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ALDEIA JAVAÉ COMEMORA ANIVERSÁRIO DA HOMOLOGAÇÃO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2006

20 de julho - Em cena estavam os belos adereços que marcam o ritual do aruanã: a vestimenta de palha sobre o corpo de dois homens, com máscaras e altos cocares de penas de araras; pintura corporal de jenipapo e chumaços de penas brancas sobre a pele de duas jovens mulheres que os acompanham na dança. Idas e vindas pelo pátio central da aldeia Javaé Boto Velho, chamada de Inywebohona, cantando músicas junto de chocalhos.

A celebração pelo primeiro ano da homologação da Terra Indígena Iñawébohona, localizada na Ilha do Bananal (TO), na sexta-feira 14 de julho, reuniu cerca de 500 pessoas, incluindo representantes de comunidades vizinhas, como Karajá e Xerente. Entre as autoridades, estavam o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira Gomes, o embaixador da Austrália, Peter Heyward, com sua mulher Susan, a Secretária de Trabalho e Ação Social do Tocantins, Valquíria Moreira Rezende, o procurador da República Mário Lúcio Avelar, deputados e o vereador de origem indígena do Município Lagoa da Confusão, José Hani Karajá.

“É uma luta de mais de trinta anos pelo reconhecimento de nosso território tradicional”, lembrou, na abertura da cerimônia, o cacique Wagner Javaé. Liderança jovem na aldeia, Wagner passou a palavra para os mais velhos, como Miguel e Ronaldo. “Sofremos muito com posseiros e invasores, e ainda tivemos que provar que cuidamos bem de nossa terra”, desabafou Miguel.

Ele fazia referência à sobre posição da Terra Indígena sobre a unidade de conservação ambiental. Iñawébohona está localizada ao nordeste da Ilha do Bananal, cercada pelos rios Javaé e Araguaia, dentro do Parque Nacional do Araguaia, unidade de conservação protegida pelo Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Nas discussões políticas durante o processo de homologação, contou a ancestralidade do território. E prevaleceu o aspecto cultural da área, agora protegido com uma dupla afetação pela lei.

Desde o governo Getúlio Vargas, no início dos anos 30, que índios Karajá, Javaé e Xambioá, considerados povos irmãos, ganharam status como um dos principais povos indígenas brasileiros. “Souberam, como poucos, manter a integralidade de uma das mais ricas culturas de nosso País, com luta e resistência que começa a ser reconhecida pelo direito nacional”, disse o presidente da Funai, Mércio Gomes. “Mostraram a toda a humanidade a grande habilidade que possuem com suas longas canoas, o conhecimento que possuem sobre as águas, as cheias, a agricultura em terrenos difíceis, e encantaram desde os primeiros contatos com a beleza de seus rituais”, complementou.

Encantamento que cativou o embaixador da Austrália, em seu primeiro contato com os povos indígenas do Brasil. “Compartilho a alegria de vocês nesse momento, pelo reconhecimento da luta de um povo indígena pela sua terra. E levo para o meu país, que também possui uma grande população indígena, esta bela experiência”, disse Peter Heyward. Como lembrança, ele ganhou uma borduna do cacique Miguel, símbolo guerreiro dos Javaé.

A festa teve a fartura de muitos peixes pescados pelos próprios Javaé, farinha e gado. E mais danças e cantos. Puxados pelo canto de Juarez Uraiá Javaé, os Javaé desfrutaram o momento e celebraram a reconquista de seu território.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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