Amazônia
- 01/11/2006 - Uma das metas do experimento,
que começa hoje, é descobrir
qual o papel da Amazônia no aquecimento
global.
A Floresta Nacional de Caxiuanã,
localizada a 400 km de Belém do Pará,
receberá a partir de hoje (31) uma
equipe de 60 pessoas, entre pesquisadores
e bolsistas de iniciação científica.
Integrantes de diversas instituições
de pesquisa do Brasil, como o Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG) e o Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa),
ambas instituições ligadas ao
Ministério da Ciência e Tecnologia,
as universidades de São Paulo (USP)
e Federal do Pará (UFPA), entre outros,
integram o experimento Cobra Pará -
Caxiuanã Observations in the Biosphere,
River and Atmosphere of Pará.
Vinculado ao projeto LBA
(Experimento de Grande Escala da Biosfera-atmosfera
na Amazônia), iniciativa internacional
de pesquisa liderada pelo Brasil, o Experimento
Cobra irá realizar, durante 15 dias,
uma série de atividades para analisar
os fluxos de gás carbônico (CO²)
no ecossistema da floresta. A Estação
Científica Ferreira Penna do Museu
Goeldi servirá como base de apoio para
os pesquisadores. A iniciativa é inédita
na Floresta Nacional de Caxiuanã.
Clima
A produção excessiva de CO²
é um dos principais responsáveis
pelo aumento de temperatura da Terra, consequência
do chamado efeito estufa. Compreender o fluxo
de CO² na floresta amazônica pode
ser a chave para se criar alternativas de
controle do clima não só de
nossa região, mas de todo o planeta.
Renato Silva, pesquisador da Universidade
Federal do Pará e um dos integrantes
do Cobra, ressalta a importância da
iniciativa: "não existem estudos
amplos sobre a relação entre
a Amazônia e o clima do planeta, o que
torna o Cobra um experimento importantíssimo".
Para Leonardo Sá,
pesquisador da Coordenação de
Ciências da Terra do Goeldi, "a
idéia geral é de que as florestas
atuam como consumidores de carbono. Entretanto,
já foram detectadas áreas da
floresta Amazônica em que isso não
ocorre, como em Santarém (PA), ou seja,
os fluxos de CO² da Amazônia são
mais complexos do que se imagina".
As atividades que serão
realizadas em Caxiuanã ajudarão
a entender, de maneira geral, qual o papel
da Amazônia no clima do mundo. Para
isto, serão feitas atividades de medição
e análise de CO² no ecossistema
da floresta de Caxiuanã, divididos
em dois ambientes: florestas e rios.
Serão observados
os fluxos de CO² do solo para as árvores
e dos rios para a atmosfera, contando inclusive
com o auxílio de balões, específicos
para esse tipo de trabalho. Quando o Experimento
Cobra for concluído, já será
possível conhecer alguns resultados
dos dados coletados em Caxiuanã, mas,
outros, precisarão de mais algum tempo
para uma análise mais específica.
Os fluxos de gás
carbônico e suas implicações
no clima amazônico afetam os que dependem
do ecossistema da floresta, desde as populações
ribeirinhas até os animais e plantas.
"Quando se trata do fluxo de carbono
e seus efeitos na floresta, cada região
da Amazônia tem suas peculiaridades,
incluindo a Baía de Caxiuanã
onde, por exemplo, a temperatura média
da água é de 32ºC, ao contrário
de outras áreas da floresta amazônica",
destaca Leonardo Sá.
Os resultados do Experimento
Cobra trarão uma série de benefícios.
No campo dos estudos meteorológicos,
por exemplo, será possível compreender
melhor a origem dos ventos noturnos da Baía
de Caxiuanã, o que pode auxiliar as
comunidades locais na navegação.
Além disso, a partir do conhecimento
mais preciso de como funcionam os fluxos de
CO² na floresta e suas conseqüências
climáticas, será possível
realizar previsões do tempo mais precisas
para a região amazônica.
Tiago Araújo - Assessoria de Comunicação
do Museu Goeldi