28-03-2007
- São Paulo - ONGs e empresas discutem
instrumentos para monitorar e evitar novos
desmatamentos para plantio de soja no bioma
Organizações
ambientalistas e empresas do setor sojeiro
se reúnem em São Paulo para
discutir a adoção de instrumentos
que auxiliem a barrar o desmatamento causado
pelo plantio de soja no bioma Amazônia.
Mapas e visitas de campo devem ser as principais
ferramentas para monitorar a origem da soja
adquirida pelas empresas do setor, garantindo
que ela não foi plantada em novas áreas
desmatadas no bioma.
Decretada em julho do ano
passado, a moratória no desmatamento
da Amazônia para plantação
de soja é um compromisso da Associação
Brasileira da Indústria de Óleos
Vegetais (Abiove) e da Associação
Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
As associadas da Abiove
e da Anec assumiram o compromisso depois de
intensa pressão dos consumidores insatisfeitos
com a derrubada de floresta para plantação
de grãos. Entre as associadas estão
as maiores traders do mercado, Cargill, Bunge,
ADM, e o grupo brasileiro Amaggi.
De acordo com o Grupo de
Trabalho da Soja (GTS), criado depois do anúncio
da moratória, o objetivo do compromisso
firmado pelo setor sojeiro foi “demonstrar
uma posição de responsabilidade
da cadeia produtiva e unificar a governança
das empresas associadas que atuam no Bioma
Amazônia”. Clique aqui para ler o resumo
da última reunião do Grupo de
Trabalho da Soja.
A Amazônia não
é apenas a região de maior biodiversidade
no planeta, mas também desempenha papel
fundamental no equilíbrio climático
e na vida de milhares de pessoas que vivem
na região. Por causa dos níveis
alarmantes de destruição florestal
provocada pelo plantio de grãos como
a soja, uma área de florestas do tamanho
de cinco campos de futebol tem sido destruída
a cada minuto nos últimos dez anos.
Para barrar o ritmo alarmante
de destruição da maior floresta
tropical do planeta, o Greenpeace defende
a presença permanente do Estado na
Amazônia, através do fortalecimento
dos órgãos de governo que atuam
ali, como Ibama, Incra e Polícia Federal,
além da criação e implementação
efetiva das áreas protegidas.
A reunião deverá
aprovar um cronograma de trabalho detalhado
para 2007 e abordar a adequação
dos fornecedores de soja ao código
florestal, entre outros temas.
Histórico
A campanha liderada pelo
Greenpeace em 2006 incluiu ações
diretas no Brasil e na Europa e a publicação
do relatório “Comendo a Amazônia”,
que detalha os impactos negativos da expansão
da soja na floresta. Após a publicação
do relatório, redes de supermercados
e fast-foods, como o McDonald’s, formaram
uma aliança histórica com a
organização ambientalista para
exigir que a indústria da soja adote
medidas para conter o desmatamento da Amazônia
e trazer governança para a região.
Como resultado da pressão
desta aliança, as multinacionais de
commodities Cargill, ADM, Bunge e o grupo
brasileiro Amaggi sentaram à mesa de
negociações. Responsáveis
pela maior parte do comércio de soja
no Brasil, as traders discutiram critérios
propostos pela aliança para fortalecer
os esforços do governo brasileiro contra
o desmatamento, além do cumprimento
às leis brasileiras e proteção
das áreas de florestas sobre grande
pressão, terras indígenas e
povos tradicionais.
Como resposta, as duas associações
de grãos no Brasil – Abiove (Associação
Brasileira da Indústria de Óleos
Vegetais) e Anec (Associação
Nacional dos Exportadores de Cereais) assinaram
um comunicado anunciando uma moratória
de dois anos em novos desmatamentos para a
soja.
Nos últimos anos,
mais de um milhão de hectares de florestas
foram convertidos em campos de soja na Amazônia.
Áreas desmatadas ilegalmente são
alvos de violentos conflitos entre fazendeiros
e comunidades locais. A floresta vem sendo
destruída para dar lugar a campos de
soja, que é então exportada
para a Europa para alimentar animais e atender
a demanda internacional por proteína
e carne barata.