15
de Agosto de 2006 - Manaus - A Secretaria
Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do Amazonas lançou
hoje (15) em Tefé, cidade-pólo
da região do Médio Solimões,
uma campanha para conscientizar a população
sobre o destino do lixo local. No entanto,
ainda não foram anunciadas medidas
concretas para reabrir o aeroporto do município,
que está fechado há 40 dias,
justamente porque o depósito de resíduos
sólidos fica perto demais da pista
de pouso e decolagem dos aviões.
O fechamento do aeroporto
foi ordenado no dia 6 de julho pela Justiça
Federal, que suspendeu por tempo indeterminado
todos os vôos comerciais para Tefé.
A decisão é fruto de uma ação
civil pública movida pelo Ministério
Público Federal (MPF), a partir de
uma denúncia da Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
Como o lixão fica a apenas dois quilômetros
do aeroporto, a presença de urubus
no local colocava em risco a vida dos passageiros.
A distância mínima exigida pela
instrução número 4 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama)
é de 20 quilômetros.
Segundo nota do governo
estadual, a campanha inclui o lançamento
de concursos públicos para “incentivar
a população a encontrar uma
solução para o lançamento
de resíduos”. Entre as atividades previstas,
estão a premiação da
rua mais limpa e do cartaz escolar com o tema
“Tefé limpa: aeroporto seguro e qualidade
de vida”.
Com 69,5 mil habitantes,
Tefé produz diariamente cerca de duas
toneladas de resíduos sólidos.
Em maio de 2005 a coleta municipal de lixo
ficou interrompida durante 10 dias – também
por uma decisão da Justiça Federal,
fruto do mesmo processo.
“O problema não vem
de agora, então as parcerias podem
ajudar a resolvê-lo”, disse o secretário
municipal de Comunicação de
Tefé, Josué Meirelles. “Mas
ainda aguardamos uma confirmação
de apoio financeiro para a construção
do aterro sanitário". De acordo
com a prefeitura, as obras custariam R$ 600
mil.
Segundo dados do Instituto
de Proteção Ambiental do Amazonas
(Ipaam), órgão vinculado à
SDS, apenas dois dos 62 municípios
do Amazonas (Coari e Itacoatiara) têm
aterros sanitários licenciados. Os
demais não atendem completamente às
regras de segurança ambiental.
Em linha reta, a distância
entre Tefé e Manaus é de cerca
de 525 quilômetros. A cidade recebia
vôos diários da capital amazonense
com destino a Tabatinga, na fronteira com
a Colômbia. Como os dois municípios
não têm ligação
por estrada, a viagem entre eles pode ser
feita agora apenas por rio, em um percurso
de quase três dias – tempo muitas vezes
longo demais para emergências médicas.
A Rico Linhas Aéreas
é a principal companhia que oferecia
vôos para o município – as outras
duas são a Total Linhas Aéras
e a Trip Linhas Aéreas. Segundo a assessoria
de imprensa da Rico, o presidente da companhia,
Mertin Yurtsever, estimou o prejuízo
em pelo menos R$ 300 mil reais, referente
apenas com à venda direta de passagens.
A assessoria informou ainda
que a empresa tinha quatro vôos semanais
de Manaus para Tefé, às segundas-feiras,
terças-feiras, quintas-feiras e sábado
– todos executados por aviões do tipo
Boeing 737. Agora, segundo a companhia, a
linha para Coari (que opera três vezes
por semana, com avião tipo Bandeirantes,
que comporta18 passageiros) está sobrecarregada.
Thaís Brianezi