30/08/2006 - A operação Euterpe
da Polícia Federal (PF), destinada
a desarticular uma quadrilha que fraudava
a fiscalização ambiental no
Rio de Janeiro, formada por empresários
e servidores do Ibama resultou na prisão
de 32 pessoas, sendo 25 servidores públicos
federais e sete empresários da região
ligados aos setores pesqueiro e imobiliário.
A ação foi deflagrada pela PF,
em parceria com o Ibama, na madrugada desta
quarta-feira (30).
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
e o presidente do Ibama, Marcus Barros, estiveram
no Rio de Janeiro acompanhando de perto a
operação, considerada a maior
já realizada pela Polícia Federal
fora da Amazônia. Segundo Marina Silva,
os funcionários envolvidos correspondem
a 20% do efetivo do Ibama no estado. Ela adiantou
que, como medida emergencial, está
sendo estudada a transferência de servidores
de outros estados para suprir a deficiência
do quadro. "Nós queremos expurgar
o mau funcionário da instituição
e valorizar o bom. Estamos fazendo um esforço
muito grande para que se combata os crimes
ambientais pela raiz", disse. Segundo
Marina Silva, o Ministério tem atuado
em várias frentes para preservar o
meio ambiente. "Estamos atuando no combate
às práticas ilegais, no desmonte
de quadrilhas organizadas, no apoio a atividades
produtivas sustentáveis, tudo isso
com uma articulação integrada
com vários setores", explicou.
Ela disse ainda que, nesse contexto de moralização,
de injetar nova vida ao espaço institucional,
foram feitos concursos públicos que
resultaram na contratação de
1400 novos analistas ambientais, elevando
o efetivo do Ibama para 6.400 servidores,
além da melhoria da condição
salarial com aumento médio de 120%
nos salários.
A operação Euterpe é
a 12ª grande operação que
a Polícia Federal realiza em conjunto
com o Ibama, desde 2003, no combate à
corrupção de servidores públicos
e no desmonte de quadrilhas especializadas
em crimes ambientais. As investigações
tiveram início em julho de 2005, após
denúncias de um servidor do Ibama,
que mencionou a ocorrência de irregularidades
na Reserva Biológica do Tinguá,
em Nova Iguaçu/RJ.
"Não se protege o meio ambiente
apenas com repressão e força,
mas as ações de comando e controle
são fundamentais. Os criminosos têm
que saber que não podem contar com
a certeza da impunidade. Aqueles que achavam
que era apenas uma operação
esporádica já podem verificar
que essa é a 12ª e o nosso trabalho
vai continuar", declarou Marina Silva.
Os servidores públicos federais envolvidos,
responsáveis pela fiscalização
do Ibama, extorquiam empresários do
ramo imobiliário, comercial e industrial,
e vendiam pareceres técnicos favoráveis
a seus respectivos empreendimentos, quase
sempre localizados em áreas de proteção
ambiental. Outra vertente da atuação
da quadrilha era o recebimento de propina
relacionada à pesca da sardinha e do
camarão, realizada no período
do defeso - época de procriação
da espécie. Os presos responderão
pelos crimes de formação de
quadrilha, corrupção passiva,
corrupção ativa, violação
de sigilo funcional, concussão e crimes
ambientais.
Nas 12 operações da PF, já
foram presas 357 pessoas, sendo 93 servidores
do Ibama e 15 servidores públicos de
outras instituições.
Daniela Mendes