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FRUTO DE CASTANHA É ALTERNATIVA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2007

Combustível - 22/01/2007 - Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) demonstrou que os resíduos do fruto da castanha do Brasil (castanha-do-pará) podem ser aproveitados pela indústria e pelo comércio. O material pode ser utilizado na geração de energia tanto na forma in natura quanto na forma de subprodutos, ou seja, carvão, briquetes (pedaços de carvão em blocos menores e compactos), alcatrão (bio-óleo) e gases. A pesquisa é o resultado do projeto Fruto da Castanha do Brasil: Potencialidade de Uso como Fonte de Matéria-prima para a Rede Energética do Estado do Amazonas.

O trabalho foi elaborado pelo técnico do Inpa, Paulo Roberto Guedes Moura, sob a orientação da pesquisadora da Coordenação de Pesquisas em Produtos Florestais (CPPF/Inpa), Claudete Catanhede do Nascimento. Moura explicou que o projeto foi apresentado ao curso de pós-graduação "Agente de Inovação e Difusão Tecnológica", promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fucapi.

Moura destacou que o projeto foi elaborado sob a ótica dos danos ambientais causados pela queima de combustíveis fósseis, principalmente, o petróleo. Segundo ele, a humanidade, no decorrer das últimas décadas, tem buscado novas formas de promover o desenvolvimento sem prejudicar a natureza. Na Amazônia, a questão torna-se ainda mais grave, quando se tenta levar desenvolvimento a comunidades distantes dos centros urbanos.

No caso, uma das alternativas é a utilização de energias renováveis provenientes de ciclos naturais, os quais são inesgotáveis e quase não alteram a temperatura do Planeta, como, os resíduos da castanha do Brasil, que teriam como destino o lixo.

A pesquisa demonstrou que os resíduos têm potencial para serem aproveitados como lenha nas usinas térmicas, caldeiras, olarias etc. Na forma de subproduto (carvão e briquetes), os resíduos podem ser utilizados na indústria siderúrgica na fabricação de aço verde. Os dados são fundamentadas em seis características básicas para um produto ser considerado energético: a umidade; os materiais voláteis; o carbono fixo; o teor de cinzas; a densidade e o poder calorífico.

"Entre as vantagens de se utilizar os resíduos está sua elevada densidade energética. Ou seja, a quantidade de calor contida em um determinado volume de um combustível. Portanto, quanto maior a densidade energética, maior será a energia armazenada pelo mesmo. "Desta forma, o material demorará mais tempo para ser queimado", explicou.

Moura esclareceu que durante as análises comparativas da densidade básica do resíduo com outras espécies madeireiras, o mesmo comportou-se como madeira pesada. "Isso quer dizer que o resíduo obteve um bom desempenho, ou seja, de 838,4 kg/m³, maior do que o Eucalipto grandis, o Eucalipto saligna, a Acácia Mangiun, que foi de 391 kg/m³; 476 kg/m³; 596,1 kg/m³, respectivamente. "Essas três últimas espécies são plantadas para a produção de energia e podem ser substituídas pelos resíduos do ouriço da castanha", afirmou.

Ele também ressaltou que quando se comercializa produto madeireiro para fins energéticos, a característica mais importante é a densidade energética. "O resíduo do fruto da castanha apresentou densidade energética de 3.620.211 kcal/m³, enquanto os outros exemplares apresentaram valores menores: Eucalipto grandis – 1.872.890kcal/m³; Eucalipto saligna - 2.327.164 kcal/m³ e Acácia mangiun – 2.868.433kcal/m³)", ressaltou.

As aplicabilidades do uso do resíduo do ouriço da castanha não param por aí. Ele também é considerado um produto ecologicamente correto. Isto porque é classificado como resultante de plantações naturais ou oriundo de sistemas agroflorestais. Ou seja, não há a necessidade de plantá-la e depois cortá-la, como acontece com outras espécies.

