15
de Outubro de 2006 - Ana Paula Marra - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O cerrado está sob ameaça
de extinção: nos últimos
50 anos a maior parte dele foi devastada e
os 20% restantes, conforme alertou o secretário
de Recursos Hídricos do Ministério
do Meio Ambiente, João Bosco Senra,
pode desaparecer em alguns anos se medidas
urgentes não forem tomadas. Com o intuito
de pensar sobre o futuro do cerrado e discutir
sobre a importância de preservá-lo
também do ponto de vista dos recursos
hídricos, o Ministério do Meio
Ambiente promove amanhã (16), em Brasília,
um debate com especialistas.
Eles abordarão temas
como “Potencialidades para desenvolvimento
sustentável da agricultura irrigada
no cerrado”, “A importância e a situação
dos recursos hídricos do cerrado”,
e “O uso sustentável do bioma cerrado
e a preservação de bacias hidrográficas”.
“O cerrado tem rica biodiversidade,
tem potencialidade fantástica do ponto
de vista da produção agrícola,
do turismo”, comenta Senra. “Então,
é preciso fazer com que a gente conheça
bem essa região, os impactos que estão
causando por algumas atividades e como a gente
pode minimizar esses impactos, potencializando
aquilo que pode dar pra gente.”
Em entrevista à Agência
Brasil, o secretário também
destacou a importância do cerrado do
ponto de vista hídrico, já que
abriga bacias importantes como a do Rio Tocantins
e a do Rio São Francisco. “Só
para citar um exemplo, 47% da área
da bacia do São Francisco está
no cerrado e 94% de toda a água do
São Francisco vem do cerrado”, diz.
Ao ser indagado sobre quais
ações emergências deveriam
ser tomadas no sentido de manter vivo o cerrado,
João Bosco Senra responde: “Precisamos
usar de maneira mais adequada o processo de
irrigação e saber da importância
de um manejo adequado do uso do solo. Ações
como essas são fundamentais para assegurarmos
a preservação do cerrado. São
cuidados que o Brasil já vem desenvolvendo”.
O cerrado é
o nome regional dado às savanas brasileiras.
Com solo deficiente em nutrientes, mas rico
em ferro e alumínio, o bioma se caracteriza
pela vegetação espaçada,
com arbustos e árvores retorcidas e
gramíneas. Destruí-las significaria
ignorar pelo menos 11 mil espécies,
boa parte delas, inclusive, com aplicações
médicas.