12-02-2007
– Manaus - A missionária americana,
morta com seis tiros em Anapu, no oeste do
Pará, defendia o desenvolvimento sustentável
da floresta e o direito à terra dos
trabalhadores rurais.
Dois anos após o
assassinato da missionária norte-americana
Dorothy Stang em Anapu, no oeste do Pará,
os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura,
o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão,
acusados de ordenar o crime, ainda aguardam
julgamento. É uma tradição
no Pará. Segundo levantamento da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), apenas cinco mandantes
dos 358 crimes por conflito de terra ocorridos
até hoje foram condenados. No entanto,
não há nenhum preso.
O Comitê Dorothy,
composto por entidades da sociedade civil,
entregou neste domingo (11 de fevereiro) à
governadora Ana Júlia Carepa e à
secretária de Segurança Pública
Vera Tavares um documento relatando casos
de morte no campo e a situação
de famílias que vivem em áreas
rurais desde o assassinato da missionária.
Além da impunidade,
as áreas protegidas criadas após
o crime na região da Terra do Meio
e no ano passado às margens da BR-163,
ainda aguardam implementação.
Nenhuma dessas áreas teve sua regularização
fundiária, nem foram demarcadas ou
sinalizadas.
“Faltam funcionários,
equipamentos e as unidades de conservação
continuam sendo alvo de desmatamentos e incêndios
criminosos”, diz André Muggiati, do
Greenpeace. “A implementação
dessas áreas e dos PDS (Projetos de
Desenvolvimento Sustentável), pelos
quais lutava irmã Dorothy, é
fundamental para estancar a violência.”
Irmã Dorothy foi
assassinada com seis tiros disparados por
Rayfran das Neves e Clodoaldo Carlos Batista,
já condenados. Também foi condenado
o intermediário do crime, Amair Feijoli
da Cunha, que pagou os pistoleiros.
A rapidez com que ocorreram
os julgamentos de três deu a impressão
de que os crimes agrários no Pará
seriam olhados pela Justiça sob outra
ótica. Mas, passados dois anos, o atraso
no julgamento dos principais mandantes do
crime da morte de Dorothy reforça a
idéia de lentidão e descaso
da Justiça para com os crimes agrários
no estado.
Irmã Dorothy
A missionária norte-americana
naturalizada brasileira Dorothy Stang, 73
anos, foi assassinada no dia 12 de fevereiro
de 2005. Ela vivia há mais de 30 anos
na região da Transamazônica e
dedicou quase a metade de sua vida a defender
os direitos de trabalhadores rurais contra
os interesses de fazendeiros e grileiros da
região, de forma absolutamente pacífica.
Desde 1972, ela trabalhava com as comunidades
rurais de Anapu pelo direito à terra
e por um desenvolvimento sustentável,
sem destruição da floresta.
Juiz torna obrigatória
criação de reserva extrativista
em Prainha, no Pará
15-02-2007 – Manaus - A
região foi alvo em 2006 de diversos
protestos de moradores, contra a exploração
predatória e ilegal de madeira.
O juiz Herculano Nacif,
de Altamira, obrigou o Ibama a concluir em
30 dias o processo para a criação
da reserva extrativista Renascer, em Prainha,
no Pará. O mesmo juiz já havia
proibido, no início de dezembro, a
criação de uma floresta estadual
e uma área de proteção
ambiental no mesmo local, a pedido do Ministério
Público Federal, para não prejudicar
as comunidades que vivem ali.
No ano passado, a região
onde deverá ser criada a resex Renascer
foi alvo de diversos protestos de moradores,
contra a exploração predatória
e ilegal de madeira.
“É uma grande vitória
para os moradores da área e para o
meio ambiente. A agilidade na criação
da reserva deverá acabar com os conflitos
e garantir o direito à terra para as
comunidades, que poderão, então,
usar os recursos naturais de maneira responsável”,
afirmou André Muggiati, do Greenpeace.