28/11/2006
- A Embrapa Agroenergia vai contar com o apoio
do autor da primeira patente mundial em biodiesel,
o engenheiro químico Expedito José
de Sá, da Fundação Núcleo
de Tecnologia Industrial do Ceará.
O convite foi feito pelo diretor-presidente
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Sílvio Crestana, na terça-feira(
29) no primeiro dia da 3ª Reunião
Geral da Diretoria Executiva com os Chefes
das Unidades Centrais e Descentralizadas,
em Brasília/DF, no Hotel Lake Side.
Durante a reunião,
Expedito apresentou palestra sobre o potencial
da bionergia no cenário atual e futuro
da agricultura brasileira e mundial. O engenheiro
afirmou que está disposto a colaborar
com a nova unidade de pesquisa da Embrapa
e apontou frentes em que a pesquisa agropecuária
desenvolvida pela empresa, poderá e
deverá atuar de modo a aproveitar as
potencialidades do país para a produção
de combustíveis de modo sustentável.
Essas frentes deverão ser atacadas
tendo em vista a heterogeneidade do Brasil
e suas especificidades regionais.
Mito
Expedito lembrou que o grande
problema enfrentado pelo Pró-Álcool
foi o “mito” de que sua viabilidade estaria
vinculada à produção
em larga escala. Para o desenvolvimento do
que denomina lipocombustíveis, ou combustíveis
derivados de óleos vegetais e de gordura
de animais, alertou para o fato de que sua
estratégia deverá levar em conta
a heterogeneidade do Brasil, as especificidades
regionais do país.
Para a região amazônica,
onde prevalece a necessidade de inclusão
social associada à preservação
ambiental e à integração
nacional, Expedito visualiza a possibilidade
de criação de “ilhas energéticas”
que futuramente abasteceriam também
a Europa via a calha do Rio Amazonas. Para
tanto, a pesquisa trabalharia na domesticação
de plantas nativas –calcula que haveria cerca
de cem delas com potencial de utilização
na produção de biocombustíveis.
As variedades serviriam inclusive para a recuperação
de áreas degradadas.
No Nordeste, lembra Expedito,
a prioridade é a inclusão social,
“e lá, o biocombustível é
a oportunidade de se erradicar a miséria
a partir do aproveitamento da vocação
agrícola com o desenvolvimento de estudos
de plantas que possam conviver com o Semi-Árido,
com o pinhão manso e a mamona, entre
outras que precisam ser melhor estudadas,
segundo aponta o engenheiro.
Também para a região
Centro Sul, de culturas anuais mecanizadas
do agronegócio, os lipocombustíves
seriam aliados na luta pela melhoria de qualidade
de vida das cidades, já que não
liberariam para o ambiente os elementos químicos
responsáveis pelo alto índice
de ocorrência de tuberculose, que, na
Europa, tem matado mais que a Aids, argumenta
Expedito.
Valéria Costa