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de Agosto de 2006 - Marabá (Pará)
- Depois de retirar invasores da Terra Indígena
Kayapó e apreender equipamentos usados
por eles para desmatar, a Operação
Kayapó busca mais peças para
completar o quebra-cabeças da grilagem
(forma ilegal de venda de terras) na região.
A decisão é avançar floresta
amazônica adentro para descobrir novos
focos de derrubada de mata e pessoas que,
antes de sair dali, poderão dar informações
sobre quem tem vendido e comprado pedaços
daquele território – que, pela Lei,
deveria ficar à parte de negociações
fundiárias, pois tem como finalidade
garantir a existência dos índios
no exercício de sua cultura. Alguns
nomes de suspeitos começam a se repetir.
A ação reúne
a Fundação Nacional do Índio
(Funai), a Polícia Federal (PF) e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Seus alvos se estendem à extração
ilegal de madeira (ilegalidade freqüentemente
conjugada à grilagem) e ao garimpo.
Na última quarta-feira
(2), a operação encontrou seis
pessoas instaladas ilegalmente na terra indígena.
Elas prestaram esclarecimento à polícia
e tiveram que deixar o local, após
entregar aos agentes as foices, a motosserra,
as espingardas de baixo calibre e o revólver
38 que portavam. Deixaram para trás
barracões improvisados na mata, mantimentos,
alguns alqueires de queimadas (pelo padrão
regional, um alqueire corresponde a cerca
de cinco campos de futebol) e clareiras a
caminho do mesmo tratamento. Isso sem falar
no próprio esforço, já
que os seis afirmaram ainda não ter
recebido o pagamento integral pelo serviço.
O delegado que chefia a
Operação Kayapó, Antônio
Delfino de Castro Neto, explicou à
Radiobrás que, paralelamente ao trabalho
de campo, a PF deve instalar inquérito
para começar a tomar depoimentos das
pessoas envolvidas. “Isso deve acontecer nos
próximos dias”, adiantou.
Os invasores ouvidos pela
operação relataram que quem
encomendou o trabalho negou que o local fosse
terra indígena demarcada. Na região,
é comum o ciclo de queimar uma área,
transformá-la em pastagem e colocar
gado nela cerca de um ano depois.
Ontem (3), policiais e funcionários
da Funai e do Ibama sobrevoaram a terra indígena.
Segundo o chefe do Núcleo de Apoio
da Funai em Tucumã (PA), Odenildo Coelho
da Silva, o número de pontos desmatados
parece ser o mesmo do fim do ano passado –
quando o órgão obteve imagens
de satélite da área –, mas alguns
deles mais do que dobraram em extensão.
Também por via aérea, puderam
ser vistas áreas incendiadas recentemente,
ainda com restos de fumaça, a quilômetros
de distância de qualquer estrada vicinal.
A previsão é
de que a operação, com a qual
colaboram diretamente dois Kayapó,
dure um mês. Na aldeia Kikretum, uma
das que compõem a terra indígena,
os guerreiros se pintaram para combate e avisam:
se insistirem depois desta investida, os kuben
(brancos) intrusos terão problemas.
Pedro Biondi
Retirada de invasores em terra indígena
Kayapó deve levar mais um mês
3 de Agosto de 2006 - Terra
Indígena Kayapó/PA - Policial
acompanha dois invasores encontrados desmatando
uma área na terra indígena,
no sudeste do Pará. A Operação
Kayapó, destinada a combater grilagem
de terras, extração ilegal de
madeira e garimpo, só deve terminar
em trinta dias, prevê o delegado da
Polícia Federal Delfino de Castro Neto.
Ourilândia do Norte
(PA) - A operação iniciada ontem
(2) para combater a grilagem de terras, a
extração ilegal de madeira e
o garimpo na Terra Indígena Kayapó,
no sudeste do Pará, só deve
terminar em trinta dias. A previsão
é do delegado da Polícia Federal
Delfino de Castro Neto, chefe da operação.
Funcionários do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação
Nacional do Índio (Funai), ajudam nas
buscas. “Vamos avançar mata adentro
para chegar aos demais focos de invasão.
Precisaremos de mais um mês pra concluir
a operação”, disse o delegado,
em entrevista à Agência Brasil.
Seis pessoas já foram
encontradas na terra indígena. Detidas,
elas acabaram liberadas após depoimento.
A Funai estima que o número de invasores
chegue a 50. “Nós identificamos os
nomes de alguns responsáveis, tanto
os compradores como os vendedores”, contou
o chefe da operação. A presença
dos invasores na Terra Indígena Kayapó
foi identificada há cerca de um ano,
após denúncia dos índios.
A confirmação veio a partir
de sobrevôo pela área e com o
uso de imagens de satélite. Foram constados
19 focos de desmatamento. A terra indígena
possui cerca de 3,3 milhões de hectares
– cada hectare corresponde a um campo de futebol.
Pedro Biondi