20
de Agosto de 2006 - Brasília - Descobrir
o que ocorrerá com o clima do planeta
nos próximos anos devido à destruição
das florestas. Esse é um dos desafios
de estudiosos da área climática
e uso da terra, segundo a coordenadora-geral
do Centro de Previsão do Tempo e Estudos
Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), Maria Assunção.
Durante a última
semana, 40 pesquisadores de 13 países
do continente americano reuniram-se no CPTEC,
em Cachoeira Paulista (SP), para integrar
e aprofundar pesquisas sobre o clima nas Américas,
com o objetivo de reduzir efeitos de fenômenos
como secas e inundações e evitar
catástrofes naturais.
“É uma tendência
trabalhar nessa área sem conversar
com outros”, afirmou Assunção
em entrevista à Agência Brasil.
O encontro foi promovido pelo Instituto Interamericano
para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI),
formado por instituições de
pesquisa de 19 países, com apoio do
Inpe e do Ministério da Ciência
e Tecnologia.
De acordo com a coordenadora,
o papel dos pesquisadores é "desenhar
cenários realistas para o futuro".
Alguns desses cenários os cientistas
já sabem. Segundo Assunção,
estudos mostram que o desmatamento e as queimadas
aumentam a temperatura atmosférica,
alteram os períodos de chuvas e provocam
mais doenças respiratórias na
população. “Se você desmata,
altera a temperatura do ar, que fica mais
quente”, disse Maria Assunção.
Dados publicados pelo Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)
reforçam a conclusão de que
os gases resultantes da queima de florestas
e combustíveis fósseis contribuem
para o aquecimento do planeta. Segundo as
informações, a concentração
de gás carbônico (um dos gases
produzidos pelas queimadas) na atmosfera passou
de 280 partes por milhão em 1850 para
as atuais 370 partes por milhão, e
pode chegar a mil partes por milhão
– quase três vezes o patamar atual –
nas próximas décadas. A estimativa
é que a temperatura média global
aumente de dois a seis graus até o
final deste século, de acordo com a
pesquisa. A Amazônia é uma das
regiões que podem se aquecer em excesso.
Carolina Pimentel