10/08/2006
- Maior produção e melhor produtividade
das culturas, solos mais férteis e
respeito ao meio ambiente. Estas são
as principais vantagens do manejo sustentável
dos dejetos de aves e animais, na avaliação
do pesquisador Egídio Arno Konzen,
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa).
Há cinco anos, a
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) vêm
desenvolvendo estudos do perfil do solo onde
se utilizam dejetos de suínos como
fertilizante em parceria com a Fundação
de Ensino Superior do Rio Verde e a Perdigão
Agroindustrial, ambas localizadas em Rio Verde-GO.
De acordo com o pesquisador, a complementação
da adubação com o biofertilizante
tem mostrado efeitos positivos nas culturas
do café e do milho, segundo resultados
preliminares.
“A produção
de café normalmente apresenta boa produtividade
num ano e, no ano seguinte, manifesta uma
queda acentuada. O uso do biofertilizante
tem sinalizado para a redução
do efeito da sazonalidade”, explica. Na cultura
do milho, segundo ele, em um experimento de
cinco hectares no município de Patrocínio
(MG) utilizando apenas o biofertilizante como
adubo, foi alcançada uma produtividade
de mais de 9600 kg / hectare, bastante superior
à média do estado.
Na safra de 2005/2006 a
produtividade alcançada foi de 3850
kg / ha, segundo dados da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab). O tema foi apresentado
na última semana durante a Expolucas
2006, realizada em Lucas do Rio Verde-MT,
e no Workshop de Manejo e Utilização
de Dejetos e Biodigestores, que aconteceu
em Brasília (DF).
Impacto Ambiental – O desenvolvimento
da suinocultura intensiva a partir da década
de 1970, especificamente, chamou a atenção
de empresas para o investimento na tecnologia
dos biodigestores como forma de evitar a contaminação
dos recursos naturais. Incentivado pela legislação
ambiental, que prevê estímulos
à atividade por meio de financiamentos,
a adoção de biodigestores nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste já
é uma constante.
“Os dejetos de suínos,
por mais privilegiado que seja seu potencial
como fertilizante, devem ser tratados como
resíduos poluentes”, explica Konzen.
No entanto, ressaltou, “os efeitos indesejados
causados pelo uso dos dejetos como fertilizante
do solo serão menores com a fermentação
em um biodigestor”.
Ainda segundo o pesquisador,
o metano, principal componente do biogás
e obtido da decomposição dos
dejetos de suínos, é considerado
vinte e uma vezes mais nocivo para a atmosfera
que o gás carbônico. “Daí
a necessidade de aproveitamento desse gás
a partir do manejo dos dejetos por meio dos
biodigestores”, explica Egídio.
A tecnologia segue as orientações
do Protocolo de Kyoto, que autoriza a redução
na emissão de gases de efeito estufa,
tema denominado Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), destinado a países em
desenvolvimento.