9
de Março de 2007 - Carolina Pimentel
- Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O presidente dos
Estados Unidos, George W. Bush, disse
que planeja aumentar em mais de seis
vezes o consumo de etanol (álcool
combustível) de seu país
até 2017, passando dos atuais
20 bilhões de litros anuais para
132 bilhões.
Ao lado do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva num
terminal da Transpetro, em Guarulhos
(Grande São Paulo), Bush fez
um discurso que enfatizou as vantagens
do etanol, a necessidade de proteger
o meio ambiente e as vias de cooperação
com o Brasil.
Uma das possibilidades
mencionadas foi na área de pesquisa.
Bush elogiou os acadêmicos dos
dois países e afirmou que eles
podem trabalhar conjuntamente no desenvolvimento
de tecnologia de biocombustível.
Contou também que pediu ao Congresso
a aplicação de US$ 1,6
bilhão a mais nos próximos
dez anos em pesquisas na área.
O presidente mencionou
também a relação
com países pobres, citando especificamente
a América Central. “Quero colaborar
com o Lula para fazer com que a América
Central aumente sua independência
do petróleo e se torne auto-suficiente
em energia”.
Bush disse que “os
EUA podem colher benefícios com
outras fontes de energia” e pediu que
a população norte-americana
não tenha medo da mudança.
Para tranqüilizar os conterrâneos,
mencionou um de seus mais tradicionais
bens de consumo. Lembrou que já
existem carros adaptados às fontes
alternativas de energia nos EUA.
O presidente norte-americano,
que até hoje não assinou
o Protocolo de Quioto (que visa reduzir
as emissões de gases poluentes),
afirmou que é necessário
ser “bom gestor do meio ambiente”. E
mencionou também a questão
da segurança para justificar
o interesse pelo etanol: “Quando se
é dependente de petróleo
estrangeiro, temos em mãos um
problema de segurança nacional”.
Acordo entre Brasil
e EUA tem importância estratégica,
avaliam usineiros
9 de Março
de 2007 - Marli Moreira - Repórter
da Agência Brasil - São
Paulo - O presidente da União
da Agroindústria Canavieira de
São Paulo, Eduardo Carvalho,
comemorou hoje (9) o memorando de cooperação
técnica na área de biocombustíveis
assinado pelos presidentes do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva, e
dos Estados Unidos (EUA), George W.
Bush.
“Na medida em que
a gente consiga concreta as regras de
cooperação fixadas entre
os dois presidentes, vamos ter um avanço
fantástico”, disse Carvalho.
“O acordo tem uma importância
estratégica para nós.”
O representante dos
usineiros acompanhou o encontro entre
Lula e Bush em Guarulhos (SP). Segundo
ele, a expectativa do setor é
ampliar em praticamente o dobro a atual
produção de álcool
combustível, passando de 17,5
bilhões de litros para 34 bilhões
de litros anuais, em um prazo de seis
anos. A União Canavieira também
prevê aumento na produção
de açúcar, subproduto
da cana.
Eduardo Carvalho destacou,
por outro lado, possibilidade de em
pouco tempo os Estados Unidos terem
uma produção competitiva
de etanol. Diante dessa perspectiva,
os usineiros esperam que o govenro brasileiro
continue investindo fortemente no setor.
Segundo o presidente
da União Canavieira, o setor
deseja que a produção
avance pelo mundo fora, pois isso criaria
condições de garantir
o abastecimento no mercado mundial de
forma sustentada. “Nosso inimigo é
a gasolina. Ela é que queremos
substituir.”
O acordo entre Brasil
e EUA também agradou o setor
automobilístico. De acordo com
o presidente da Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb,
a meta das montadoras instaladas no
Brasil é a de quintuplicar, nos
próximos seis anos, a frota dos
veículos bicombustível.
“Temos hoje 2,6 milhões
de unidades flex-fuel e em 2013, serão
15 milhões ou 50% da frota nacional”,
calcula Golfbarb. "Sem dúvida
nós precisamos ter muito foco
na questão de pesquisa e de tecnologia
para o setor de biocombustível.”
Presidente convoca
indústria a fazer motor flex
também para biodiesel
9 de Março
de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O etanol tornou-se um combustível
“seguro e confiável” com o desenvolvimento
dos motores flex e o mesmo deve ser
feito em relação às
novas opções de geração
de energia que o Brasil está
desenvolvendo. Foi o que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse
hoje (9) na Transpetro, em Guarulhos
(SP), ao lado do colega norte-americano
George W. Bush.
“Estou convocando
a indústria brasileira a fazer
o mesmo com o biodiesel. Nossos construtores
de ônibus e caminhões se
preparem, porque precisamos avançar
na questão do biodiesel”, afirmou
o presidente, que fez também
uma previsão: até 2010,
5% do biodiesel será extraído
de plantas nativas, como dendê,
mamona, girassol, algodão e soja.
Em relação
à parceria com os Estados Unidos
na produção de etanol,
Lula mencionou a possibilidade de que
traga vantagens também para países
mais pobres, especialmente nas Américas
do Sul e Central, no Caribe e na África,
por democratizar o acesso à energia.
“Estaremos permitindo, pela primeira
vez, utilizar os combustíveis
como fonte de distribuição
de renda e geração de
emprego sem precedentes”.
