02/03/2007 - Rafael Imolene e Rubens Junior
- Por meio da Operação Ananias,
a Polícia Federal e o Ibama/MMA desarticularam
nesta sexta-feira (2), no Pará, uma
quadrilha que tentava "esquentar"
madeira retirada ilegalmente da floresta amazônica.
A Justiça Federal de Altamira (PA)
expediu 37 mandados de prisão e 44
mandados de busca. Até o início
da noite, 25 pessoas haviam sido presas. Com
a colaboração de servidores
públicos, madeireiros, despachantes
e advogados tentaram aplicar o golpe no período
de transição das antigas guias
de Autorização para Transporte
de Produtos Florestais (ATPF) para o novo
sistema eletrônico de controle, o Documento
de Origem Florestal (DOF).
Servidores do Ibama de Altamira e de Santarém,
que deveriam verificar se a declaração
de estoque era compatível com autorizações
de desmatamento e planos de manejo, negligenciavam
a tarefa. Também recebiam propina para
vazar informações sobre ações
de fiscalizações.
A implantação do DOF possibilitou
à Polícia Federal reduzir o
tempo de investigação em um
terço do período habitual. "Nós
a realizamos a investigação
em tempo recorde, exatamente porque estamos
aperfeiçoando o sistema de gestão
de florestas públicas", disse
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
durante entrevista coletiva concedida no ministério.
"As operações duram em
média de um ano e meio a dois anos.
Mas essa nós conseguimos concluir em
seis meses", reforçou. Além
da ministra, participaram da entrevista o
diretor de Florestas do Ibama, Antonio Hummel,
e o delegado da Polícia Federal Paulo
de Tarso Teixeira.
As investigações que desembocaram
na Operação Ananias foram iniciadas
depois de denúncia feita por um servidor
do Ibama. Começaram em agosto de 2006,
com escutas telefônicas autorizadas
pela Justiça. Em outubro, a PF solicitou
a colaboração de outros técnicos
do Ibama, que descobriram tentativas de fraude
no DOF.
Na execução das prisões
e dos mandados de busca estiveram mobilizados
150 homens, 39 carros, um helicóptero
do Ibama e um avião Caravan, da PF.
O nome da operação foi inspirado
no personagem bíblico Ananias, que
fraudou a venda de uma propriedade.
Combate ao desmatamento
Durante entrevista, a ministra Marina Silva
disse que a estratégia do governo de
enfrentamento da exploração
ilegal da floresta inclui a modernização
do sistema de monitoramento do fluxo e estoque
de madeira e constantes operações
de fiscalização. "É
um processo que iniciamos em 2003 e que, até
o momento, levou à prisão cerca
de 500 pessoas, entre as quais mais de 100
servidores do Ibama", disse Marina Silva.
Ela lembrou que, como resultado do trabalho,
houve redução de 52% do desmatamento
da Amazônia nos últimos dois
anos, a criação de 20 milhões
de hectares de unidades de conservação
e a apreensão de 880 mil metros cúbicos
de madeira ilegal, bem como a emissão
de R$ 2,8 bilhões em multas. Em 2007,
o Ibama realizou quatro grandes operações
de fiscalização: no Pará,
Maranhão, Mato Grosso do Sul e São
Paulo.
Com a Operação Ananias, Ibama
e Polícia Federal realizaram, desde
2003, 18 grandes operações conjuntas.
Nesse período, foram presas cerca de
500 pessoas, incluindo empresários,
advogados, lobistas, servidores do Ibama e
dos estados, além de policiais rodoviários
federais.
Em 18 grandes operações, MMA,
Ibama e PF descobrem 500 envolvidos em quadrilhas
especializadas no crime ambiental
Com trabalho de investigação
e inteligência policial, o Ministério
do Meio Ambiente (MMA), o Ibama e a Polícia
Federal desmontaram, desde 2004, cerca de
20 quadrilhas que comercializavam madeira
retirada ilegalmente da floresta amazônica.
Desde 2004, quando entrou em ação
o Plano de Prevenção e Combate
ao Desmatamento na Amazônia (PPCDAM),
MMA, Ibama e Polícia Federal realizaram
18 grandes operações contra
o crime organizado. Como resultado, 460 pessoas
foram presas - 333 empresários, advogados,
despachantes, contadores e lobistas; 113 servidores
do Ibama, três policiais rodoviários
federais e 17 servidores públicos estaduais.
As prisões foram realizadas em 17 estados,
com maior concentração nos estados
de Rondônia, Mato Grosso, Pará,
Amapá e Rio de Janeiro. Se todos os
mandatos de prisão da Operação
Ananias forem cumpridos, o número de
pessoas detidas em operações
chegará a 490 envolvidos.
Somadas às médias e pequenas
operações, o governo realizou
cerca de 400 operações de fiscalização
integrada. Além de contar com os parceiros
citados, as ações tiveram a
participação das Forças
Armadas, da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), da Polícia Rodoviária
Federal e das Polícias Militares Estaduais.
O resultado geral foi a emissão de
R$ 2,8 bilhões em multas e a apreensão
de 814.000 m³ de madeira em tora, 471
tratores, 171 caminhões e 643 motosserras.
As operações incluíram
buscas e apreensões de documentos e
equipamentos, que formam hoje um grande banco
de dados sobre a criminalidade especializada
na prática de crimes ambientais.
Depuração
A descoberta e punição exemplar
dos servidores públicos envolvidos
em práticas de corrupção
e esquemas criminosos é um dos mais
poderosos resultados do trabalho em parceria
com a Polícia Federal. Os efeitos dessa
ação começam a ser sentidos
com o aumento das denúncias contra
servidores e com o surgimento de servidores
que passaram a tomar a iniciativa de contribuir
com as investigações da PF.
Outro resultado importante, no caso do Ibama,
foi o crescente sucesso das operações
de fiscalização realizadas com
a progressiva redução do vazamento
de informações. Com isso, a
credibilidade da instituição
tem aumentado.
Foto: MMA