09/08/2006 - A CETESB foi indicada para
assumir a condução do detalhamento
da proposta da Rede Latino-Americana de Prevenção
e Controle da Contaminação do
Solo e das Águas Subterrâneas
- RELASC, lançada hoje (9/08), no seminário
internacional sobre áreas contaminadas
realizado na sede da agência ambiental
em São Paulo. Conforme a proposta divulgada
no evento, a RELASC irá envolver os
países latino-americanos, sendo sustentada
e apoiada por organizações públicas
e privadas, visando estimular a produção,
disseminação e o intercâmbio
de conhecimentos e informações
sistematizadas no âmbito do gerenciamento
e da revitalização de áreas
contaminadas e da prevenção
da contaminação de solos e águas
subterrâneas.
De acordo com a proposta, à CETESB
caberá assumir a responsabilidade pelo
gerenciamento e manutenção da
Rede, com apoio político-institucional
do Ministério do Meio Ambiente - MMA
e a assistência especializada da Agência
Alemã de Cooperação Técnica
- GTZ, que já vem colaborando com a
agência ambiental paulista na elaboração
e aperfeiçoamento de um sistema de
gestão de áreas contaminadas
desde 1993.
Entre outros representantes de instituições
governamentais e privadas do Brasil, México,
Chile, Argentina e Uruguai, além da
Alemanha, estiveram presentes ao seminário
a secretária-adjunta do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo, Suani Teixeira
Coelho, o presidente da CETESB, Otavio Okano,
o secretário de Qualidade Ambiental
do MMA, Victor Zular Zveibil, o cônsul-geral
adjunto da Alemanha em São Paulo, Thomas
Terstegen, e o presidente da GTZ no Brasil,
Detlev Ullrich.
No Estado de São Paulo, 1.664 áreas
contaminadas
O presidente Otavio Okano lembrou que a CETESB
vem há alguns anos disponibilizando
em seu site na internet a relação
de áreas contaminadas no Estado de
São Paulo, que foi inclusive atualizada
no dia de ontem, já com o registro
de 1.664 áreas comprovadamente contaminadas,
e que a expectativa é de que esse número
aumente, principalmente em função
da obrigatoriedade de licenciamento ambiental
pelos postos de combustíveis, que hoje
representam 73% da lista de áreas contaminadas
no estado.
Em maio de 2002, a CETESB divulgou a existência
de 255 áreas contaminadas no estado,
em outubro de 2003 apresentou nova lista com
727 áreas, em novembro de 2004, outra
relação, com 1.336 áreas,
em maio de 2005 registrava 1.504 locais e,
em novembro de 2005, 1.596 áreas.
Okano também destacou os trabalhos
desenvolvidos com a GTZ, que têm possibilitado
à CETESB posicionar-se na vanguarda
da questão no Brasil, recordando, ainda,
da importância das visitas técnicas
feitas à Agência Federal de Meio
Ambiente da Alemanha - UBA, no ano passado,
quando os representantes da agência
paulista puderam conhecer as experiências
da instituição alemã
na gestão de áreas contaminadas.
Por fim, ele ressaltou a importância
da criação da Rede Latino-Americana,
lembrando, entre outros, que, no caso do Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai, há a
preocupação em comum no que
se refere à efetiva preservação
do Aquífero Guarani.
Problema ambiental e econômico
O diretor de Engenharia, Tecnologia e Qualidade
Ambiental da CETESB, Lineu Bassoi, fez uma
breve explanação da proposta
de Rede e do documento gerado no “1º
Encontro de Stakeholders”, que havia ocorrido
no dia 8/08, também em São Paulo,
em que participaram 23 representantes das
instituições envolvidas, do
Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, México
e Alemanha.
A contaminação do solo e das
águas subterrâneas representa
para todos os países da América
Latina um problema ambiental e econômico,
principalmente nos grandes centros urbanos
e nas áreas de uso intensivo de produção
industrial ou de exploração
de recursos naturais.
Por outro lado, percebe-se uma falta de estruturação
e disponibilidade de informações
sobre o tema, em língua espanhola e
portuguesa, assim como um intercâmbio
regional bastante tímido, em decorrência
de estruturas institucionais e setoriais pouco
desenvolvidas, entre outros fatores, além
de existir uma demanda crescente por soluções
técnicas, tecnológicas e gerenciais,
tanto quanto por capacitação
e treinamento específico. Desta forma,
a criação da RELASC vem ao encontro
de solucionar parte destes problemas detectados.
De acordo com o diretor da agência
ambiental paulista, a idéia de se criar
a Rede Latino-Americana surgiu do contexto
da cooperação técnica
Brasil-Alemanha, principalmente dos trabalhos
desenvolvidos pela CETESB e GTZ. Reconhecendo
a crescente importância do tema, o MMA
apresentou, por ocasião da 15a Reunião
do Foro de Ministros de Meio Ambiente 2005
da América Latina e do Caribe, a idéia
da Rede. Em função da recepção
positiva por parte de outros países,
o MMA e a CETESB, com apoio da GTZ, tomaram
a iniciativa de elaborar uma proposta inicial
da RELASC.
Entre os produtos e serviços propostos,
da Rede, destacam-se a criação
de um portal na internet, com objetivo de
facilitar o intercâmbio de informações
e a comunicação entre os participantes,
a disponibilização e fornecimento
de informações específicas
sobre aspectos legais e institucionais, formação
de grupos de discussão, divulgação
de estudos de caso sobre boas práticas
e de informações sobre técnicas
e tecnologias relevantes, além de relação
de prestadores de serviços especializados
e de cursos e eventos.
A proposta inicial para a organização
da RELASC inclui como elementos centrais uma
instituição gerenciadora e um
Comitê Coordenador, tendo sido indicada
a CETESB para assumir a responsabilidade pelo
gerenciamento e a manutenção
da Rede, dada a sua experiência na área.
O Comitê Coordenador deverá ser
formado por representantes dos vários
países integrantes da Rede, com atribuição
principal de fornecer diretrizes, orientações
e apoio institucional. Para atender as necessidades
de criar interfaces com experiências
e redes fora da América Latina, pretende-se
formalizar uma parceria entre a CETESB e a
Agência Ambiental da Alemanha - UBA,
que, por sua vez, coordena o portal europeu
de informações.
Início das operações
em 2007
E conforme o “Documento Final do 1º
Encontro de Stakeholders”, que teve o objetivo
de buscar um consenso sobre a concepção
e a organização da futura Rede,
concluiu-se pelas seguintes propostas, entre
outras: que a CETESB se encarregue de conduzir
o detalhamento da proposta envolvendo outros
atores brasileiros neste processo; que a GTZ
continue dando assistência técnica
a CETESB nesta tarefa; que o MMA siga apoiando
política e institucionalmente a iniciativa;
que a UBA se empenhe em transferir as experiências
alemãs e européias na gestão
de redes ligadas ao tema; que o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
- PNUMA preste apoio na articulação
institucional no âmbito latino-americano;
e que seja realizado um segundo encontro de
stakeholders, no primeiro semestre de 2007,
incluindo outros países latino-americanos
que não participaram desta fase inicial
dos trabalhos, com a finalidade de validar
a concepção final da Rede e
dar início à sua operação.
Tanto o representante do MMA, que também
falou em nome do PNUMA no Brasil, como os
representantes das instituições
governamentais do Uruguai, Argentina, Chile
e México presentes fizeram vários
elogios e comentários de apoio à
iniciativa e se comprometeram a participar
e colaborar com a RELASC.
Mário Senaga
Fotografia: Pedro Calado