Bush discursou em
seguida e manifestou disposição
de ajudar Lula para que “a América
Central aumente sua independência
do petróleo e se torne auto-suficiente
em energia”. Leia mais ao lado.
Lula fala em aliança
com EUA para convencer mundo a mudar
de matriz energética
9 de Março
de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Durante seu discurso na Transpetro,
em Guarulhos (SP), o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva levantou
a possibilidade de incentivar os países
em geral a trocar suas principais fontes
de produção de energia
– hoje muito dependente de combustíveis
não-renováveis, como petróleo,
gás natural e derivados. Dirigindo-se
ao presidente dos Estados Unidos, George
W. Bush, sugeriu uma atuação
conjunta com esse fim.
“A sua visita ao Brasil
pode significar definitivamente uma
aliança estratégica que
permita um convencimento do mundo mudar
sua matriz energética”, disse.
O presidente citou
a criação do Fórum
Internacional de Biocombustíveis,
lançado na última sexta-feira
(2) por Brasil, África do Sul,
China, Estados Unidos, Índia
e União Européia na Organização
das Nações Unidas (ONU).
“Somente assim teremos a escala de produção
necessária para potencializar
os benefícios do etanol e o biodiesel”,
comentou.
Segundo o Ministério
das Relações Exteriores
brasileiro, o objetivo do fórum
é aumentar a eficiência
na produção, na distribuição
e no consumo dos biocombustíveis
em escala mundial. Durante um ano, os
integrantes do fórum vão
discutir medidas para ampliar a produção
nessa área. Além disso,
vão trabalhar em conjunto para
que os combustíveis feitos a
partir de vegetais, como cana-de-açúcar,
milho, soja ou mamona, sejam cada vez
mais utilizados em todo o planeta.
O fórum também
ajudará a organizar a Conferência
Internacional de Biocombustíveis,
que deverá ocorrer no Brasil
em 2008.
Lula destacou a necessidade
de combater mundialmente a poluição:
“Nós, que poluímos tanto
o planeta no século 20, temos
que agora dar a nossa contribuição
para despoluí-lo no século
21. Somos responsáveis e queremos
que nossos filhos e nossos netos possam
viver num mundo menos poluído
do que vivemos hoje”.
O presidente acrescentou
que tem defendido “quase de uma forma
doentia” a adoção das
fontes renováveis de energia.
Para criador do Proálcool,
parceria com EUA prejudica o Brasil
9 de Março
de 2007 - Marcos Agostinho - Da Agência
Brasil - Brasília - O engenheiro
José Bautista Vidal, um dos criadores
do programa público que desenvolveu
o uso do álcool combustível
no Brasil, nos anos 70, o Proálcool,
acredita que as negociações
do país com os Estados Unidos
em torno do produto podem ter conseqüências
"péssimas" para os
brasileiros
Vidal avalia que o
interesse de países como Alemanha,
Japão, China, Rússia e
Índia deveria ser aproveitado
pelo Brasil para "comandar"
o mercado internacional de etanol, pois
o país tem as melhores condições
em todo o mundo para a produção
do combustível. “Em vez de o
Brasil tomar a iniciativa e criar instrumentos,
empresas, criar a Companhia Brasileira
de Bioenergia, os norte-americanos aproveitam
e estão criando uma estrutura
de poder a partir do álcool brasileiro”,
disse ele em entrevista à TV
NBR.
O engenheiro explica
que a possível parceria será
muito prejudicial ao Brasil, pois, apesar
de sermos "donos do território",
os meios de produção e
de distribuição vão
acabar ficando em mãos dos Estados
Unidos. Segundo Vidal, já existem
três grandes empresas com sede
nesse país que fazem a exportação
do combustível produzido aqui.
Vidal diz ainda que,
em termos de intercâmbio tecnológico,
o Brasil "não tem nada a
ganhar, porque a produção
brasileira , feita a partir da cana-de-açúcar,
tem resultados muito superiores aos
da norte-americana, a partir do milho.
A técnica de hidrólise
ácida que eles utilizam é
muito cara, e nós já a
dominamos há 20 anos, então
eu não sei qual será essa
contribuição. O que eles
estão fazendo é montarem
empresas para dominar o mercado brasileiro
e se tornarem os grandes exportadores
mundiais”, diz.
Ele ressalta que o
Brasil reúne totais condições
para suprir a demanda mundial de álcool,
pois tem clima, água, fronteiras
agrícolas que dão condições
para a produção do combustível.
“O que falta são instrumentos
de ação, organização,
montar uma rede de distribuição
mundial, precisamos da ‘Petrobras’ dos
combustíveis renováveis”,
explica.
Para tornar-se esse
grande exportador mundial, o professor
ressalta que a participação
do governo é fundamental, pois
é necessário organizar
os pequenos produtores e dar a eles
condições de competir
com grandes empresas internacionais.
"A energia renovável brasileira
é a única solução
para o colapso do petróleo, e
o mundo está em guerra por causa
disso", lembra ele.
O professor conta
que, na época da criação
do Proálcool, já existia
a avaliação de que chegaria
o atual período de escassez progressiva
do petróleo e ascensão
dos biocombustíveis. "Eu
estava nos Estados Unidos, conversei
com os líderes das companhias
de petróleo, e eles já
anunciavam 30 anos atrás que
o petróleo ia faltar. Qual é
a única solução
possível no mundo? É a
solução do continente
tropical. Quem é o continente
tropical? O Brasil."