09/01/2007 - Rubens Júnior - O Ministério
do Meio Ambiente, por intermédio do Ibama,
bateu em 2006 o recorde anual de toda a história
na concessão de licenciamentos para empreendimentos
no Brasil. Foram 278 licenças concedidas
em todas as modalidades e fases do licenciamento
para obras de construção nos setores
de energia, de transportes, de exploração
e produção de petróleo e gás
- áreas fundamentais para o crescimento do
País.
O número de licenças prévias,
de operação e de instalação
superou em 41 as 237 licenças de 2005. Os
dados mostram que a decisão do atual governo
de tornar mais criteriosas as regras para concessão
de licenciamentos, procurando combinar desenvolvimento
econômico com proteção ambiental,
não inibiu os empreendedores. Muito pelo
contrário. As estatísticas permitem
concluir que a disposição dos empreendedores
é proporcional à confiança
dos agentes privados e públicos na economia
brasileira.
Depois de uma pequena redução em
2003, em relação a 2002, a quantidade
dessas autorizações só faz
aumentar. Em 2004, foram 222 as licenças
e, no ano anterior, 145 (veja tabela), embora alguns
empreendedores, mesmo de posse das licenças,
tenham decidido por motivos próprios adiar
a execução dos projetos. É
o caso, por exemplo, dos gasodutos do Meio Norte
e Urucu-Porto Velho. Mesmo tendo recebido licença
de instalação dos empreendimentos,
respectivamente, em novembro e março do ano
passado, até o momento os operários
e as máquinas continuam parados.
Dentre o total de licenças emitidas em 2006,
143 foram para o setor de transporte - obras de
rodovias, ferrovias, portos, hidrovias e aeroportos,
bem como licenciamentos na área de agricultura,
pesquisa e exploração mineral. No
setor de energia, foram emitidas 85 licenças,
destinadas a atender ao equacionamento da implementação
da Matriz Energética Brasileira, como a instalação
e regularização de usinas hidrelétricas,
usinas nucleares, usinas termoelétricas e
respectivas linhas de transmissão, gasodutos,
bem como a utilização de fonte alternativas
de geração de energia. Para as atividades
de exploração e produção
de Petróleo & Gás, foram emitidas
50 licenças, incluindo o monitoramento da
expansão da rede de gasodutos e o aproveitamento
das reservas nacionais de gás natural. "Desde
1999, o ritmo da concessão de licenciamentos
só teve uma redução anual.
Foi em 2003, por conta da mudança de governo,
mas também do momento de transição
econômica. Naquele instante, o País
discutia o novo modelo para o setor elétrico
brasileiro", explica o diretor de Licenciamento,
Luiz Felippe Kunz Jr.
Para ele, os dados deixam claro que o Meio Ambiente,
ao contrário do que se chegou a dizer, tem
favorecido o desenvolvimento do País. "A
crítica de que estávamos travando
os licenciamentos - totalmente falsa - como mostram
os dados (veja tabela), foi motivada por razões
meramente econômicas e políticas".
Segundo Luiz Felippe, a crítica foi feita
por certos empresários que não querem,
na feitura das obras de impacto no ambiente, arcar
com os justos custos combinados da preservação
ambiental, como anseiam a sociedade e o poder público.
"Trata-se, na maior parte dos casos, de pessoas
que estavam acostumadas à lógica predatória
dos anos 70 e 80, quando não se tinha cuidado
com o ambiente".
Para o diretor, pouco a pouco aquela crítica
foi minguando com a divulgação dos
números favoráveis do licenciamento.
Nos últimos quatro anos, por exemplo, o Ibama
forneceu licenças para construção
de 21 hidrelétricas diferentes. Alguns desses
empreendimentos demoraram muito a ter suas obras
iniciadas, aparentemente, por problemas internos
das empresas - conflitos societários, falta
de capital de giro para investimentos. "Todas
essas motivações podem ser compreendidas,
só não se pode utilizar o meio ambiente
como bode expiatório ideológico de
dificuldades que nada têm a ver com a proteção
ambiental e sim com as relações internas
e os caixas das companhias", diz Luiz Felippe.
Felizmente, diz ele, o número de empreendedores
licenciados que não iniciam as obras não
passa de 10% do total; a maioria, 90%, arregaça
as mangas e começa a edificar as construções.
Foto: MMA