30
de Agosto de 2006 - Julio Cruz Neto - Enviado
especial* - Terra Indígena Kayapó
(Pará) - A Aldeia Kikretum serve como
base para a Operação Kayapó,
que ainda precisa acabar com três garimpos,
na opinião do coordenador da Funai
Izanoel dos Santos
Aldeia Kikretum (Pará)
- Existem ainda outros três garimpos
ilegais nas terras dos índios Kayapó,
ao sul do Pará, disse o coordenador
de Patrimônio e Meio Ambiente da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Izanoel
dos Santos.
Nas últimas semanas,
a Operação Kayapó, realizada
em conjunto pela Funai, Polícia Federal
e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
expulsou e prendeu invasores nas terras indígenas
da região que praticavam desmatamento
ilegal, grilagem e garimpo.
“Ainda tem três garimpos,
só que com anuência de um grupo
de indígenas”, contou Santos à
Agência Brasil, durante visita à
terra kayapó. Ele diz que a Funai pretende
expulsar mais estes invasores, mas pondera
que esta situação é mais
complicada.
“Tirar, a gente tira tudo
em dez dias, porque é num lugar só.
O problema é deixar desocupado depois.
O lugar é muito grande e vai ter sempre
gente invadindo”, explicou. No início
do mês, as autoridades, ajudadas por
alguns índios, retiraram um grupo de
trabalhadores de outra região na terra
kayapó, mas não mantiveram o
acampamento ocupado. Os invasores voltaram
e queimaram os barracos, em represália
à ação da retirada.
O coordenador da Funai garante
que todas as invasões na região
estão detectadas, mas reconhece que
alguns pontos de desmatamento mais sutis podem
passar despercebidos, por causa do “corte
raso”. São máquinas que extraem
apenas madeira de lei, sem derrubar árvores
em grande quantidade, dificultando o flagrante
em sobrevôos.
Outra dificuldade enfrentada
no combate à invasão da terra
indígena é a falta de elementos
facilmente visíveis de demarcação.
Elementos que, de fato, mostrem que a partir
daquele determinado ponto o homem branco sem
autorização não é
bem-vindo.
“O pico de demarcação
é importante. Quando não existe,
favorece os invasores, que podem alegar que
não agiram de má fé”,
afirma Eimar Araújo, coordenador da
Operação Kayapó. Ele
calcula que, no ponto onde foi realizada a
primeira etapa da operação,
nunca houve manutenção desde
que a terra foi demarcada, em 1991. “Antigamente
acreditávamos que bastava demarcar,
mas hoje vemos que é necessário
fiscalizar”.
A Operação
Kayapó está garantida até
13 de setembro. Os índios pedem que
seja prorrogada até novembro, quando
começa a época de chuvas, que
dificulta a ação de invasores.
*A reportagem viajou a convite
da Fundação Nacional do Índio
(Funai).