22/11/2006
- O ministro da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Luís Carlos Guedes
Pinto, defendeu hoje (21/11) que é
preciso qualificar as informações
utilizadas nas negociações internacionais
e desvincular o crescimento do agronegócio
brasileiro ao trabalho forçado e à
degradação ambiental. “O sucesso
da agricultura não está vinculado
à destruição dos recursos
naturais”, destacou.
Ao participar da abertura
do seminário “Desafios à expansão
da agropecuária brasileira” na Câmara
dos Deputados, Guedes citou estudo realizado
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) indicando que em todo o planeta,
o território brasileiro foi o que mais
conservou biomas e florestas primárias.
“Esta é uma demonstração
de que a agricultura brasileira se desenvolve
de forma sustentável tanto do ponto
de vista ambiental quanto social”.
Segundo o ministro, a pesquisa
do Centro de Monitoramento por Satélite
da Embrapa envolveu os últimos oito
mil anos. A partir de cortes realizados sobre
áreas cobertas com florestas originais
em todos os continentes foi possível
detectar que há 8 mil anos o Brasil
mantinha 9,8% das suas florestas naturais
e a Europa 7,3%. “Hoje o Brasil mantém
28,5% das florestas originais, ou seja três
vezes mais, e a Europa 0,1%, que representa
73 vezes menos florestas nativas”, disse Guedes.
Durante a abertura do seminário,
o ministro afirmou que o Brasil não
pode aceitar a “pecha” de que a expansão
do agronegócio se deve à destruição
do meio ambiente. “Não estamos destruindo
os recursos naturais. Ao contrário,
estamos desenvolvendo tecnologias que permitem
ao produtor recuperar áreas degradadas,
como a integração lavoura-pecuária”.
Segundo Guedes, essas informações
devem fundamentar as negociações
internacionais de forma que a questão
ambiental não se transforme em nova
barreira aos produtos brasileiros. “É
preciso lembrar que já enfrentamos
tarifas de até 250% na União
Européia e até 800% fora do
bloco econômico, sem contar os subsídios
e as barreiras sanitárias”.
O presidente da Câmara,
Aldo Rebelo, concorda que, juntamente com
os subsídios concedidos pelos Estados
Unidos e pela União Européia
aos produtores, a questão ambiental
é uma das ‘guerras’ a serem enfrentadas
pelo Brasil nas negociações
internacionais. “Somos hoje uma potência
e os nossos concorrentes podem adotar medidas
protecionistas extremadas para conter essa
expansão”, disse.
Aldo Rebelo afirmou que
o Brasil deve ser sereno nas negociações,
mas não deve aceitar cobranças
voltadas para a preservação
ambiental de países que não
são neutros. “Estados Unidos e Europa
não têm condição
moral de dar lição de preservação.
Não são cobranças que
visem proteção no meio ambiente,
mas são armas de proteção
comercial”, enfatizou.
Citando a prisão
de produtores de soja na Amazônia, o
presidente da Câmara dos Deputados revelou
que não concorda com a criminalização
de quem produz e criticou a atuação
de organizações não-governamentais
(ONG´s) ambientalistas. “Nós
paralisamos uma obra importante no Rio Madeira
(afluente do Amazonas) que levaria energia,
milhas de hidrovias e irrigação
para a agricultura de uma região que
precisa se desenvolver. Não se consegue
levar o progresso por conta de ações
de ONG´s que se interpõem ao
Estado brasileiro”.
O deputado Abelardo Lupion,
presidente da Comissão de Agricultura,
Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento
Rural da Câmara, destacou os desafios
da agropecuária brasileira. Ele sugeriu
a criação de um seguro cambial
que possa dar segurança ao produtor.
“Com vontade política é possível
lançar o dólar verde, de forma
que o agricultor possa honrar contratos para
três ou quatro anos sem riscos de perda
de renda”, assinalou.
Lupion disse esperar do
segundo mandato do presidente Luis Inácio
Lula da Silva o investimento em pesquisa agropecuária,
com a garantia de recursos para a Embrapa.
Também defendeu a liberação
comercial de novos produtos geneticamente
modificados e citou a ‘insegurança
jurídica’ provocada pelas invasões
de terras.
O seminário Desafios
à Agropecuária Brasileira acontece
até amanhã (22/11) no auditório
Nereu Ramos. O objetivo é debater o
futuro do agronegócio frente ao novo
cenário político, econômico
e social, tanto no âmbito interno quanto
no contexto internacional.
MAPA PROMOVE SEMINÁRIO
PARA DEBATER CRESCIMENTO DO AGRONEGÓCIO
E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
24/11/2006 - Para ampliar
o debate sobre soluções para
o desenvolvimento do agronegócio brasileiro
com conservação, valorização
e o uso sustentável dos recursos da
biodiveridade, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) promoverá
no dia 07 de dezembro, das 8h30 às
17h30, no Memorial JK, em Brasília,
o seminário “Agropecuária Sustentável:
um olhar para o futuro”.
O ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Luís
Carlos Guedes Pinto, fará a abertura
oficial do evento. Na oportunidade, assinará
a portaria de criação do Grupo
de Trabalho Multiinstitucional de Assessoramento
para a Política de Alimentos Seguros
(COPAS) e o Termo de Cooperação
entre o Mapa e o Sistema “S”.
Entre os temas que serão
discutidos no seminário está
a Produção Integrada de Frutas,
com palestra do presidente da Comissão
Nacional de Fruticultura da Confederação
de Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), Luiz Borges Júnior. O presidente
da Confederação Americana de
Associações para Agricultura
Sustentável (CAAPAS), Ivo Melo, falará
sobre a tecnologia do plantio direto na palha.
Também estão
na pauta a produção orgânica
de carne, a produção sustentável
de suínos e o sistema de destinação
final de embalagens de agrotóxicos.
O assessor de Gestão Estratégica
do Mapa, Carlos Bicalho Schlottfeldt, fará
uma exposição sobre o Plano
Executivo de Desenvolvimento Sustentável
do Agronegócio na Amazônia Legal.
Rogério Pereira Dias, coordenador-geral
de Desenvolvimento Sustentável do Mapa,
falará sobre o Programa de Manejo Sustentável
em Microbacias Hidrográficas.
A estratégia de promoção
do alimento seguro e sua importância
para o mercado interno e externo será
tema da palestra do secretário de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo do Mapa,
Márcio Portocarrero, que encerrará
o encontro. Antes, serão ainda debatidos
os itens agronergia, agroecologia e a atuação
das escolas agroecológicas na Bahia.