13-03-2007
– Berlim - Evidência científica
mostra que a variedade geneticamente modificada
MON863 oferece risco a humanos e animais.
Mesmo assim, foi aprovada para comercialização
e consumo na União Européia.
Ratos de laboratório,
alimentados com milho transgênico produzido
pela Monsanto, mostraram sinais de intoxicação
nos rins e no fígado, de acordo com
um novo estudo lançado esta semana
pela publicação norte-americana
Archives of Environmental Contamination and
Toxicology (Arquivos de Contaminação
Ambiental e Toxicologia). É a primeira
vez que um produto geneticamente modificado,
liberado para o consumo humano e de animais,
apresenta sinais de ter provocado efeitos
tóxicos em órgãos internos
de seres vivos.
O estudo analisou os resultados
de testes de segurança enviados pela
Monsanto para a Comissão Européia
quando a empresa buscava autorização
para comercializar a variedade MON863 de milho
transgênico na União Européia,
em 2005. Os dados dos testes mostram que o
milho MON863 traz significativos riscos à
saúde. Mesmo assim, a Comissão
Européia licenciou a comercialização
do produto para consumo humano e de animais.
“Esse é o golpe final
na credibilidade do sistema de autorização
para produtos transgênicos. Se o sistema
desenhado para proteger a saúde das
pessoas e dos animais autoriza um produto
de alto risco, mesmo com todas as evidências
sobre seus perigos, precisamos suspender imediatamente
esse procedimento de aprovação
e rever todos os demais produtos autorizados”,
afirmou Christoph Then, representante da campanha
de engenharia genética do Greenpeace
Internacional.
A evidência sobre
os efeitos nas cobaias foi obtida pelo Greenpeace
após uma batalha judicial e foi passada
a uma equipe de especialistas para ser analisada.
A equipe foi liderada pelo professor Gilles
Eric Séralini, especialista em tecnologia
de engenharia genética da Universidade
de Caen, na França.
“As análises da Monsanto
não resistem a escrutínios rigorosos.
Para começar, os protocolos estatísticos
deles são altamente questionáveis.
Pior, a empresa fracassou em fazer análises
suficientes das diferenças no peso
animal. Dados cruciais dos testes de urina,
indicando intoxicação do rim,
ficaram escondidos em publicações
internas da empresa”, disse o professor Séralini
numa coletiva de imprensa conjunta com o Greenpeace,
realizada hoje em Berlim.
Os dados em questão
vêm sendo objeto de grande debate desde
2003, quando foram identificadas mudanças
significativas no sangue de animais alimentados
com o milho MON863. Esse milho foi aprovado
pela Comissão Européia apesar
da oposição da maioria dos países-membros
da União Européia, que levantaram
preocupações sobre a segurança
do produto.
A análise do professor
Séralini confirma cientificamente essas
preocupações. "Com os dados
existentes, não se pode concluir que
o milho MON863 é um produto seguro”,
diz ele. Apesar disso, o milho geneticamente
modificado da Monsanto foi autorizado para
venda e consumo na Austrália, Canadá,
China, Japão, México, Filipinas
e Estados Unidos, além da União
Européia.
“O mais preocupante é
que, assim como esta, outras evidências
importantes sobre os impactos das variedades
transgênicas também podem estar
sendo negligenciadas pelas empresas e pelos
órgãos responsáveis por
avaliar a segurança dessas variedades”,
disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha
de engenharia genética do Greenpeace
Brasil.
No momento em que a CTNBio
(Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança) está justamente
discutindo a liberação de outras
variedades de milho transgênico, o estudo
da publicação norte-americana
coloca em dúvida todo o sistema de
aprovação comercial de novos
transgênicos. Isso porque, atualmente,
a CTNBio não exige uma lista mínima
de documentos que as empresas de biotecnologia
sejam obrigadas a apresentar para pedir a
liberação de novos transgênicos;
também não há a necessidade
de confrontar os estudos feitos pelas empresas
com análises externas e independentes.
“Com isso, as empresas podem
apresentar apenas o que lhes for conveniente,
sem ter que prestar contas sobre os impactos
dos seus produtos para a população
e o meio ambiente”, alertou Gabriela.
Juiz suspende vendas de
alfafa transgênica da Monsanto nos EUA
13-03-2007 - Califórnia,
EUA - Foi a primeira vez que a Justiça
americana derruba uma aprovação
dada pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos. Agricultores estão
proibidos, a partir de 30 de março,
de plantar e vender sementes da variedade.
Decisão de um juiz
federal da Califórnia tomada na segunda-feira
determinou a suspensão da venda de
uma variedade transgênica de alfafa
produzida pela Monsanto, bem como o plantio
de suas sementes, a partir de 30 de março.
A informação é da agência
Reuters.
Fazendeiros, ambientalistas
e ativistas pela defesa do consumidor entraram
com o pedido na corte alegando que a alfafa
geneticamente modificada pode ser destrutiva
tanto para a economia como para o meio ambiente.
Segundo o juiz que suspendeu
o plantio e comércio das sementes,
o departamento de agricultura dos EUA (USDA,
na sigla em inglês) violou leis nacionais
ambientais ao aprovar uma alfafa geneticamente
modificada sem os devidos estudos de impacto
ambiental.
A alfafa da Monsanto, aprovada
pela USDA em 2005, foi geneticamente modificada
para receber o herbicida RoundUp da própria
empresa. Teme-se que essa característica
possa gerar sementes resistentes a herbicidas,
causar prejuízos àss exportações
do produto e contaminar variedades orgânicas
e naturais de alfafa, que é um dos
maiores cultivos dos Estados Unidos, juntamente
com o milho, soja e trigo.
A ação na
Justiça foi proposta pelo Centro por
Alimentos Seguros, representando uma série
de outros grupos ambientais e de agricultores.
Voluntários distribuem
guia dos transgênicos em feira orgânica
15-03-2007 - São
Paulo - Atividade será realizada sábado
no Parque da Água Branca, em São
Paulo, em comemoração ao Dia
do Consumidor.
Voluntários do Greenpeace
distribuirão sábado no Parque
da Água Branca, em São Paulo,
o Guia do Consumidor – Lista de Produtos Com
e Sem Transgênicos, em comemoração
ao Dia do Consumidor.
O grupo de voluntários
de São Paulo ficará das 8 horas
ao meio-dia em frente à feira de produtos
orgânicos do parque, distribuindo o
guia e conversando com as pessoas ali presentes
sobre a importância de se conhecer detalhes
sobre o que se consome.
O Guia do Consumidor do
Greenpeace, que também pode ser baixado
pela internet (http://www.greenpeace.org.br/consumidores/guiaconsumidor.php),
traz uma extensa lista de empresas e seus
produtos, classificados em duas colunas. Na
coluna verde estão indicadas as empresas
e seus produtos que passaram por rigoroso
controle de matéria-prima para impedir
a contaminação transgênica.
Na coluna vermelha estão as demais,
que não tomam cuidado e não
têm nenhum controle ou preocupação
com a origem da matéria-prima que está
comprando para elaborar seus produtos – além,
é claro, daquelas que comprovadamente
usam transgênicos.