Panorama
 
 
 

PESQUISA INDICA QUE AQUECIMENTO GLOBAL PODE PROVOCAR ONDAS GIGANTES EM SANTOS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

Érica Santana - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A elevação do nível do mar ocasionada pelo aquecimento global pode provocar, até o fim deste século, um desastre na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. A cidade poderá ser atingida por ondas gigantes, mostra um dos estudos brasileiros sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade divulgados hoje pelo Ministério do Meio Ambiente.

O estudo desenvolvido em parceria entre a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) e a Universidade de São Paulo (USP) simulou aumento do nível do mar em 1,5 metro na baía e no estuário de Santos e São Vicente, em São Paulo, e revela que, se essa elevação ocorresse de fato, os impactos seriam desastrosos em toda a região.

Segundo uma das autoras do estudo, Emilia Arasaki, caso essas previsões se confirmem, ocorrerá o mesmo que aconteceu em abril de 2005, na Baía de Santos, quando a cidade foi tomada por ondas gigantes. “Foi o evento meteorológico que coincidiu com a elevação da maré acima de 1 metro com ventos, que gerou ondas de 4 metros na baía de Santos", diz ela. "Houve essa invasão com inundação na área dos prédios e a destruição de toda faixa da ponta da praia. Por isso, a gente pode ter uma idéia de como pode ser o cenário se houver essa elevação.”

A intensificação do processo de erosão e redução das faixas de areais das praias, a inundação de mangues e o desaparecimento de moluscos, crustáceos e minhocas marinhas que habitam o litoral seriam as principais conseqüências da invasão do mar, segundo a pesquisadora. Essa situação é apontada por ela como possível de acontecer em 2100.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores construíram uma maquete de 1000 metros quadrados que reproduziu as mesmas condições físicas da região, como a simulação de marés altas e baixas. “Através desse modelo foi possível ver a velocidade das ondas. Ela ( a maquete) tem a capacidade de simular ondas e marés e medir a variação do nível da água”, disse pesquisadora.

De acordo com a pesquisadora, no ensaio sobre a erosão das praias, o resultado apontou que as de menor largura serão as mais atingidas. Entre elas estão a praia das Pitangueiras, no Guarujá, a dos Milionários, na região de São Vicente e a da Ponta da Praia, em Santos.

Já a redução das faixas de areia, que poderá ocorrer caso o nível do mar suba 1,5 metro, afetará a distribuição da fauna que existe nesses locais. “Se não for possível o deslocamento das espécies que habitam essa zona, elas vão desaparecer”, alerta Arasaki.

A pesquisadora recomenda dar continuidade aos estudos que estão sendo produzidos, levando em conta características locais como a influência dos ventos na região. Além disse, ela sugere a implantação de políticas públicas para monitorar a elevação do nível do mar. “É importante considerar a velocidade dessa elevação, a circulação da água, a própria ação dos ventos como a gente já destacou e acompanhar esses processo erosivos."

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Rio de Janeiro cria grupo para lutar contra efeitos do aquecimento global

Luiza Bandeira - Agência Brasil - Rio de Janeiro - Uma pesquisa divulgada hoje (27) pelo Ministério do Meio Ambiente mostrou que o Rio de Janeiro será um das cidades mais afetadas pelo aquecimento global em todo o Brasil. O estudo, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), prevê que, nos próximos cem anos, o nível do mar vai aumentar aproximadamente 40 centímetros, provocando inundações em cidades que ficam à beira-mar.

Para tentar diminuir os problemas do efeito estufa no Rio de Janeiro, a prefeitura do Rio criou hoje (27) a Comissão Superior de Gestão e Monitoramento dos Compromissos Relativos ao Aquecimento Global. Ela vai fiscalizar a realização das ações previstas no Protocolo de Intenções do Rio, lançado no último dia 14 pelo prefeito Cesar Maia.

