Anapu
(20/09/06) – Fiscais da Operação
Kojima do Ibama apreenderam ontem no meio
da Floresta Amazônica cerca de 10 mil
metros cúbicos de madeira em tora de
diversas espécies, como ipê,
jatobá, maçaranduba e muiracatiara.
Foram encontrados três lotes de madeira
depositados às margens do rio Tueré,
numa região conhecida como Terra da
Paz, no município de Portel, no Pará,
a 25 quilômetros da divisa de Anapu,
prontas para serem transportadas por meio
de balsas.
A apreensão está
sendo considerada a maior já realizada
no estado do Pará. As equipes de fiscalização
chegaram até o local por meio de informações
de denúncia cadastrada no Sistema da
Linha Verde do Ibama. Técnicos em geoprocessamento
plotaram as coordenadas informadas e localizaram
a área. Os fiscais sobrevoaram de helicóptero
o local para confirmar a denúncia.
Como a passagem pela ponte
sobre o rio Anapu continua bloqueada por agricultores,
foi necessário traçar uma estratégia
para o transporte aéreo de fiscais
e policiais. “As equipes permanecerão
na área o tempo que for necessário
para identificar os responsáveis. Também
estamos providenciando junto à Sede
do Ibama apoio para viabilizar a retirada
de toda madeira apreendida dessa área
de difícil acesso”, afirma Paulo Sérgio
Almeida, um dos coordenadores da Operação
Kojima.
Com apenas uma semana de
trabalho, a Operação Kojima
já apreendeu em torno de 15 mil metros
cúbicos de madeira, fechou quatro das
11 empresas madeireiras vistoriadas no município
e lavrou 14 autos de infração
no valor total de R$ 1.081.066,60.
Anapu - uma cidade sitiada
– motoristas impedidos por agricultores de
passar pela ponte do rio Anapu, na sede do
município, interditada desde o dia
15, fecharam ontem a rodovia Transamazônica
no sentido Anapu-Altamira. Eles alegam que
fechar a rodovia foi a maneira que encontraram
para chamar a atenção das autoridades
para os prejuízos que vêm acumulando.
Uma equipe de fiscais que voltava das ações
de fiscalização no campo e foi
barrada pelo bloqueio teve de ser resgatada,
com o auxílio do helicóptero,
até a base da operação.
O encontro do Incra com
representantes do Sindicato de Trabalhadores
Rurais de Anapu, que deveria ter ocorrido
ontem, foi adiado para hoje. Segundo informou
o gerente do Ibama em Altamira, Roberto Scarpari,
o superintendente do Incra de Santarém,
Pedro Aquino, estará presente pra discutir
pessoalmente a pauta de reivindicações
apresentada pelos agricultores.
Kézia Macedo
Operação
Kojima intensifica combate a crimes ambientais
em Anapu
Anapu (18/09/06) – O Ibama
intensificou a Operação Kojima,
em resposta aos crimes ambientais que vêm
sendo praticados na região de Anapu,
município do Pará onde foi assassinada
a missionária Dorothy Stang. A Kojima
é uma megaoperação integrante
do Plano de Prevenção e Controle
do Desmatamento na Amazônia Legal, conduzida
pelo Ibama/sede em conjunto com a Superintendência
de Belém e as Gerências de Marabá
e de Altamira
Um grupo de cinco fiscais
da Superintendência de Belém
e da Gerência de Altamira e nove policiais
do Batalhão de Polícia Ambiental
– BPA já havia iniciado, desde o dia
09/09/06, os trabalhos de fiscalização
na região. Com a chegada de reforços,
as equipes contabilizam agora 30 agentes de
fiscalização, 53 policiais militares
e do Batalhão de Polícia Ambiental
e utilizam 23 veículos, além
da aeronave do Ibama, para combater ilícitos
ambientais constatados como a exploração,
transporte e armazenamento irregulares de
madeira.
Até o momento, as
equipes de fiscalização vistoriaram
seis empresas madeireiras e apreenderam 3.224,109
metros cúbicos de madeira em tora e
1.077,66 metros cúbicos de madeira
serrada armazenados sem licença. Lavraram
10 autos de infração, num valor
total de R$ 932.493,60, sete termos de Apreensão
e Depósito e três Termos de Embargo
e Interdição.
