01/03/2007 - Aida Feitosa - Começa
nesta quinta-feira (1º) o quarto Ano
Polar Internacional (API). Até março
de 2009, cientistas de todo o mundo estarão
envolvidos em um programa de cooperação
científica internacional para estudo
do Ártico e da Antártica, com
foco nas mudanças climáticas.
O lançamento no Brasil será
nesta quinta-feira, às 14h, no Ministério
da Ciência e Tecnologia, com transmissão
ao vivo, em teleconferência, da Antártica.
O secretário de Biodiversidade e Florestas
do Ministério do Meio Ambiente, João
Paulo Capobianco, participará do evento.
Para comemorar a data será realizada,
no hall de entrada do Ministério do
Meio Ambiente, uma exposição
sobre a região antártica e exibido
o vídeo "Brasil na Antártica".
O envolvimento do Brasil no API será
realizado no âmbito do Programa Antártico
Brasileiro, vinculado ao Ministério
de Ciência e Tecnologia (MCT). Os projetos
brasileiros, em cooperação com
outros países, envolverão: estudos
da atmosfera e sua conexão com a América
do Sul; impacto do clima espacial na atmosfera
polar e influência das correntes oceânicas
provenientes da Antártica na plataforma
da América do Sul, em especial na costa
brasileira.
Também serão estudadas as alterações
na massa de gelo da Península Antártica
e seus conseqüentes impactos nos ecossistemas
terrestres e marinhos; biodiversidade molecular;
e ecologia microbiana. Um dos grandes projetos
do API que conta com a participação
brasileira é o Censo de Vida Marinha
Antártica, que faz parte do maior inventário
de espécies marinhas já realizado.
Segundo a coordenadora do grupo de avaliação
ambiental do Programa Antártico Brasileiro,
Tânia Brito, estudar o que acontece
na Antártica é fundamental para
entender as mudanças em curso no mundo.
"A região é o refrigerador
do planeta. É na Antártica que
são formadas as correntes marítimas
e atmosféricas que vão influenciar
outras regiões". Tânia destaca
ainda que com o estudo do gelo da região,
cuja espessura em algumas áreas é
de quase cinco mil metros pode-se conhecer
as alterações climáticas
nos últimos milênios e compará-las
com as atuais. "O gelo é o melhor
arquivo da história climática
do planeta", explica.
Nos últimos quatro anos, o Ministério
do Meio Ambiente, em parceria com o MCT, induziu
e financiou o projeto Mudanças Ambientais
na Antártica, que investigou os reflexos
das alterações ambientais globais
percebidas na região e seu impacto
no território brasileiro. Esse trabalho
envolveu centenas de pesquisadores do Brasil.
O Ano Polar Internacional (API) terá
participação da comunidade científica
mundial: 50 mil cientistas de 63 países,
envolvidos em 227 projetos, concentrando esforços
para compreender as implicações
das mudanças ambientais percebidas
na Antártica e no Ártico e sua
importância ambiental e econômica
para o planeta.
Organizado pelo Conselho Internacional para
Ciência e pela Organização
Meteorológica Mundial, o lançamento
mundial será em Paris, França.
Estudo sobre meio ambiente antártico
coloca Brasil em posição de
destaque
01/03/2007 - Aida Feitosa - O secretário
de Biodiversidade e Florestas do Ministério
do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco,
destacou, nesta quinta-feira (1), que um dos
seis aspectos do Ano Polar é compreender
o estado atual do meio ambiente das regiões
polares. Ele participou da cerimônia
de lançamento oficial no Brasil do
quarto Ano Polar Internacional (API), no Ministério
das Ciências e Tecnologia. Segundo Capobianco,
o MMA tem desenvolvido um estudo abrangente
sobre o estado do meio ambiente antártico,
"muito elogiado pela comunidade internacional,
colocando o Brasil em destaque, perante outras
nações, na conservação
do meio ambiente antártico".
Esse estudo conseguiu adesão de outros
países e agora se desdobra em um programa
internacional de monitoramento ambiental de
longo prazo, coordenado pelo Brasil. O Ministério
do Meio Ambiente é responsável
pelo segmento ambiental do Programa Antártico
Brasileiro (Proantar). Ele é encarregado
de avaliar os impactos das missões
brasileiras na Antártica e de zelar
pelo cumprimento dos compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil na proteção
do meio ambiente dessa frágil região.
A Antártica é o quinto continente
em extensão do planeta e o único
sem divisões. Seus 13.7 milhões
de km2 correspondem a 3 % da área da
Terra. No inverno, com o congelamento do mar
circundante, a área atinge aproximadamente
22 milhões de km2. O meio ambiente
antártico é especial, frágil
e único. Abriga 70% da água
doce do planeta e recursos minerais e energéticos
incalculáveis. "É a memória
climática do planeta que permite entendermos
e traçarmos cenários para o
futuro do planeta à luz das mudanças
climáticas. Ajuda também a compreender
o sistema Terra e seu funcionamento. É
um termômetro da saúde do planeta
ainda desconhecido", disse Capobianco.
Nos últimos quatro anos, o MMA, em
parceria com o MCT, induziu e financiou também
um estudo sobre as Mudanças Ambientais
na Antártica. Foram 26 grupos de pesquisa
de 20 instituições brasileiras
e 16 estrangeiras, envolvendo 300 pesquisadores.
"Os estudos na Antática são
cruciais para o Brasil porque é na
Antártica que formam-se os sistemas
climáticos que nos atingem de variadas
maneiras no Hemisfério Sul e em particular
no Brasil", disse o secretário-executivo
do MCT, Luís Fernandes. Segundo ele,
para entender as mudanças climáticas
no Brasil e no mundo é imprescindível
que se estude com profundidade a região
polar. "Os estudos vão fundamentar
e subsidiar políticas públicas
adequadas de adaptação às
mudanças climáticas e de monitoramento
e previsão do tempo", afirmou.
As geleiras antárticas contêm
o registro de variações na composição
da atmosfera terrestre que regridem a até
um milhão de anos e mostram o dramático
aumento de gases do efeito estufa na atmosfera,
a partir da era industrial, o que vem causando
as mudanças globais do clima. Essa
questão, bem como a constatação
da destruição da camada de ozônio
e derretimento do gelo, trouxe a Antártica
para o cotidiano mundial.
Foto: MMA