30
de Agosto de 2006 - Cecília Jorge -
Repórter da Agência Brasil -
Brasília - O Brasil precisa investir
em capacitação profissional
para atender o crescimento da produção
de biodiesel. A avaliação é
do professor Expedito Parente, pioneiro das
pesquisas sobre o biocombustível. “Vai
ter uma demanda muito grande de treinamento
para essa gente, porque se espera que haja
centenas de usinas de biodiesel no Brasil.
Então, são milhares de técnicos
especializados que necessitarão de
ser capacitados”, disse.
Parente foi homenageado
hoje (30) no 1º Encontro Nacional de
Biocombustível, promovido pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI). A cerimônia
teve a participação do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O pesquisador defendeu o
cultivo das oleaginosas usados na produção
do biodiesel, como soja, girassol e mamona,
nas áreas degradadas da Amazônia.
“Existem cerca de 80 milhões de hectares
de terras desflorestadas na Amazônia
que estão em degradação.
Essas terras necessitam ser reflorestadas.
E esse reflorestamento pode ser um reflorestamento
energético”, defendeu.
Um aspecto importante para
a consolidação do projeto do
biodiesel, na avaliação do presidente
da CNI, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, é
garantir a escala industrial da produção.
“Não há mais dúvidas
das transformações que ocorrerão
nas próximas décadas com o declínio
na produção de petróleo.
O apelo para redução de poluentes
e preservação do meio ambiente
resultou em um cenário favorável
aos chamados combustíveis verdes, como
o biodiesel", ressaltou.
O coordenador do Laboratório
de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel),
da Universidade de São Paulo (USP),
Miguel Dabdoub, defendeu a necessidade de
se ampliar a integração entre
a indústria e o meio acadêmico
para garantir que o país continue na
liderança em relação
ao biodiesel.
Segundo o pesquisador, existe
um preconceito recíproco entre indústria
e universidade que aos poucos tem sido superado.
“Filosoficamente, a universidade quer manter
distância da indústria. Ao mesmo
tempo a indústria mantém uma
grande distância da universidade, achando
que lá simplesmente os pesquisadores
estão distantes [da realidade], que
estão num castelo intocável”,
criticou. “Como o biodiesel é uma tendência
mundial e o Brasil se encontra como foco da
observação internacional na
produção de biocombustíveis,
essa interação tem se facilitado”,
disse.