No protocolo, estão previstas medidas para diminuir o lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera, como o planejamento do sistema de transportes, visando à redução na quantidade de ônibus, e o tratamento dos depósitos de lixo.

Além disso, a prefeitura do Rio se comprometeu a levar projetos de educação ambiental a todas as escolas do município e se dispôs a plantar 1,2 milhão de mudas de árvores por ano.

Os Jogos Pan-americanos, que acontecem em julho próximo, serão usados para conscientizar tanto a população quanto os milhares de turistas que estarão na cidade, para a necessidade de preservação do meio-ambiente.

“Vamos tornar o Pan um evento carbono-neutro. O que ele emitir a mais de gases de efeito estufa, por conta da passagens de aviões e de outros meios de transporte, será compensado com o plantio de árvores”, disse Sérgio Besserman., presidente do Instituto Municipal Pereira Passos, que é dedicado a estudos de urbanismo.

Quanto aos efeitos do aquecimento global sobre a cidade, Sérgio Besserman explicou que fenômenos como ressacas, variação de marés e tempestades vão se tornar mais freqüentes e intensos.

Segundo Besserman, o aumento no nível do mar vai afetar toda a infra-estrutura da cidade. Algumas das principais vias de transporte e os aeroportos do município, assim como as redes de esgoto sanitário e pluvial, serão danificados. A atividade econômica, principalmente o turismo, também será prejudicada, não só pela diminuição da faixa de areia nas praias, mas também pelo aumento do calor e das chuvas.

“Ainda teremos conseqüências no plano da saúde, porque somos uma cidade verde, com muitas áreas florestais, e esse ambiente, com a temperatura mais alta, se tornará hospitaleiros para mosquitos vetores de doenças que há muito tempo não existem no município”, ressaltou Besserman.

Subcomissão aprova convites para ministros debaterem aquecimento global

Iolando Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A subcomissão do Aquecimento Global aprovou hoje requerimentos para que os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Meio Ambiente, Marina Silva, compareçam à subcomissão para prestar esclarecimentos sobre a questão do aquecimento global. Segundo o autor dos requerimentos e presidente da subcomissão, senador Renato Casagrande (PSB-ES), a presença dos ministros é muito importante para o trabalho do colegiado.

Casagrande informou que os dois ministros deverão comparecer ao colegiado já na próxima semana. “A vinda deles depende das agendas de cada um”, disse. Ainda hoje, a subcomissão, que integra a Comissão de Meio Ambiente do Senado, aprovou o roteiro dos trabalhos para este semestre. Casagrande informou que no dia 5 de junho a subcomissão vai realizar um seminário para tratar da matriz energética brasileira.

Além do seminário, a subcomissão vai promover audiências públicas em várias regiões brasileiras para discutir o problema do aquecimento global. A primeira, segundo o seu presidente, deve ser realizada em São Paulo. Outros encontros serão realizados em Belém e em Manaus para tratar da biodiversidade e da proteção da floresta amazônica.

Especialistas discutem efeitos do aquecimento global na agricultura

Agência Brasil - Brasília - Especialistas discutirão os impactos do aquecimento global na agricultura, oferta de água e saúde pública por meio de palestras e mesas redondas. Eles participam hoje (28), a partir das 9 horas, na sede do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília, do seminário "Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos na Agricultura, Recursos Hídricos e Saúde Pública", que terá na abertura a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Guedes Pinto.

O encontro é realizado em parceria com o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMet), a Agência Nacional das Águas (ANA) e a Universidade de São Paulo (USP).

O professor Pedro Leite da Silva Dias, da Universidade de São Paulo (USP), e o técnico do Inpe José Antônio Marengo Orsini apresentarão os principais pontos do relatório do Painel Intergovernamental para Alterações Climáticas (IPCC), divulgado neste mês, sobre as conseqüências do aquecimento global.

O relatório do IPCC, que agrupa a Organização Mundial de Meteorologia e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), constata, entre outras previsões, que até o fim deste século, a temperatura da Terra pode subir de 1,8ºC até 4ºC. O nível dos oceanos vai aumentar de 18 a 59 centímetros até 2100, podendo levar 200 milhões de pessoas a abandonar suas casas.