De acordo com Moura, deve-se dar atenção especial ao alcatrão, um subproduto do resíduo, pois ele é um tipo de bio-óleo de madeira utilizado para geração de energia, pela culinária para dar gosto aos produtos defumados. Além disso, o óleo também é utilizado na composição da pavimentação de avenidas e para dar mais durabilidade à madeira. "Ele tem um alto valor no mercado consumidor", enfatizou.

Em relação ao material volátil, a pesquisa concluiu que o carvão resultante dos resíduos apresentou a menor porcentagem, 9,22%, quando comparado com outras espécies: Eucalipto grandis – 19,08% e Acácia mangiun - 21,49%. Isso quer dizer que quanto menor a porcentagem de material volátil, o carvão queimará mais lentamente durante o processo de produção de energia. O que garante um aproveitamento melhor do produto. "Enquanto uma determinada amostra de carvão de uma das espécies queima em uma hora, o carvão resultante do material lenhoso do fruto da castanha levará cerca de duas horas para completar o mesmo ciclo", comentou.

Nas análises do carbono fixo, segundo ele, também foi verificado que o carvão resultante da castanha é superior as de outras espécies. Enquanto a castanha obteve 88% de rendimento, as espécies Eucalipto grandis e Acácia mangiun obtiveram 80,34% e 73,30%, respectivamente. Ele afirma que quanto maior a quantidade de carbono fixo, maior será a quantidade de calor gerado, pois ele é o responsável pela geração de gás. Portanto, o carvão da castanha demora mais para se transformar em cinzas.

O técnico explica que o trabalho demonstra que é possível agregar valor a resíduos que teriam como destino o lixo, uma vez que a matéria-prima não faltará para alimentar a indústria e o comércio, e que somente em 2004 foi produzido no estado do Amazonas cerca de 9 mil toneladas de castanha. Isto geraria aproximadamente 18 mil toneladas de resíduos do fruto. "Com os resíduos, o estado teria um retorno de R$ 1 milhão. Na realidade, falta uma pessoa que queira, realmente, investir, ou seja, comprar as cascas e comercializá-las", finalizou.
Luís Mansuêto - Assessoria de Comunicação do INPA

Técnicos definem localização da usina de biodiesel de Serra Talhada

Biodiesel - 22/01/2007 - Um terreno de três hectares às margens da BR-232 vai abrigar a unidade de produção de biodiesel que será construída pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), no município de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, em Pernambuco. A localização do empreendimento foi definida, na última sexta-feira (19), durante reunião no Cetene, em Recife. Também será construída uma unidade de extração de óleo. “Todo o empreendimento terá o formato de parceria público privada (PPP)”, disse o diretor da instituição, Fernando Jucá.

Participaram do encontro técnicos do Cetene, do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (Ipa), empresários e representantes do município. Eles decidiram que um conselho de administração será criado para nortear o empreendimento. Além dessas entidades, participarão do conselho representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e empresas que integrarem a parceria.

De acordo com o diretor do Cetene, informações preliminares indicam que já existem atualmente na região de Serra Talhada 700 hectares plantados de mamona, uma das oleaginosas utilizadas como matéria-prima para a produção do biodiesel. Os técnicos definiram que, no próximo dia 29, haverá reunião no município para que seja iniciado um estudo de prospecção local da disponibilidade de matéria-prima - mamona e outras oleaginosas como o algodão e o pinhão-manso.

Entidade vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o Cetene deverá investir R$ 800 mil no projeto. Incluindo a unidade de extração de óleo, o projeto como um todo, no entando, poderá custar até R$ 2 milhões. A usina de biodiesel de Serra Talhada deverá produzir 6 mil litros/dia de biodiesel, ou cerca de 1,8 milhão/ano.

Jucá explicou que a decisão do corpo técnico é fazer com que a usina de Serra Talhada tenha caráter de produção, enquanto a usina de biodiesel de Caetés (PE), que já está funcionando, deverá permanecer com característica mais experimental, priorizando a investigação de oleaginosas.
Fabiana Galvão - Assessoria de Imprensa do MCT

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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