05/09/2006 - Foi lançado nesta terça-feira
(5), em Brasília, o Projeto de Fortalecimento
da Participação Social no Processo
de Asfaltamento da BR-163 (Profor). Coordenado
pelo grupo de Trabalho Amazônico (Rede
GTA), o Profor tem por objetivo estimular
a discussão da sociedade brasileira
sobre a pavimentação da BR-163,
rodovia que corta a Amazônia ligando
Cuiabá (MT) a Santarém (PA).
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
participou do lançamento do projeto
que também teve a presença do
coordenador de Operações Setoriais
no Brasil do Banco Mundial (Bird), Mark Lundell
e de representantes do Consórcio pelo
Desenvolvimento Socioambiental da BR-163 (Condessa).
O Bird financia o projeto por meio do Fundo
Fiduciário de Florestas Tropicais do
Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil, coordenado
pelo Ministério do Meio Ambiente.
O Profor pretende implantar um novo modelo
de desenvolvimento e organizar a ação
do governo e da sociedade na sua área
de abrangência, com base na valorização
do patrimônio sócio-cultural
e natural, na viabilização de
atividades econômicas dinâmicas
e inovadoras e no uso sustentável dos
recursos naturais.
Apresenta também como finalidade o
fortalecimento da participação
e o controle social para assegurar um processo
inovador de governança inclusiva, visando
uma melhor qualidade das políticas
públicas de combate à pobreza,
de proteção do meio ambiente,
de implantação do Plano BR-163
Sustentável e do asfaltamento da rodovia.
Para a ministra, o Profor vai contribuir
para o desenvolvimento da região já
que incentiva a população local
a acompanhar todo o processo de implementação
do plano da BR-163. É uma parceria
para que o dano não aconteça.
A própria existência do plano
da BR-163 é uma demonstração
de que a história ensina e estamos
aprendendo com os erros do passado como foi
o caso da BR-364 no Acre feita sem qualquer
estudo de impacto , disse a ministra.
A BR-163 é considerada importante
para facilitar o transporte da produção
do norte do Mato Grosso para o Porto de Santarém,
garantindo a exportação principalmente
para os países do hemisfério
norte. A área de influência da
rodovia coincide com uma importante área
de expansão da fronteira da soja. É
ali que estão instaladas indústrias
que processam o grão em óleo
ou farelo para a exportação.
No norte do Mato Grosso, onde o cultivo se
manifesta com mais força, são
registrados os maiores níveis absolutos
de desmatamento da região. No estado
do Pará a produção de
soja é consideravelmente menor, assim
como as taxas de desflorestamento. Porém,
a pressão do cultivo do grão
sobre a floresta amazônica é
preocupante. Estudos feitos no local demonstram
que a soja, as pastagens, a grilagem e a extração
madeireira ilegal fazem parte do mesmo processo.
A soja ocupa áreas antes destinadas
à pastagens e os criadores de gado
partem para o norte, instalando-se em áreas
de floresta virgem.
Em 5 de junho, Dia Internacional do Meio
Ambiente, o governo federal lançou
o Plano BR-163 Sustentável. Parte de
um pacote de políticas ambientais divulgado
na data, o plano visa reduzir os impactos
ambientais e sociais provocados pelo asfaltamento
da rodovia federal. A BR-163 está em
um dos pontos com maior diversidade cultural
e biológica da Amazônia. Aproximadamente
2 milhões de pessoas vivem na área
de influência da estrada, que tem 1.765
quilômetros de extensão, dos
quais aproximadamente 800 quilômetros
já foram pavimentados. A conclusão
das obras de asfaltamento deverá custar
em torno de R$ 1,1 bilhão.
Daniela Mendes