6
de Março de 2007 - Érica
Santana - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O Brasil
apóia o pedido de moratória
à pesca de arrasto em grandes
profundidades, principalmente por causa
da fragilidade dos ambientes nos quais
essa atividade é desenvolvida,
segundo o diretor de Desenvolvimento
da Pesca da Secretaria de Aqüicultura
e Pesca (Seap), Luiz Eduardo Carvalho
Bonilha.
Ele lembrou que essa
é uma iniciativa que já
está sendo discutida pelo Brasil
e por outros países no âmbito
internacional da Organização
das Nações Unidas (ONU).
“É um posicionamento que Seap
tem com base nas próprias conferências
nacionais de aqüicultura e pesca,
que tiveram como diretrizes e recomendações
que o arrasto profundo tem um limite
e que se promovam, inclusive em águas
internacionais, métodos de captura
que não afetem a estrutura dos
ecossistemas”, disse Bonilha, em entrevista
à Agência Brasil.
Segundo o diretor,
a discussão sobre a suspensão
da pesca profunda é antiga e
está cada vez mais ganhando espaço
e colaboradores. Ele destaca que a pesca
de arrasto destrói sistemas frágeis
como recifes de corais de profundidade
e campos de esponja: “Eles possuem milhares
de anos de lento desenvolvimento e não
agüentariam impactos de atos de
pesca como a de arrasto, pouco seletiva
e destruidora de ambientes”.
Luiz Eduardo Carvalho
Bonilha informou que a Seap, o Instituto
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama, responsável
pela fiscalização da pesca)
e a Marinha estão atuando juntos
no combate à pesca ilegal. A
partir deste ano, segundo ele, o governo
retomará campanhas e antigos
programas de fiscalização
pesqueira que eram promovidos pela Marinha.
“Nós vamos
resgatar isso, que foi uma experiência
positiva do passado e vamos aplicar,
novamente, dentro de uma forma integrada,
no sentido de trabalhar nos grandes
ciclos pesqueiros do Brasil, nas grandes
safras, com atividades direcionadas
para cada demanda”, disse Bonilha.
O aquecimento global
é outro tema que tem preocupado
biólogos, oceanógrafos
e zoólogos, especialmente por
causa das incertezas em relação
aos impactos que serão causados.
O diretor da Seap disse que ainda não
foram traçadas tendências
climáticas para os oceanos e
bacias hidrográficas. “Mas, com
certeza, as mudanças globais
impactarão também a circulação
global e a precipitação
das grandes bacias hidrográficas.”
De acordo com Bonilha,
é preciso discutir os reflexos
dessas mudanças a longo prazo.
Por essa razão, ele diz que é
um avanço a realização
do 1º Workshop Brasileiro sobre
Modelagem de Ecossistemas Aplicada à
Pesca.
No encontro, o biólogo
pesqueiro Gonzalo Velasco Canziani,
da Universidade Estadual Paulista (Unesp),
apresentou um estudo sobre o potencial
pesqueiro na costa do Rio Grande do
Sul, desenvolvido com o pesquisador
Jorge Pablo Castello, da Fundação
Universidade do Rio Grande (Furg).
Ele explica que a
pesquisa teve por objetivo reunir informações
sobre a área que vai do Cabo
de Santa Marta Grande, localizado ao
o sul de Santa Catarina, até
o limite com o Uruguai, no Chuí
e ordená-las de maneira a gerar
um modelo de informações
integradas sobre as potencialidades
dos recursos pesqueiros. “É uma
das áreas mais ricas em recursos
pesqueiros e uma das mais exploradas
também”, diz.
Segundo o biólogo,
o modelo permite avaliar os impactos
que a extração de um determinado
recurso pesqueiro pode gerar nos demais
setores do ecossistema onde ocorreu
a retirada. Ele diz que a idéia
é também monitorar a exploração
abusiva de determinadas espécies
de peixe. “Além de proteger a
biodiversidade, também estamos
protegendo a população
humana que vive disso. Tudo é
um grande sistema e o homem é
parte dele.”
+ Mais
Pesquisadores e governo
avaliam relação entre
ecossistema marinho e pesca
6 de Março
de 2007 - Érica Santana - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Discutir como o conhecimento dos ecossistemas
marinho e costeiro afeta os recursos
pesqueiros do Brasil e organizar informações
sobre o tema. Esses são dois
dos principais objetivos do 1º
Workshop Brasileiro sobre Modelagem
de Ecossistemas Aplicada à Pesca.
O encontro, que começou
ontem (5) e vai até amanhã
(7) em São Paulo, é realizado
pelo Instituto Oceanográfico
da Universidade de São Paulo
(USP) e conta com a participação
da Secretaria de Aqüicultura e
Pesca (Seap). Ao todo, serão
realizadas 18 palestras.
De acordo com a secretaria,
a modelagem de ecossistema avalia, por
meio de uma abordagem multidisciplinar,
como a intervenção humana
afeta determinados ambientes. Com base
nessas informações, cria
padrões que projetam os efeitos
da influência humana no ecossistema.
“O grande objetivo é propiciar
uma análise melhorando a qualidade
dos dados para poder melhorar a gestão
da pesca”, explicou o diretor de Desenvolvimento
da Pesca da Seap, Luiz Eduardo Carvalho
Bonilha, em entrevista à Agência
Brasil.
Busca-se, segundo
o diretor, traçar tendências
de longo e médio prazos das relações
ecológicas entre os organismos
marinhos e também entre o ambiente
e os recursos pesqueiros, mais especificamente
em relação ao crescimento
e à distribuição.
”Até então, a pesca ignorou
essas variáveis ecossistêmicas”,
diz. Ele diz que na última década
as universidades acumularam uma série
de trabalhos científicos sobre
a pesca.
Para Bonilha, por
meio desses cenários será
possível garantir o uso sustentável
dos recursos e a preservação
dos ecossistemas. “Desse seminário
sairão recomendações
ao Estado para a melhoria dos programas
estatísticos de informação
pesqueira, que é um dever estatal,
além de recomendações
específicas para a gestão
dos recursos pesqueiros”, comenta.
O pesquisador Gonzalo
Velasco-Canziani, da Universidade Estadual
Paulista (Unesp) e um dos organizadores
do evento, diz que é a primeira
vez que se reúne no Brasil um
grupo de especialistas para tratar de
ecossistemas marinhos com foco na pesca.
“A nossa visão é uma visão
mais integrada do sistema da pesca,
que afeta nacionalmente os recursos
capturados pela frota pesqueira. É
um enfoque sobre os outros organismos
no ecossistema, que são alimento
ou se alimentam dessas espécies
que são pescadas”, explica.
De acordo com Velasco-Canziani,
uma das principais contribuições
do encontro será gerar recomendações
para a comunidade acadêmica, no
sentido de melhorar a base de dados,
a quantidade e a qualidade das informações
que são geradas para esse tipo
de pesquisa.