As chuvas, diz o documento, devem aumentar cerca de 20% e o aquecimento do planeta será mais sentido nos continentes do que no oceano. O hemisfério norte será mais afetado que o sul e, no Brasil, o aquecimento mais intenso ocorrerá no final deste século, no Centro-Oeste e no Norte. Durante o seminário, serão discutidos, entre outros temas, o futuro do regime climático, negociações internacionais e ações para orientação de política pública.

Estudo sugere uso de proteínas para monitorar mudanças climáticas

Érica Santana - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco (à esquerda dela na foto), e pesquisadores divulgam os resultados preliminares de oito estudos sobre mudanças climáticas e os efeitos sobre a biodiversidade brasileira
Brasília - Proteínas encontradas nos seres vivos podem indicar alterações climáticas e antecipar acontecimentos ligados à elevação da temperatura. Essa é uma das conclusões apresentadas em um dos oito projetos preliminares de pesquisa sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade brasileira, divulgados hoje (27) pelo Ministério do Meio Ambiente.

De acordo com a pesquisa da Fundação Universidade do Rio Grande, a temperatura, quando ultrapassa os limites suportados por um organismo, provoca a produção de proteínas ligadas à sobrevivência dos seres vivos, chamadas de "proteínas de choque térmico".

O coordenador do estudo, Adalto Bianchini, diz que essa reação pode indicar se determinada espécie resiste ou não a uma temperatura acima da média máxima da região costeira sul – onde foi feito o estudo –, que é de 27 graus. “Nós não falaríamos em alterações depois de elas acontecerem. Nós daríamos subsídios para tentar prever o que aconteceria com a elevação da temperatura”, explica Bianchini.

Os pesquisadores analisaram a reação de cinco espécies encontradas na zona costeira do sul do país – uma de marisco, uma de caranguejo, a corvina (peixe), o lagarto-de-dunas e o camundongo. O marisco foi o único que não resistiu ao ser submetido a temperaturas entre 30 e 33 graus, para simular um cenário de aquecimento mais moderado e um mais severo.

Bianchini diz que isso não significa que apenas os demais seres são resistentes às mudanças climáticas. Ao contrário, para ele, isso afeta diretamente o ser humano, já que demonstra que os níveis inferiores da cadeia alimentar são os mais sensíveis.

“Então, não devemos nos preocupar porque os mamíferos não terão grandes problemas?", indaga o coordenador. "Devemos, porque a nossa base da cadeia estaria sofrendo. Na verdade, a preocupação é com os níveis inferiores da cadeia, que depois vão repercutir nos demais.”

Ele destaca que, se as mudanças não forem contidas, algumas espécies poderão não se adaptar. “Não vamos dar tempo para os animais e vegetais responderem na mesma velocidade com que as mudanças climáticas estão ocorrendo”. Essa pesquisa e as outras sete divulgadas hoje são preliminares, ou seja, não têm caráter conclusivo.

Agricultura e pesca em ilha gaúcha estão ameaçadas por mudanças climáticas

Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Um dos estudos apresentados hoje (27) pelo Ministério do Meio Ambiente sobre mudanças climáticas faz um alerta sobre os possíveis impactos da elevação do nível do mar na Ilha dos Mangueiros, localizada no estuário da Laguna dos Patos, no Rio Grande do Sul.

Elaborada pelo pesquisador Carlos Tagliani, da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a pesquisa mostra que uma elevação de 50 centímetros no nível do mar provocaria a inundação de 30% das áreas com matas nativas e 86% das chamadas áreas de marismas, ou seja, áreas invadidas por água do mar.

Se a elevação for de um metro, esses percentuais mudam para 67% e 99%, respectivamente, o que inundaria todas as áreas agricultáveis da ilha.