A empresa Di Trento Desdobramento
Comércio Importação e
Exportação de Madeiras Ltda,
de propriedade de Avelino De Déa, foi
multada em R$ 546.380,00 por armazenar sem
licença 2.727,632 metros cúbicos
de madeira serrada e em tora das espécies
currupixá, piqui, marupá, amarelão,
angelim, cumaru, jatobá, muiracatiara,
maçaranduba e tatajuba. Esse grupo
madeireiro foi multado pelo Ibama, no mês
passado, em R$ 1,200 milhão por extração
ilegal de madeira e desmatamento dentro do
projeto de assentamento Raio de Sol. E em
mais de dois milhões por armazenamento
irregular em 2005, sendo apreendidos na ocasião
mais de dez mil metros cúbicos de madeiras
de várias espécies.
As equipes de fiscalização
inspecionaram a empresa Madeiras Anapu Ltda
e constataram a venda sem licença de
127,225 metros cúbicos de madeira laminada
das essências amapá, breu, goiabão,
sumaúma e marupá. Esse fato
gerou uma multa de R$ 12.722,50. Já
na madeireira Madessini Indústria de
Madeiras Exportação Ltda., foram
apreendidos 109,542 metros cúblicos
em toras das espécies angelim, amarelão,
estopeiro, guajará, maçaranduba
e melancieiro, e aplicada uma multa de R$
10.954,20.
Empresas embargadas e lacradas
- As atividades da empresa Madeball Indústria
e Comércio Ltda foram paralisadas.
Ela foi multada em R$ 10.000,00 por funcionar
sem a licença de operação
e em R$ R$ 75.558,30 por não comprovar
a origem dos 755,583 m3 de produtos florestais
armazenados em seus pátios das espécies
jatobá, ipê, tatajuba, angelim,
sucupira, amarelão, cedro e muiracatiara.
Pela mesma razão,
a Lunardi e Lunardi recebeu multa de R$ 10.000,00
e R$ 70.912,00, sendo medidos em seu pátio
709,012 m3 de madeira em tora. Nessas duas
empresas os agentes de fiscalização
apreenderam toda a madeira irregular, embargaram
as atividades e lacraram as máquinas.
Os equipamentos da TM Comércio e Transporte
de Madeiras Ltda. também foram paralisados
pela venda ilegal de 1909,266 metros cúbicos
de madeira em tora.
PDS Esperança - Dentro do Projeto de
Desenvolvimento Sustentável Esperança,
criado pela missionária Dorothy Stang,
foi constatado o corte de aproximadamente
800 m? de toras das espécies jatobá,
ipê, tatajuba e Angelim e o abate de
apenas um exemplar da espécie castanheira
que foi utilizada para construção
de uma ponte. A exploração ilegal
de madeira foi realizada, segundo moradores
do PDS, pela empresa Di Trento Desdobramento
Comércio Importação e
Exportação de Madeiras Ltda.
A empresa, porém, nega a autoria do
crime ambiental.
No entanto, conforme ata
de reunião realizada no dia 22/07/06,
no PDS Esperança, ficou definido que
a Di Trento seria responsável pela
extração e transporte de madeira
da área de três hectares de cada
lote. Além disso, os moradores informaram
que a empresa protocolou, em 16/08/06, junto
ao Incra de Altamira uma proposta de parceria
com os assentados do PDS Esperança
oferecendo abertura de estradas, construção
de pontes, escolas, postos de saúde
e outras melhorias em contrapartida à
exclusividade na exploração
da matéria-prima dentro do PDS.
O Ibama está concluindo
os procedimentos de apuração
das denúncias e da responsabilidade
pela infração ambiental, buscando
junto à Superintendência de Belém
e à Gerência de Altamira a destinação
dos produtos florestais encontrados dentro
do PDS Esperança.
