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de Janeiro de 2007 - Juliane Sacerdote - Da
Agência Brasil - Brasília - Os
50 índios Tupiniquim e Guarani, que
estavam acampados desde ontem (17) em frente
ao Ministério da Justiça, desistiram
de esperar por uma reunião com o ministro
Márcio Thomaz Bastos e resolveram voltar
para o Espírito Santo ainda hoje (18).
Eles prometem retomar as ocupações
nas terras onde a empresa Aracruz Celulose
mantêm plantações de eucalipto.
Em Brasília, os Tupiniquim
e Guarani pretendiam cobrar do ministro da
Justiça a publicação
de portaria declatória confirmando
o parecer da Fundação Nacional
do Índio (Funai) sobre o direito dos
índios a 11 mil hectares de terras
hoje ocupados pela Aracruz.
"Resolvemos voltar
porque ainda não existem prazos. Nem
a portaria [texto] está pronta ainda.
Tudo isso está nos obrigando a retornar”,
diz o cacique guarani Toninho. Segundo ele,
quando o grupo chegar ao estado, será
organizada uma assembléia geral, mas
“com certeza o território reivindicado
será ocupado”.
A assembléia será
realizada no Espírito Santo, mas envolverá
outras tribos, como os Xavantes e os Yanomami.
“Vamos colocar a situação para
nosso povo, mas já tomamos a decisão
de ocupar o território [de 11 mil hectares]."
De acordo com informações
do ministério, o documento da Funai
ainda estaria em análise pela consultoria
jurídica. Em dezembro, 200 índios
chegaram a ocupar durante dois dias o porto
da empresa Aracruz, no Espírito Santo.
Saíram de lá mediante um acordo
com a Funai e o Ministério da Justiça,
que previa a pubicação da portaria
ainda em 2006.
A Aracruz diz que comprou
legalmente as terras em 1967, dez anos antes
da Funai começar a identificação
das comunidades indígenas na região.
Segundo a empresa, as compras foram feitas
com legitimidade e há farta documentação
para comprovar isso.
A empresa também
sustenta que foi feita uma pesquisa histórica
comprovando que os Tupinikim não habitavam
a área pleiteada, mas sim uma outra,
140 quilômetros ao norte.