Um outro estudo, também da Furg, feita pelos pesquisadores César Costa, Ulrich Seeliger e Carlos Bemvenutti, aponta para um aumento da temperatura média de várias bacias do Rio Grande do Sul na ordem de 0,5 a 2 graus até a metade deste século.

Neste cenário, a vazão média da Laguna dos Patos, a principal do estado, iria sofrer um aumento que poderia prejudicar pescarias artesanais, condições de navegação e as atividades do Porto de Rio Grande.

Um terceiro levantamento, de autoria dos pesquisadores João Paes Vieira e Alexandre Garcia, ambos também da Furg, pesquisou em um universo de 63 peixes da Laguna dos Patos quais seriam possíveis indicadores biológicos sensíveis aos impactos trazidos pelas mudanças climáticas. Quatro espécies de peixes foram detectadas e poderão servir de parâmetro de reflexão sobre o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera.

Ainda na costa brasileira, um estudo da pesquisadora Cátia Barbosa, da Universidade Federal Fluminense, fez um diagnóstico da saúde ambiental dos recifes costeiros da Costa dos Corais (PE) e de Porto Seguro (BA), dos recifes oceânicos de Fernando de Noronha (PE) e do arquipélago de Abrolhos (BA) frente às mudanças climáticas.

Outra pesquisa, do cientista Emilio Rezende, da Embrapa Pantanal, avaliou a resposta de peixes, ninhos de jacaré, da ave tuiuiú e de outras espécies frente a variações climáticas.

Os resultados mostram que o Pantanal poderá ser muito afetado pelas mudanças climáticas, com descaracterização de seu ecossistema, diminuição de algumas espécies e até mesmo extinção de alguns peixes.

Plano de combate a mudanças climáticas pode ser necessário, prevê ministra

Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - BrasÝlia - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o secretßrio de Biodiversidade e Florestas do MinistÚrio do Meio Ambiente, JoÒo Paulo Capobianco, divulga os resultados preliminares de oito estudos sobre mudanþas climßticas e os efeitos sobre a biodiversidade brasileira
Brasília - O Ministério do Meio Ambiente divulgou hoje (27) um conjunto de estudos sobre o impacto das mudanças climáticas nos ecossistemas brasileiros.

O levantamento revela perspectivas preocupantes de aumento no nível do mar e da temperatura média do país. Depois de apresentar os dados, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu que o governo planeje suas políticas considerando os diferentes cenários, utilizando as informações e a tecnologia atualmente disponíveis.

Ela sugeriu a união de diferentes setores do governo para atuar no problema do aquecimento global, a exemplo do que teria ocorrido em relação ao desmatamento da Amazônia.

"Advogo que se faça algo semelhante ao que fizemos em relação ao desmatamento da Amazônia. Nós fizemos um plano de prevenção e combate ao desmatamento da Amazônia e talvez tenhamos que fazer o mesmo em relação à questão das mudanças climáticas”, afirmou a ministra.

Ao todo, foram divulgadas hoje oito pesquisas sobre mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade brasileira. Realizado pelo cientista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um dos estudos mostra que Amazônia e Pantanal são as regiões mais vulneráveis do país à mudança de clima. O Semi-Árido é a região onde a população estará mais sensível às mudanças climáticas.

Em relação ao nível do mar, o estudo observou uma tendência de aumento do nível do mar da ordem de 40 centímetros por século ou quatro milímetros por ano. As conseqüências desse possível aumento poderão atingir as cidades litorâneas e 25% da população brasileira, ou seja, 42 milhões de pessoas que vivem na zona costeira, sendo que a cidade do Rio de Janeiro é uma das mais vulneráveis, juntamente com a Ilha do Marajó.

Em relação à temperatura, a pesquisa diz que o aumento da temperatura média no ar pode chegar até 4 graus acima da média em 2100, sendo que na Amazônia a temperatura pode subir até 8 graus. O estudo fala ainda da probabilidade de maior redução de chuvas na Amazônia e no Nordeste.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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