Fechamento da Transamazônica – Membros
do Sindicato dos Trabalhadores rurais de Anapu,
moradores dos PDS Esperança, Virola
Jatobá, Pilão Poente I, II e
III, PA Grotão da onça e Canoé,
fecharam, ontem, a rodovia Transamazônica
(BR–230), sobre a ponte do rio Anapu, na sede
do município. Eles esperam reunir mais
de três mil pessoas, além de
índios da região, a fim de reivindicarem
junto ao Incra, Ibama e Ministério
Público Federal o cumprimento de acordos
concernentes à liberação
de autorizações de desmatamento
e de recursos do Pronaf, aberturas de estradas
e regularização fundiária.
A fim de resolver o impasse,
foi agendado, para hoje, em Altamira, um encontro
entre Ibama, Incra, Sindicato dos Trabalhadores
Rurais, Fetagri e lideranças dos projetos
de assentamento criados na região de
Anapu. A reunião contará também
com a presença do procurador da República
Marco Antônio Delfino, do MPF.
Riscos nas estradas – A
Operação Pacajá/Anapu
foi rebatizada de Operação Kojima
em memória ao Analista Ambiental Júlio
Marcos Kojima, morto em acidente na rodovia
PA 150, no dia 29/09/06, enquanto se deslocava
para realizar fiscalização na
região. Iguais a ele, outros servidores
do Ibama têm enfrentado situações
de risco devido à má conservação
das estradas de acesso e a diminuição
da visibilidade na época da seca, causada
pela poeira.
No dia 12 de setembro, durante
o percurso para Novo Repartimento/Anapu, o
veículo que transportava o Analista
Ambiental Norberto Neves de Sousa, um dos
coordenadores da Operação Kojima,
que viajava acompanhado pelo cabo Damião
e do subtenente Maciel, ambos do Batalhão
de Polícia Ambiental, desgovernou-se
e caiu num buraco causado pela erosão
na margem da rodovia. “Dessa vez tivemos sorte,
mas os riscos de acidentes, doenças
como a malária, ameaças, etc
que enfrentamos são reais e constantes.
Apesar dos perigos, estamos prontos para desenvolver
as operações da melhor forma
possível”, desabafa Norberto Neves.
Kézia Macedo
Ibama conduz negociações
com agricultores de Anapu
Anapu (18/09/06) – De acordo
com orientações recebidas do
Superintendente do Ibama no Pará, Marcilio
Monteiro, o Gerente do Ibama em Altamira,
Roberto Scarpari, está conduzindo as
negociações para liberação
da rodovia Transamazônica, interditada
por agricultores dia 15, às 6 horas,
sobre a ponte do rio Anapu, na sede do município.
A pauta de reivindicações apresentada
inclui o cumprimento dos acordos referentes
à liberação de autorizações
de desmatamento e de recursos do Pronaf, além
de aberturas de estradas e regularização
fundiária.
Foi acertado para hoje (18),
em Altamira, um encontro entre Ibama, Incra,
Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Fetagri
e lideranças dos Projetos de Assentamento
criados na região de Anapu. A reunião
contará também com a presença
do procurador da República Marco Antônio
Delfino, do Ministério Público
Federal.
Um dos pontos que serão
tratados no encontro é a situação
das áreas dos Projetos de Assentamento
onde foi constatada, pelas equipes de fiscalização
que desenvolvem a Operação Kojima
na região, a ocorrência de desmatamento
não autorizado. Somente no Projeto
de Desenvolvimento Sustentável Esperança,
criado pela missionária Dorothy Stang,
cerca de 800 metros cíbicos de toras
das espécies jatobá, ipê,
tatajuba e Angelim foram extraídas
irregularmente.
Roberto Scarpari esteve
hoje no PDS Esperança conversando com
moradores que confirmaram as denúncias
que a empresa Di Trento Desdobramento Comércio
Importação e Exportação
de Madeiras Ltda, de propriedade de Avelino
De Déa, é a responsável
pela extração e transporte ilegal
da madeira encontrada dentro dos lotes.
“Determinamos que cessassem
de imediato todo corte e queimada dentro dos
PAs. Assim que o Incra entregar a documentação
dos projetos, técnicos da Gerência
de Marabá que chegam hoje à
Anapu, vão trabalhar na análise
e nas vistorias relacionadas à liberação
das autorizações de desmatamento
dentro dos três hectares permitidos
pela legislação”, explica Scarpari.
Kézia Macedo