26-07-2006
- São Paulo - O Ministério Público
Federal (MPF) de Uberlândia, em Minas
Gerais, investigará a unidade da Cargill
na cidade para saber se a empresa está
fazendo valer o direito do consumidor à
informação quanto aos alimentos
produzidos a partir de transgênicos.
A investigação também
servirá para verificar se há
omissão do Poder Público na
fiscalização.
Para realizar a investigação,
o Procurador Leonardo Augusto Santos Melo
solicitou ao Greenpeace, no início
de julho, informações sobre
a Cargill e suas atividades relacionadas à
soja. A solicitação do MPF é
resultado da denúncia feita em outubro
do ano passado, quando o Greenpeace divulgou
que a soja transgênica estava entrando
nas unidades da Cargill e da Bunge sem qualquer
controle, e que os óleos de soja Liza
e Soya, fabricados pelas empresas, não
traziam qualquer informação
em seus rótulos. O Greenpeace já
compilou e encaminhou ao MPF as informações
solicitadas pelo Procurador.
“Essa iniciativa do Ministério
Público é muito importante,
e esperamos que a investigação
seja realmente levada adiante”, disse Gabriela
Vuolo, da campanha de engenharia genética
do Greenpeace. “Desde que a soja transgênica
foi autorizada pelo governo federal, empresas
do setor de óleo vêm escondendo
do consumidor se estão ou não
usando ingredientes geneticamente modificados
para fabricar seus produtos. Os brasileiros
têm o direito de saber o que estão
comprando e de escolher se querem ou não
comer transgênicos”.
Em outubro de 2005, o Greenpeace
denunciou a utilização de soja
transgênica na fabricação
das duas marcas líderes de óleo
de cozinha no Brasil. Na época, cerca
de 20 ativistas representando consumidores
brasileiros e empurrando 20 carrinhos de supermercado
cheios de latas de óleos Soya, fabricado
pela Bunge, e Liza, fabricado pela Cargill,
desceram a rampa do Congresso Nacional para
entregar formalmente diversos dossiês
contendo as evidências da denúncia.
Os dossiês foram entregues ao Ministério
da Justiça, ao Ministério Público
Federal e aos deputados Fernando Gabeira (PV-RJ)
e João Alfredo (PSOL-CE), da Comissão
de Meio Ambiente da Câmara, reivindicando
o cumprimento do decreto que determina a rotulagem
dos produtos fabricados com matéria-prima
transgênica.