcar provocaram
derrubada da floresta ou são feitas
com a utilização de trabalhos
forçados.
O ex-ministro da Agricultura
Roberto Rodrigues, que representou o governo
brasileiro no Seminário do Agronegócio
brasileiro em Frankfurt, explicou que é
tecnicamente impossivel produzir cana de açúcar
na região da floresta amazônica.
“Chove muito na região. A chuva em
excesso impede que a cana produza sacarose,
tornando-se apenas um bambu”, explicou Rodrigues.
“Quanto à questão
de trabalhos em más condições,
temos que ter o cuidado de não generalizar.
São casos isolados e o governo atua
com firmeza para combatê-los. Mais ainda,
se observarmos a classificação
da ONU de acordo com o Indice de Desenvolvimento
Humano (IDH), vamos ver que esse índice
subiu justamente nos municípios em
que a cana de açucar se instalou”,
acrecentou o ex-ministro.
Rodrigues também
reconheceu a necessidade de informar a sociedade
alemã sobre como é efetivamente
a realidade brasileira. “É preciso
criar um canal de comunicação
com a comunidade alemã para que a questão
da sustentabilidade ambiental e social da
produção de etanol no Brasil
seja conhecida e fique mais evidente.