11/09/2006
- Técnicos e agricultores da rede visitam
no Mato Grosso iniciativas bem-sucedidas de
manejo de recursos naturais e pastagem, turismo
e organização comunitária
para fortalecerem a realização
dos próprios projetos.
No período de 14
a 18 de outubro, 35 pessoas, entre agricultores
e técnicos, representantes de todos
os projetos que compõem a Rede BR 163
+ Xingu, realizaram visitas de intercâmbio
a projetos e iniciativas da agricultura familiar
na região norte do Mato Grosso, com
o objetivo de conhecer experiências
que possam inspirar a execução
dos projetos. Ao final das visitas o grupo
avaliou que o intercâmbio é muito
importante pois possibilita a construção
de identidade para a rede, além de
contribuir diretamente com os desafios da
implantação de projetos para
a agricultura familiar, a partir dos conhecimentos
e do aprendizado com iniciativas similares.
As visitas tiveram início
na Comunidade de Vila Atlântica, em
Nova Santa Helena, no Condomínio dos
Agricultores Ecológicos Santa Fé,
da Cooperativa de Agricultores Ecológicos
do Portal da Amazônia (Cooperagrepa),
que trabalha com a produção
de guaraná orgânico. Além
disso, foi visitada uma experiência
de meliponicultura. Os agricultores do projeto
Entre-rios ficaram bastante estimulados com
o primeiro dia, pois a experiência do
guaraná e do mel pode ser adaptada
a regiões com dificuldade de escoamento
da produção.
A pecuária é
uma realidade na Bacia do Xingu e na região
da BR 163. No segundo dia de visita o grupo
conheceu uma experiência de manejo ecológico
de pastagem, envolvendo o manejo da capoeira,
no município de Guarantã do
Norte. Os participantes da visita destacaram
que o manejo contribui para amenizar o problema
da cigarrinha, e que é fundamental
a observação constante da brotação
do pasto para definir as técnicas empregadas.
Na volta de Guarantã o grupo visitou
o Condomínio dos Agricultores Ecológicos
Miraguaí, que trabalha com o sistema
de criação do frango caipira.
Apesar do sistema estar numa fase experimental,
foi interessante conhecer alternativas de
ração que poderão ser
adaptadas para a realidade de cada comunidade.
No terceiro dia de visita,
os participantes realizaram uma visita à
comunidade União, em Nova Guarita,
onde está sendo executado, há
mais ou menos um ano, o Projeto PDA/PADEQ
(Projetos Demonstrativos) pelo Instituto Centro
de Vida (ICV). Foi possível trocar
experiência sobre o processo de organização
da comunidade para iniciar uma nova forma
de uso do solo, a partir da percepção
que os pastos estavam fracos e as nascentes
degradadas. Neste dia, o grupo teve a oportunidade,
também, de conhecer uma unidade demonstrativa
do projeto, que está implantando o
sistema de rodízio das pastagens, envolvendo
a definição de áreas
de lazer para o gado, o manejo da capoeira,
a utilização de cerca elétrica
e de cerca móvel.
Já em Alta Floresta,
o quarto dia da visita iniciou-se pela Chácara
Esteio, onde o grupo conheceu uma propriedade
bastante diversificada e que está se
preparando para trabalhar com o turismo rural.
O grupo destacou que a sensibilização
para a questão ambiental está
relacionada com a necessidade de proteção
das nascentes e matas ciliares e que pequenas
iniciativas podem fazer diferença,
como o simples isolamento das nascentes e
beiradas dos rios. Na parte da tarde, foi
visitada a Agroindústria de Beneficiamento
de Cana-de-Açúcar Orgânica
do Condomínio Agrosul da Cooperagrepa,
que trabalha com a produção
de cana-de-açúcar. Conheceu-se
a história do grupo, o sistema de produção
da cana e os derivados produzidos (açúcar
mascavo, melado e rapadura). Os participantes
da visita destacaram a força de vontade
dos agricultores que ser organizaram sem esperar
a iniciativa governamental. Além disso,
o grupo discutiu sobre a estratégia
de atuar no mercado municipal a partir da
experiência da venda da rapadura para
a merenda escolar.
O ultimo dia de visita foi
marcado pela empolgante visita às comunidades
de Carlinda, que estão desenvolvendo
um processo de organização,
assessoradas pelo Instituto Ouro Verde (IOV),
que resultou em uma série de iniciativas
comunitárias, como a implantação
de refrigeradores comunitários, venda
conjunta do leite e compra de um caminhão.
O processo resultou em benefícios direitos,
como aumento da renda com a venda do leite,
que é a principal atividade produtiva.
Os participantes avaliaram que a forma de
trabalhar foi o grande diferencial, pois está
baseada na reflexão dos agricultores,
na priorização de estratégias
de melhoria de vida e na execução
de pequenos projetos em conjunto.
ISA, Daniela de Paula.