24-11-2006 - São
Paulo - Confirmando o alerta feito pelo Greenpeace
sobre a ausência de informações
importantes no processo de liberação
comercial da variedade, CTNBio adia decisão
para dezembro
O processo de liberação
comercial do milho transgênico pedido
pela Bayer CropScience não foi votado
na reunião de ontem da CTNBio (Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança)
em Brasília. Os cientistas da Comissão
pediram uma diligência, o que adiou
a decisão. O Greenpeace avalia como
positivo o adiamento da decisão.
A diligência é
um procedimento formal adotado pelos cientistas
quando não há informações
suficientes em um determinado processo. Como
o pedido foi acatado pela Comissão,
a Bayer precisará agora prestar esclarecimentos
aos cientistas, que enviaram cerca de 40 perguntas
à empresa. A Comissão também
solicitou, pela terceira vez, que a Bayer
traduza todos os documentos que fazem parte
de seu pedido, conforme determina a legislação
brasileira.
“Alguns dos questionamentos
levantados pela CTNBio são muito semelhantes
aos que o Greenpeace encaminhou para a Bayer.
A empresa escolheu não responder ao
Greenpeace, mas agora terá que esclarecer
à Comissão todos os detalhes
sobre os riscos desse milho transgênico”,
disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha
de engenharia genética do Greenpeace.
“A CTNBio adotou o Princípio da Precaução
e o bom senso, e nós esperamos que
isso continue guiando as decisões da
Comissão”.
No último dia 21,
o Greenpeace realizou um protesto pacífico
em frente à sede da Bayer CropScience,
em São Paulo. O objetivo da atividade
era pressionar a empresa para que retire o
pedido de liberação comercial
de seu milho transgênico resistente
ao agrotóxico glufosinato de amônio,
que pode causar náuseas, diarréia
e até aborto. De acordo com documentos
científicos, a quantidade de resíduo
de agrotóxico no milho da Bayer é
muito maior do que a quantidade presente no
milho convencional.
A CTNBio também decidiu
ontem que não vai realizar uma audiência
pública sobre o milho transgênico
resistente ao agrotóxico. O pedido
de audiência pública havia sido
feito por diversas organizações
da sociedade civil no último mês
de outubro. No entanto, a solicitação
recebeu 15 votos contrários, e por
isso não foi aprovada.
“Não é aceitável
que uma variedade transgênica seja liberada
para consumo humano sem que exista uma consulta
com a população. Essa é
uma decisão que afeta a vida de todos
os brasileiros, sejam eles agricultores ou
consumidores, e a sociedade civil deve ter
a possibilidade de opinar”, disse Gabriela.
A próxima reunião
da CTNBio está agendada para os dias
13 e 14 de dezembro, e o milho transgênico
da Bayer deve entrar na pauta novamente.