Nesta
semana foi anunciada a criação
da RPPN Gavião de Penacho em área
importante para a conservação
da Serra de Maracaju
Campo Grande/MS, 25 de agosto
de 2006 — A porção da Bacia
do Alto Paraguai (BAP) no estado de Mato Grosso
do Sul tem a partir dessa semana uma nova
área protegida em terras privadas.
Na última segunda-feira, dia 21, foi
decretada pela Secretaria de Meio Ambiente
e Recursos Hídricos de Mato Grosso
do Sul (SEMA), a criação da
Reserva Particular do Patrimônio Natural
- RPPN “Gavião de Penacho”. Com 77
hectares, a reserva localiza-se na Fazenda
Araçatuba, no município de Corguinho/MS,
e formará, em conjunto com reservas
contíguas, a proteção
das nascentes da Bacia do Rio Negro.
Com a criação
desta reserva, o estado reúne 32 RPPNs
reconhecidas, somando cerca de 118 mil hectares
em unidades de conservação em
terras privadas que asseguram a proteção
de amostras dos biomas Cerrado e Pantanal.
O reconhecimento da nova área protegida
foi impulsionado com recursos e assessoramento
técnico obtidos pela participação
no 1º Edital do Programa de Incentivo
às RPPNs do Pantanal, lançado
no ano passado. Desenvolvido em parceria pela
Conservação Internacional (CI-Brasil)
e Associação de Proprietários
de Reservas Privadas (REPAMS), o programa
visa auxiliar proprietários rurais
da Bacia do Alto Paraguai no reconhecimento
e implementação de reservas
particulares em suas propriedades. Outras
seis RPPNs estão em processo de reconhecimento
e dez, de implementação, com
auxílio do Programa no estado.
Elessandra Rezende Garcia,
proprietária da Fazenda Araçatuba,
explica que foi incentivada pelo exemplo do
vizinho, Lauro Roberto Barbosa de Souza, presidente
da Repams e proprietário da RPPN Vale
do Bugio. “Ele nos procurou e apresentou a
idéia de RPPN, acabamos entendendo
a importância da preservação
da área porque o gado estava entrando
para beber água, pisoteando as nascentes
de água do córrego Bandeira
onde já era possível ver os
sinais de erosão”, avalia.
O gerente do Programa Pantanal
da CI-Brasil, Sandro Menezes, observa que
a ação das organizações
busca o estímulo à criação
de um conjunto de reservas contíguas
na região. As duas reservas já
reconhecidas na área, Gavião
do Penacho e Vale do Bugio, somam uma área
conjunta de quase 160 hectares e há
perspectiva de ampliação com
a adesão de novos proprietários
rurais. “Se não conservarmos as nascentes,
acabamos comprometendo o Pantanal”, lembra,
observando que as duas reservas protegem ainda
espécies como o gavião-de-penacho
(Spizaetus ornatus). Essa ave era abundante
nas matas da região, e hoje está
restrita a alguns pontos isolados, onde ainda
existem remanescentes florestais.
Com o reconhecimento da
reserva, a proprietária pretende dar
continuidade às ações
de benfeitorias na área para futuramente
desenvolver atividades alternativas à
criação de gado. “A intenção
é construir, no futuro, uma trilha,
para oferecer atividades de ecoturismo já
que o local tem potencial para isso”, explica
Elessandra, que aguarda o resultado do 2º
edital do Programa em que encaminhou proposta
para efetivar as melhorias na RPPN. Segundo
a proprietária também está
em negociação uma possível
parceria com a Universidade Católica
Dom Bosco para a realização
de pesquisas na área.
O que é uma RPPN?
Reserva Particular do Patrimônio Natural
ou RPPN é uma categoria de área
protegida prevista nas legislações
Federal e do Estado de Mato Grosso do Sul,
na qual a decisão de proteger recursos
naturais e paisagens parte do proprietário,
sem desapropriação. Criada em
perpetuidade, sem restrição
quanto ao tamanho, a RPPN pode abrigar atividades
de pesquisa científica, turismo ou
educação ambiental.
A Conservação
Internacional (CI) foi fundada em 1987 com
o objetivo de conservar o patrimônio
natural do planeta - nossa biodiversidade
global - e demonstrar que as sociedades humanas
são capazes de viver em harmonia com
a natureza. Como uma organização
não-governamental global, a CI atua
em mais de 40 países, em quatro continentes.
A organização utiliza uma variedade
de ferramentas científicas, econômicas
e de conscientização ambiental,
além de estratégias que ajudam
na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente.
A Conservação Internacional
tem sede em Belo Horizonte-MG. Outros escritórios
estão estrategicamente localizados
em Brasília-DF, Belém-PA, Campo
Grande-MS e Salvador-BA. Para mais informações
sobre os programas da CI no Brasil, visite
www.conservacao.org
A REPAMS é uma sociedade
civil, sem fins lucrativos, com sede no estado
de Mato Grosso do Sul. Congrega proprietários
de RPPN – Reserva Particular do Patrimônio
Natural, sendo seu principal objetivo preservar
o meio ambiente em áreas particulares,
contribuindo desta forma para o aumento, em
área e qualidade, das unidades de conservação.
A REPAMS promove a divulgação
das Reservas Privadas, e de seus objetivos
de conservação, e atua em parceria
com o poder público e ONGs no apoio
a gestão de unidades existentes e na
criação de novas RPPNs. Para
mais informações sobre a REPAMS,
visite www.repams.org.br