21-07-2006
– Manaus - Cerca de 500 pessoas de diversas
comunidades estão sendo esperadas,
a partir de amanhã, para participar
da primeira Romaria da Floresta, uma caminhada
de 55 quilômetros, de Anapu ao local
onde a Irmã Dorothy foi assassinada
em fevereiro de 2005. A chegada ao PDS Esperança,
onde ela foi morta com seis tiros, está
prevista para a tarde do dia 24, segunda-feira.
O objetivo da CPT, que organiza
a romaria, é chamar a atenção
para os problemas que ainda persistem na região
de Anapu e exigir que o governo cumpra os
compromissos assumidos logo após o
assassinato. Representantes da Congregação
de Notre Dame de Namur, ordem religiosa à
qual a missionária pertencia, e da
Pax Christi Internacional também já
confirmaram a participação.
Segundo o padre José
Amaro Lopes de Souza, coordenador da CPT de
Anapu, um ano e meio após a morte da
Irmã Dorothy, a enorme lentidão
na implementação dos PDS (Programa
de Desenvolvimento Sustentável) interfere
diretamente na qualidade de vida das populações
locais. “A Irmã Dorothy morreu defendendo
um projeto do governo e o governo, apesar
de todas as promessas feitas após seu
assassinato, ainda não cumpriu seu
papel”, declara padre Amaro.
Na avaliação
de André Muggiati, da Campanha Amazônia
do Greenpeace, ainda há exploração
ilegal de madeira dentro dos PDS. “Em fevereiro
deste ano o Greenpeace encaminhou ao governo
provas dessa exploração ilegal,
mas o problema continua. É necessário
implementar os PDS imediatamente, com financiamento
para as famílias usarem os recursos
florestais de forma sustentável e fiscalizar
os ilícitos ambientais na região”,
afirma Muggiati.
A caminhada também
pretende lembrar a vida e a atuação
da missionária Dorothy Stang, que levou
sua luta em defesa dos moradores da floresta
e de uma convivência harmoniosa do povo
com a floresta, até as últimas
conseqüências. Ela viveu 23 anos
na Transamazônica e morreu assassinada
em Anapu, no Pará, no dia 12 de fevereiro
de 2005.
Em dezembro de 2005, os
executores do crime Raifran Neves Salles,
o Fogoió, e Clodoaldo Batista, conhecido
como Eduardo, foram condenados respectivamente
a 27 e 17 anos de prisão. No dia 18
de abril de 2006, foi condenado o intermediário
do crime Amair Feijoli da Cunha, o Tato, a
18 anos de reclusão. Também
foram presos os mandantes do assassinato,
Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida e Regivaldo
Pereira Galvão, Taradão - a
quem foi concedido, no dia 29 de junho deste
ano, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) habeas
corpus para responder em liberdade ao processo.
Ele está indiciado como um dos formadores
do consórcio responsável por
articular a morte da missionária. O
mesmo benefício não foi estendido
a Bida, a quem foi negado o pedido de habeas
corpus. No próximo dia 17 de agosto,
ocorre o segundo julgamento de Clodoaldo Batista,
devido ao fato de ter recebido pena superior
a 20 anos.